Era uma vez a Menina Triste
Que vagava pelos campos
À procura do destino,
Quem sabe no céu ou na terra.
Menina Triste dizia não ter coração
Ou tinha, mas era congelado,
Incapaz de ser feliz,
Pois não aprendera o amor.
Ledo engano (ela era doce e protetora),
Mas se dizer assim garantiria alguma coisa desconhecida,
Talvez sobrevivência, naquele mundo hostil,
Onde crescera na dor.
E como toda história de “era uma vez”,
Teve lá aquele dia que surgiu a alegria,
Que veio na forma de um grande amor
Daqueles bem inesperados, mas sinceros e intensos.
Menina Triste sorriu!
Sentiu seu coração bater rápido e forte,
Debulhou seu sentimento em palavras
E, numa madrugada, exatamente às 2:40h, entregou sua alma à paixão.
Só que, aí, lembrou que ela era triste!
Dessa forma, não deu espaço para ser feliz
E trinta e nove dias depois ela sentiu medo
Daquele sentimento tão desconhecido.
Se fosse um “conto de fadas”
Surgiria uma fada ou outro elemental
Para ajeitar um “final feliz”,
Mas o que veio foi somente a dor e a destruição.
Lamento pela Menina Triste, agora entregue ao lítio...
No seu aniversário ela adormeceu no campo,
Enquanto procurava seu destino
Quem sabe no céu ou na terra...
E lá naquele lugar que nunca aconteceu, três amigos conversavam:
- Ana, não fique com essa cara que a culpa não foi sua.
- Pelo menos você conseguiu tirar o sujeito do desvio temporal.
Terminaram de desmontar a cena: alguns mantimentos foram recolhidos (inclusive os “Toddynhos”), papéis foram guardados numa caixinha, os quadros do presente foram enviados e, depois, quase toda a lembrança foi apagada. O término do ano bissexto se encarregou do restante e a velha casa amarela foi novamente coberta de era.
Quieta, Ana saiu para o jardim. Olhou para o céu, viu as estrelas e a lua em minguante... Desejou “parabéns”, cantou e bateu palmas... quem sabe um dia ela reencontre a Menina Triste... quem sabe a história possa ser reescrita... quem sabe...
Boa Noite! Eu sou o Narrador.
N.N.: A ilustração do texto ficou a cargo da Luisa Gabrieli Krindges a quem agradeço mais uma vez pelo fantástico trabalho.