domingo, 30 de junho de 2013

Nasce uma Estrela

Alguns detalhes do nosso nascimento ficam perdidos no tempo. Nem sempre nossos pais contam como escolheram nosso nome, se choveu no dia, qual o tamanho da confusão que nossa chegada criou e essas coisas que só eles mesmos sabem. 

De qualquer maneira, é um momento bem mágico que carregamos conosco na infância, quando nos transformamos em personagens de contos de fadas durante um bom período (é só ver os temas dos aniversários infantis). 

Às vezes esse encanto permanece por mais tempo e, nisso, podemos imaginar o encontro de uma fada com um menino que não queria crescer. Nessa época, o Mago teve que enfrentar a bruxa, para que isso acontecesse, mas valeu bem a pena. 

Deixando pra lá os detalhes, o tal menino cresceu e a fada também. Sem esquecer essa mágica, um dia resolveram unir seus antigos desejos e, dessa união, veio o primeiro fruto: uma estrela nascida na véspera do dia de São João, no perigeu coincidente com a lua cheia. 

Isso vai render muito assunto para daqui a alguns anos e não poderia ficar sem uma lembrança tão mágica quanto. Aí, como presente, escolhi um sapatinho guardado, por muitos anos, para uma situação tão especial quanto essa. Confeccionado pela minha mãe, só descobri outro dia que ainda existe mais um, guardado com meu pai, para outra ocasião especial que ainda não aconteceu. Acho que ela ficaria muito contente com minha escolha. 

Na falta de coruja disponível, enviei por SEDEX mesmo, mas já estava tudo pronto há tempos e vou deixar uma foto do “making off” como lembrança também. Quem sabe, um dia eu conto pra menina essa história direito. 

  
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

sábado, 29 de junho de 2013

Doc Hollywood

Enquanto aguardava amanhecer, já que resolveu chover – e muito – agora de manhã, deixando tudo muito escuro (é... realmente hoje está foda difícil), fui inventando algumas coisas para fazer (secar a roupa, não centrifugada na máquina porque a placa de força pifou e a autorizada já ameaçou com dez dias de espera, foi uma dessas funções e não vale perguntar como eu fiz isso), estudei violão, vi um pouco de televisão e lembrei do filme que assisti ontem, um belo clássico: “De volta para o futuro 3”. 

Gosto do ator – Michael J. Fox – que hoje sofre da Doença de Parkinson, e assisti vários filmes dele, no passar dos anos. Um desses filmes foi “Doc Hollywood” (Dr. Hollywood, Uma Receita de Amor - 1991), onde ele representava um médico recém-formado (bom... apesar dessa designação, o “recém-formado” de lá significa que ele já possuía alguma especialização, no caso ele era cirurgião plástico) que foi trabalhar, acidentalmente, numa cidade interiorana dos EUA.

Esse filme mostrou algumas situações que ele passou e o jeito de resolver. Em primeiro lugar, não havia bagunça: tinha que assinar o “ponto” e havia fiscalização. Apesar de ser médico novo e já especializado, não era assim inexperiente, já que sua formação foi boa e ele resolvia as dificuldades, inerentes à profissão, além de, com o tempo, entender como a coisa funcionava, socialmente, naquela cidade, onde tudo era diferente do que ele conhecia. 

Isso lembra de alguma coisa aqui no país tropical? 

Bom, acredito que apesar das dificuldades técnicas locais, ele não teria problemas para remover um paciente mais grave (isso até aconteceu no filme) para outra cidade ou estado, como acontece por aqui (se você pensa que morando no interior do Rio de Janeiro vai conseguir atendimento público em São Paulo, via transferência hospitalar, mesmo que exista vaga, sugiro mudar seus conceitos, porque a coisa não é bem assim); muito menos se precisasse de uma ultrassonografia de urgência, no ambulatório, seria logo atendido pela rede pública e o paciente não receberia a informação de que “só daqui a um mês”. 

Trabalhar em qualquer lugar com apoio referenciado é legal, não é mesmo? 

