Naquele dia ela acordou preocupada: apesar da sua crença não permitir, ela teve a nítida impressão que o mundo estava com as horas contadas.
Faltava uma hora para o início oficial do verão e o termômetro de mercúrio daquela casinha de enfeite, onde a moça saia no dia de sol e o homem saia no dia de chuva, já marcava insuportáveis 25º C, ao lado do fogão a lenha.
Esquentou o café e tentou ouvir alguma coisa diferente, mas nem o sertanejo cornual habitual tocava em qualquer lugar: tudo era um silêncio só. Concluiu que ninguém iria sair de casa e todos ficariam rezando mesmo.
Na sala, o sujeito com quem passou a morar (depois das inúmeras bobagens que ela fez), vestia a calça do pijama azul de listras brancas e uma camiseta regata velha; nem os dentes escovara e muito menos fizera a barba.
- Quer saber? Foda-se Azar: vou pra rua tentar resolver o que eu já deveria ter resolvido há muito tempo. - pensou.
Claro que tudo era coincidência. Era só um dia comum, mas ela acreditou na tal conversa mole e aí resolveu que a despedida seria aproveitando, ao máximo, os últimos momentos da vida.
Como não encontrou com ele, aquele sujeito que desdenhara no passado, nem ligou e partiu pra frente. Novamente incorporou Natasha, arrumou um baile funk pra dançar, beijou na boca um outro que ela nem se dava, gastou uma grana em cerveja e acordou no dia seguinte naquele mesmo hotel de beira de estrada da vez passada.
Quando chegou em casa, a fofoca já tinha se espalhado. O tal sujeito não se fez de rogado e contou as estripulias, da noite anterior, para todos os amigos.
Entrou de mansinho e viu a mesma cena: seu companheiro na sala, mesma roupa, a barba estava maior, escovar os dentes nem pensar. Ele deu bom dia e a mandou preparar o café.
Cá entre nós, se isso não é o fim do mundo, realmente nada mais o é!
Homenagem a Carmem Miranda. Boa noite! Eu sou o Narrador.
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