Vocês lembram do Leo e da Mônica, aquele casal que, no ano passado, participaram do “Conto do Dias dos Pais”? Na época eram jovens formandos, ela em Letras e ele em Turismo, e que, oito meses depois, em abril, tiveram Yasmin.
A gravidez gerou bons frutos: além da filha (claro), Mônica fez as pazes com o pai que ofereceu o gerenciamento de sua pousada para Leo. O estabelecimento ficava numa dessas ilhas (que na verdade são bairros) com uma infraestrutura básica, onde as pessoas andam a pé, de bicicleta ou charrete de aluguel e veículos automotivos são exclusivos dos serviços públicos (salvo os barcos, evidentemente). O casal também ganhou uma casa, próxima ao trabalho, que era modesta, mas tinha um jardim com várias flores e uma cerca viva de jasmins. Aliás foi esta a origem do nome da menina.
Bom... não pense o leitor que morar em ilha paradisíaca não traz alguns problemas. No dia do parto caiu uma tempestade, as comunicações com o continente foram interrompidas, assim como qualquer tipo de transporte (talvez um submarino resolvesse...). Mônica começou a sentir as contrações perto da hora do almoço, mas “segurou a onda” (já que não tinha outro jeito) até que, lá pela meia noite...
- Leo, acorde! A bolsa rompeu.
- Fique tranquila, Mônica! A tempestade já parou, pegaremos a barca das quatro horas e dará tempo de chegarmos ao hospital. A médica falou que primeiro filho demora.
- Demora o caralho porra nenhuma nada! Já estou com uma dor filha da puta enorme há horas e agora acho que nasce!!
Nessa descrição, vou pular os detalhes mórbidos da confusão, como o banho de lama que Leo tomou ao tentar livrar a ambulância de um atoleiro, a cara de espanto da acadêmica bolsista, que estava de plantão no único posto de atendimento médico da ilha, ao chegar na casa e ver que Alcione (a cozinheira da pousada que também era parteira nas horas vagas) tinha resolvido a situação (“dona Mônica fala muito palavrão, né seu Leo”) e o “piti” homérico da mãe da Mônica, quando soube do ocorrido (naturalmente criticando o ex-marido, mas isso foi devidamente relevado, já que era costumeiro). Tudo isso, hoje, é motivo de incontáveis histórias que foram registradas num diário, para quando Yasmin estiver mais velha.
Após o almoço de domingo, onde estavam os pais de Leo, trazidos por seu sogro, e os padrinhos, Eduardo e Bia, Mônica saiu um pouco para amamentar e Bia foi atrás. Já que, para Leo, era o seu primeiro almoço de dia dos pais (como o próprio), Yasmin usava uma camiseta com os dizeres “Meu Pai, Meu Herói” (isso não precisa muita explicação).
- Como Leo está se saindo, Mônica?
- Melhor que a encomenda! - ela riu.
- Espero que Eduardo seja assim também, bem diferente do que aquele texto do “pai participativo”.
- Quer saber, Bia? Que se fodam danem esses pseudointelectualóides que escrevem essas coisas. Pai é pai, mãe é mãe, são pra sempre, cada um faz a sua parte e os filhos que entendam isso. O amor será incondicional independente do que eles possam pensar. Eu aprendi isso e espero que todos os filhos por ai aprendam também!
E a noite caiu lá naquela ilha, onde tudo é tranquilidade...
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.
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