quinta-feira, 23 de junho de 2016

Zero

“Os perdedores, assim como os autodidatas, sempre têm conhecimentos mais vastos que os vencedores, e quem quiser vencer deverá saber uma única coisa e não perder tempo sabendo todas, o prazer da erudição é reservado a perdedores. Quanto mais coisas uma pessoa sabe, menos coisas deram certo para ela.” (Umberto Eco – Número Zero – Editora Record, 2015 – Tradução de Ivone Benedetti). 

Zero é um número interessante, pois, mesmo na contagem regressiva, ele é que inicia alguma coisa: a decolagem do foguete, o prato do Masterchef (a Ana Paula Padrão não fala o nome do número, mas todos entendemos), o caminho da reprovação escolar (quando havia isso, tirar zero já era o início do desastre) e diversos outros exemplos que podemos imaginar. 

Até o capeta responsável pelo meu inferno astral resolveu dispensar o estagiário bonzinho, que pegou leve comigo, e resolveu foder com tudo exatamente no último dia antes do aniversário: na contagem regressiva, ele escolheu o zero. 

“Número Zero” também é um livro, definido na sua própria orelha como “um perfeito manual do mau jornalismo que o leitor percorre sem saber se foi inventado ou simplesmente gravado ao vivo. Uma história que se passa em 1992, na qual se prefiguram tantos mistérios e tantas loucuras dos vinte anos seguintes. Uma aventura amarga e grotesca que se desenrola na Europa do fim da Segunda Guerra até os dias de hoje.” Comprei esse livro por impulso e pouco depois da morte do autor; conhecia somente “O Nome da Rosa” e mesmo assim pelo cinema, por conta da interpretação do Sean Connery. Apesar do currículo do escritor, o livro entrou para o hall daqueles que eu não indicaria: tecnicamente é muito bem pensado e escrito, mas os italianos e a turma de humanas devem entender bem melhor sobre os dados históricos citados. Quanto ao mau jornalismo, a narrativa é perfeita: mostra toda a manipulação de notícias que vemos presente nas redes sociais, mídias oficiais e alternativas. Terminei de ler hoje, em Viracopos, fruto da traquinagem sofrida que baixou um nevoeiro, causando um atraso de todos os voos e o cancelamento SOMENTE do meu; com a baldeação, o atraso total da viagem foi de sete horas e, na prática, custou mais um dia. Ainda bem que o Godzilla não apareceu.


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 19 de junho de 2016

Aniversário

Gosto muito do meu aniversário e tenho até um marcador com os textos a respeito do assunto. Este ano falta pouco menos de uma semana para o término do inferno astral: não posso dizer que estou livre dele, mas as coisas foram muito amenas e se piorarem só durarão pouco tempo. Teve frio e chuva, uma coisinha ou outra que incomodasse, mas nem se compara a outras épocas. Acho que o período hipóxico abriu as portas para as energias inca/extraterrestres que defenderam desse tempo, onde coisas estranhas costumam acontecer. O que não deu muito certo foi a ideia de reunir aqueles amigos espalhados pelo mundo num almoço, mas irão outros tão queridos quanto, a comemoração oficial será lá pros lados do Velho Pai e, conforme for, falo disso quando acontecer. 

A decoração de onde eu moro é muito simples: a sala eu dividi ao meio com um compensado de madeira próprio para estações de trabalho e, numa parte, tenho dois sofás que eu mandei reformar, tenho um armário para louças que foi presente da minha mãe, rack para televisão e só; na outra parte eu deixo o computador e uma pequena estante. Nesse mini escritório, também ficava a bandeja mágica, onde eu colocava minhas miniaturas, e a árvore decorada que também uso para os enfeites natalinos. 

“- Ficava a bandeja mágica? