" Era uma vez... naquele lugar, tão tão distante...
Um pastor e suas ovelhas..."
- Você nunca me ensinou a jogar xadrez! - disse Ana, lendo uma dessas histórias antigas do velho livro de lembranças.
- Eu jogava com o Dragão. Um dia eu ensino pra você.
- Foi um inverno bem frio, né?
- Mas ganhamos pão caseiro, bolo e pinhão. A diferença é que não andávamos de bicicleta.
Peão branco em e4
Peão preto em e5
" - Sua vez – disse o dragão.
- Hum... você me deixou sem movimento... empate: Rei coagido! – retrucou o Mago.
- No empate todos perdem... vou cuidar da Rosa Azul.
- Obrigado pela companhia."
Ana leu o texto algumas vezes, mas não conseguiu relacionar a nada que ela soubesse.
- Algumas coisas ficaram mesmo sem explicação. - ele concluiu.
"A peça movida, não causou reação...
Pausa no tabuleiro...
E de quem é o movimento agora?
Aguarda-se em silêncio...
Dama branca em h5
Cavalo preto em c6
Silêncio e calma...
Paixão e verdade...
Que as sombras não roubem a batida dos corações,
Aquelas... que fazem tanto bem...
Bispo branco em c4
O barulho do relógio...
Ainda somente dez badaladas...
Será que palavras foram escondidas?
Ou finalmente serão ditas um dia?
Cavalo preto em f6
Dama derruba o peão do bispo em f7
E o rei, definitivamente encurralado,
Pede clemência e saúda a rainha adversária
Quando, numa jogada que nunca aconteceu,
O pássaro de mil anos finalmente aplacou sua dor...
E talvez a dor que é sentida agora,
Transforme o sonho e o desejo
No calor que não se apaga
Dentro do coração que se partiu..."
- Gostou da história, Beatriz?
- Só você me chama assim.
Boa Noite! Eu sou o Narrador.
N.N: O texto original foi publicado, com o mesmo nome, em 2009, no “Contos de Fada?”
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