Bem vindo ao “Coisas do Narrador”, spin-off do blog “Contos de Fada?”. Se você chegou aqui certamente gosta de entrelinhas, imagens criptografadas e “easter eggs” (existe tudo isso espalhado por aqui); caso contrário, deguste as sandices que escrevo e as leia com o coração.
“Em algum momento tudo passa, deixa lembranças, doces momentos, brilhos, cores, alegrias, tristezas, erros e acertos.”
O plano de Adrielle era simples: a distração da lua cheia seria mais do que o suficiente para tirá-la do desvio temporal (onde toda sua comunicação seria cortada); feito isso, bastaria empurrar o sujeito para o jardim, arrumar um dia de sol e colocá-lo de novo na sua rotina alternativa por conta do ano bissexto: ele ficaria bem humorado, sem vontade de “picar a mula” para outros cantos, toda a dor que sentia iria embora, e a ideia inicial se restabeleceria sem imprevistos.
Ao cair no jardim, entretanto, o sujeito viu Adrielle, que prendera o pé numa raiz.
- Ei, menina, quem é você?
- Minha irmã fez isso tudo pra você.
- Onde fica “isso tudo”? Cadê aquela outra que não sabia fazer café e gostava de brócolis?
- “Obliviate”!
Quando ele acordou fazia muito frio, mesmo com o dia claro que se abria lá fora. A dor fora amenizada e uma ampulheta fora virada.
- Ana, venha comigo. Já é tempo. Ele ficará bem.
- Ela pediu que eu ficasse... assim farei... e ele não está bem certo de que devo ir também.
As irmãs se abraçaram e Adrielle sumiu numa nuvem cor de rosa. Com ela foram os últimos brigadeiros (estavam deliciosos). Ana olhou a ampulheta e lembrou de um dito antigo:
“O tempo, enquanto dorme, é um gigante; quando acorda é poderoso e sopra a maldade pra dentro do estábulo, derrubando a arrogância dos que se julgam reis. Senhor da razão: terra de ampulheta que desliza lentamente pelo cristal que brilha à luz do sol. Quebre-se o vidro, espalhe-se o pó com aquele vento que dissolve o cansaço.. e que o tempo passe rápido e depois pare... para que eles sejam finalmente felizes.”
Boa Noite! Eu sou o Narrador.
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