Durante os quatro dias de folia (ou cinco, dependendo de onde você estiver), as pessoas esquecem do futuro ("O que será o amanhã..."), lembram do passado ("Este ano não vai ser igual aquele que passou...") e aproveitam o presente ("E vai rolar a festa, vai rolar...").
Hoje vi um filme bem interessante falando do tempo: através de uma ficção científica que misturou “De volta para o futuro” e “X-Men”, Push ((br: Heróis / pt: Push - Os Poderosos) é uma produção de 2009 que vale a pena procurar na locadora e ver umas três vezes para entender alguns detalhes.
Enfim, este assunto sempre rende textos enormes, quase todos com o mesmo conteúdo, líderes de audiência em autoajuda, mas o objetivo mesmo aqui era falar do sapo.
Sim, aquele sapo de outro dia!
Lá pelas três da manhã, depois de ver o show do Capital Inicial no Planeta Atlântida, luzes apagadas, começando o estágio REM, lá vem o tal barulho na sacola da loja de departamentos. Já prevenido, descartei a possibilidade de algum evento paranormal, acendi a luz e vi a sacola em movimento franco. Fui até lá, máquina na mão, localizei o esperto bichinho de estimação, pedi que ficasse quieto para uma boa foto e ele, além de não dar a menor bola para meu pedido, começou a falar sem parar, discutiu a relação (afinal ele é de estimação ou não é?), invocou direito a casinha que nem o cachorro do vizinho, reclamou da pouca quantidade de aranhas e soltou um palavrão quando foi conduzido até a porta dos fundos por onde ele saiu
Para terminar essa historia toda, deixo aqui um poema que deu título ao post de hoje e que consegue unir minhas duas ideias. Depois vocês podem ver as fotos.
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Boa noite! Eu sou o Narrador.
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Boa noite! Eu sou o Narrador.
Adorei a história do "sapo de estimação" e o poema do Saramago! Como se diz na Marinha: BRAVO ZULU pra você!
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