Li em algum lugar que os condenados esperarão 74 anos para ver novamente uma lua cheia como a de hoje... que bom que eles estarão lá!
Preso no desvio temporal, ele seguiu em silêncio no retorno inesperado para casa. No caminho havia muita chuva, mas consertara as luzes do carro e sentia-se seguro. Comprara um lanche e algumas cervejas para mais tarde. A cena ele já desmanchara de véspera, mas ainda havia muita lembrança à sua volta. Tomou banho, descansou, comeu o lanche que comprara e seguiu sem falar mais nada.
A dor que ele sente é velha conhecida, talvez a única que o leve às lágrimas, e o consome na incerteza da perda tão certamente esperada, mas completamente indesejada.
Ele permaneceu em silêncio, mas a visão da lua cheia acendeu seus olhos castanhos, refletindo no verde da tristeza as lágrimas escondidas e o desejo de um dia voltar a sorrir.
Finalmente, sob os raios do luar, escreveu um bilhete, daqueles que ninguém manda e que vira mensagem esquecida numa gaveta:
“O poder que me ensinaste
Poderá não ser suficiente
Para o tempo passar depressa
Preciso de você!
Venha logo!
Irei te buscar se preciso for,
Mas não me deixe só...
Can you understand?”
Lá naquele sonho, entre imagens e pensamentos, sombras e sentimentos, em seu coração somente um se faz presente e se chama saudade.
- Beatriz, hora de dormir!
- Só você me chama assim!
E um serelepe, após um afago e um sorriso, correu pela noite sob os os fios de prata da lua cheia, levando a mensagem a seu destino...
Boa Noite! Eu sou o Narrador.
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