Fora isso, ele teve que se adaptar às gírias locais (por aqui é a mesma coisa e eu até já falei: tente comprar uma lata de salsicha num supermercado de Santa Catarina para ver como a coisa será difícil de encontrar), serviu de leitor para uma família analfabeta (lá tem disso também) e cuidou de um leitão como se fosse um cachorrinho (por isso eu preferi o quati de pelúcia). 

Trabalhar no interior, nessas condições, pode ser muito legal, mas mesmo assim é necessário experiência e boa formação profissional, porque apesar de uma rede de apoio pública excelente o profissional terá que superar dificuldades, mesmo que por curto período, e aí entra tudo que ele aprendeu durante seus estudos. 

O que vemos, no entanto, é que muitos profissionais, de experiência discutível, acabam no interior antes de serem capacitados para tal, já que é moleza trabalhar no hospital do “Dr. House” ou do “Grey's Anatomy”, mas sem recursos técnicos e rede de apoio, talvez seja só para doido mesmo. 

Será que o "Doc Hollywood" trabalharia tão bem lá nos confins da Amazônia ou nas periferias das nossas grande cidades? Acho que a resposta todo mundo conhece... 

  
Bom Dia! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 25 de junho de 2013

O fogão é a solução!

Já acostumado à sensação de deserto do Atacama, à noite e principalmente no inverno, verificar 80% de umidade relativa do ar no barômetro não chegou a ser uma surpresa. Em raras ocasiões há a coincidência de frio e chuva que, durante alguns dias, modifica um pouco a rotina. 

A primeira preocupação é não escorregar nos pisos que ficam molhados como se estivessem “suando”; esse efeito é observado nas paredes também. Considerando que você não escorregou, pode ficar preocupado também com o tempo que vai levar para a roupa secar no varal. Outro cuidado importante, é fazer uma caixa com uma lâmpada incandescente para poder secar o papel de impressora (principalmente se você usa impressão a laser). 

Resumindo: o inverno chegou com tudo que tem direito e está um puta frio de lascar. 

Sem querer criar um “manual de sobrevivência”, o velho e bom fogão a lenha pode resolver alguns problemas (pode criar outros também), principalmente a secagem das roupas. Aproveitando que você esquentou a água para o café (que acompanha muito bem o pinhão assado), coloque um pequeno varal acima do fogão e lá pendure o que deseja secar. Pronto! Problema resolvido! Claro que um eventual odor enfumaçado pode impregnar nas roupas, mas isso é irrelevante, pois é bem melhor do que o cheiro de mofo que pode surgir nelas, nessas condições climáticas. 

Para ilustrar, fica a foto. Vamos tomar um café? 

  
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sábado, 15 de junho de 2013

Panis et Circenses

Imagine seu animal de estimação falando: sua primeira impressão, depois do susto, é que você é parente do Dr. Dolittle; caso seu animalzinho seja de pelúcia, você terá certeza que aquele vinho do outro dia causou efeitos retardados (ou que você pirou de vez). 

Se o quati falasse, ele pediria para assistir a televisão, as notícias, para ficar bem antenado com as coisas que acontecem no mundo, afinal, ele morou muito tempo naquela loja de presentes lá no Parque do Iguaçu, onde os assuntos eram outros. 

Só que ele ficaria bem assustado com a pancadaria que apareceu, nessa semana, nos noticiários e pediria várias explicações, tentando entender o que se passava. Na dúvida, a melhor opção, seria mandar ele ler as tirinhas do Porco Espírito e, assim, talvez ficasse mais simples, já que porco também é animal e eles se entendem. 

Bom... isso tudo, claro, é só imaginação... mas que porra é essa o que está acontecendo? O quati de pelúcia assistindo o jogo? 

- Aí, Narrador! Agora “to” ligado. O pão vem na bolsa e o circo eu entendi agora! 
- …..... 

♪ “Mas as pessoas na sala de jantar, são ocupadas em nascer e morrer”♫ 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Fotografia

”Aquele passeio até o museu era a última coisa que eu pretendia fazer nas férias, só que fazia parte de um trabalho de final de curso e aí não pude deixar para outro dia. Preferia muito mais meu trabalho na confeitaria, onde eu era atendente e também aprendiz de confeiteiro, porque adorava bolos, tortas e pães. Claro que nunca foi meu objetivo seguir nessa profissão, mas era bem divertido. Pedi uns dias de folga e fui. Nunca poderia imaginar que minha vida mudaria nesse dia. 

