quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dever de Casa

- Ah! Nãooooooo! 

Sexta-feira, última aula do dia, a professora resolve pedir um artigo de opinião, onde os alunos deveriam falar do lugar onde moram e ainda comentar algo relevante que tivesse acontecido. 

Numa rápida avaliação, poderíamos pensar que isso seria moleza para aqueles que moram no Rio de Janeiro, em São Paulo, ou qualquer outra cidade grande do Brasil e do exterior; só que estamos falando de uma cidade do interior, dessas de menos que dez mil habitantes, onde o comércio fecha na hora do almoço e pouca coisa acontece. 

Um piá resolveu apelar: pegou um monte de discos de vinil velhos (N.N.: Isso é pleonasmo!) de seu avô, colocou na vitrola e foi procurar um trechos de música que, posteriormente, encontraria e copiaria na Internet para colocar no artigo. Como era coisa caduca, ninguém suspeitaria do plágio. 

Na falta de quem conversar, aproveitou o interesse "zero" de seu cachorro (o Manteiga) e foi trocar uma ideia com ele, para não parecer que falava sozinho: 

- Veja, Manteiga, o que você acha? Moro... onde não mora ninguém! Hum... Agepê ninguém merece... Casinha branca de varanda! Ainda não deu... que pen(inh)a! Ah! Posso juntar com o trecho daquele mineiro e colocar: “Moro onde não mora ninguém, numa casinha branca de varanda que de longe parece arruinada, mas de perto ela é juncada de baunilha e manacá.” 

Observando à distância, sentados numa nuvem, Melinda e o Guri comentavam a respeito: 

- Esse aí não leva o menor jeito para a coisa. 
- O Narrador bem que gostaria que eu desse uma ajuda... 
- Manda ver, Guri! 

Um pombo que passava perto foi o portador da mensagem. Entrou pela janela do piá e soltou o bombardeio típico que ajudou a colar, no seu cabelo, um pequeno bilhete que dizia: 

Escreva e desenvolva o texto assim: 
“Moro num lugar pacato. As pessoas são simples e boas. Vejo a mudança das estações, onde nasce sol e a lua, as cores das flores, o canto dos pássaros, o ciclo dos insetos. Tomo chá, como pinhão assado no fogão a lenha que ajuda a aquecer a casa no inverno e, um dia, vou viver numa nuvem, observando o limite impreciso entre o azul do mar e o do céu. Se isso é relevante eu não sei, mas fica a ideia para quem quiser ouvir.” 


 Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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