sábado, 29 de junho de 2013

Doc Hollywood

Enquanto aguardava amanhecer, já que resolveu chover – e muito – agora de manhã, deixando tudo muito escuro (é... realmente hoje está foda difícil), fui inventando algumas coisas para fazer (secar a roupa, não centrifugada na máquina porque a placa de força pifou e a autorizada já ameaçou com dez dias de espera, foi uma dessas funções e não vale perguntar como eu fiz isso), estudei violão, vi um pouco de televisão e lembrei do filme que assisti ontem, um belo clássico: “De volta para o futuro 3”. 

Gosto do ator – Michael J. Fox – que hoje sofre da Doença de Parkinson, e assisti vários filmes dele, no passar dos anos. Um desses filmes foi “Doc Hollywood” (Dr. Hollywood, Uma Receita de Amor - 1991), onde ele representava um médico recém-formado (bom... apesar dessa designação, o “recém-formado” de lá significa que ele já possuía alguma especialização, no caso ele era cirurgião plástico) que foi trabalhar, acidentalmente, numa cidade interiorana dos EUA.

Esse filme mostrou algumas situações que ele passou e o jeito de resolver. Em primeiro lugar, não havia bagunça: tinha que assinar o “ponto” e havia fiscalização. Apesar de ser médico novo e já especializado, não era assim inexperiente, já que sua formação foi boa e ele resolvia as dificuldades, inerentes à profissão, além de, com o tempo, entender como a coisa funcionava, socialmente, naquela cidade, onde tudo era diferente do que ele conhecia. 

Isso lembra de alguma coisa aqui no país tropical? 

Bom, acredito que apesar das dificuldades técnicas locais, ele não teria problemas para remover um paciente mais grave (isso até aconteceu no filme) para outra cidade ou estado, como acontece por aqui (se você pensa que morando no interior do Rio de Janeiro vai conseguir atendimento público em São Paulo, via transferência hospitalar, mesmo que exista vaga, sugiro mudar seus conceitos, porque a coisa não é bem assim); muito menos se precisasse de uma ultrassonografia de urgência, no ambulatório, seria logo atendido pela rede pública e o paciente não receberia a informação de que “só daqui a um mês”. 

Trabalhar em qualquer lugar com apoio referenciado é legal, não é mesmo? 

Fora isso, ele teve que se adaptar às gírias locais (por aqui é a mesma coisa e eu até já falei: tente comprar uma lata de salsicha num supermercado de Santa Catarina para ver como a coisa será difícil de encontrar), serviu de leitor para uma família analfabeta (lá tem disso também) e cuidou de um leitão como se fosse um cachorrinho (por isso eu preferi o quati de pelúcia). 

Trabalhar no interior, nessas condições, pode ser muito legal, mas mesmo assim é necessário experiência e boa formação profissional, porque apesar de uma rede de apoio pública excelente o profissional terá que superar dificuldades, mesmo que por curto período, e aí entra tudo que ele aprendeu durante seus estudos. 

O que vemos, no entanto, é que muitos profissionais, de experiência discutível, acabam no interior antes de serem capacitados para tal, já que é moleza trabalhar no hospital do “Dr. House” ou do “Grey's Anatomy”, mas sem recursos técnicos e rede de apoio, talvez seja só para doido mesmo. 

Será que o "Doc Hollywood" trabalharia tão bem lá nos confins da Amazônia ou nas periferias das nossas grande cidades? Acho que a resposta todo mundo conhece... 

  
Bom Dia! Eu sou o Narrador.

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