Na confeitaria, eu fazia um pouco de tudo e tinha um homem que eu era apaixonada. Muito mais velho que eu, sempre aparecia por lá para comprar um lanche. Era simpático, bonito, parecia muito inteligente e me encantei por aquela figura. Só que eu era bem tímida e poucas vezes puxei assunto, no que ele respondia com educação. 

Naquele ano, era véspera do Dia dos Namorados, quando eu descobri que ele era separado e nem namorada tinha, porque outra atendente, tentando me ajudar, jogou uma indireta e ele respondeu. Eu estava meio escondida na cozinha da confeitaria, mas ele me viu, deu um “xauzinho” e foi só. A vontade de falar com ele foi enorme... por mim eu iria atrás para conversar... mas não rolou. 

No tal museu, eu fotografava as peças em exposição, para o trabalho, quando parei numa antiga vitrola que ficava junto com uns rádios e fiquei admirando, quando ouvi sua voz me cumprimentando. Pelo cúmulo da coincidência, o “freguês” da “minha” confeitaria estava por lá também. Foi a primeira vez que conversamos e ele contou algumas histórias sobre aqueles objetos. Pronto! Foi o que bastou! Combinamos um lanche para depois e começar a namorar foi só uma questão de tempo. Foi uma barra porque seus bisavós não queriam e tal, mas acabou que deu certo.” 

- E é por isso que você guarda essa foto, vovó?
- Sim! Foi vendo essas coisas que a gente conversou e, posso dizer, que foi ai que tudo começou. 
- Sente muita saudade dele?
- Eu sabia que ele partiria muito antes de mim, mas valeu a pena todos os momentos vividos durante os cinquenta (74) anos que vivemos juntos.

 ♪ “E quando o dia não passar de um retrato, colorindo de saudade o meu quarto, só aí vou ter certeza de fato que eu fui feliz. O que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia..." ♫ Leoni  



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Quati do Narrador

”Jet lag” é um termo utilizado quando falamos dos efeitos do (con)fuso horário nas nossas viagens. É a tal da ressaca, depois de um passeio de vários dias, por lugares diferentes e longe de casa; mesmo que o horário seja o mesmo (apesar de que o celular insistiu várias vezes que o fuso era outro), é tudo novidade, e retomar a rotina fica complicado, inclusive escrever algum texto. 

De todo modo, como viajar de ônibus de excursão te dá bastante tempo para chacoalhar a cabeça, as ideias pulam de todos os lados e, depois de muito escolher, fiquei com o tema de hoje, já que toda hora aparece alguém sugerindo que eu adote um cão, crie um gato, monte um aquário, pois as aranhas e os outros bichos domésticos ficaram para trás e acabou a distração. 

O que ninguém resolve é como levar os bichos nas viagens (as aranhas vão, bem escondidas nas malas e dentro dos sapatos, assim como os escorpiões) ou arrumar alguém que cuide deles, na sua ausência. Só de pensar nisso já dá uma preguiça danada e, por aqui, preguiça é o mesmo que ter um quati nas costas. 

O quati é um bicho bem interessante que eu nunca dei muita bola: ele entra, junto com a gralha azul, a cutia e o serelepe, na cadeia de preservação das araucárias, mesmo que, hoje em dia, ele prefira algumas lixeiras. Vive livremente no Parque do Iguaçu, é o bicho símbolo do local (cujas fotografias ficam melhores na parte da manhã, devido à posição do sol) e você pode levar um para sua casa (de pelúcia, é claro). 

Aí veio uma ideia, ainda embrionária, de transformar o bichinho num companheiro de viagens e criar algumas histórias, mas isso será coisa para contar noutro dia. Por enquanto fica aqui uma foto para ilustrar. 

Ah! Aproveitando, em Foz do Iguaçú existe um “City Tour” muito legal (para quem não pretende enfrentar as compras no Paraguai), onde você visita a Mesquita Árabe, o Templo Budista e o Marco das Três Fronteiras, mas as fotos ficam melhores no período da tarde.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.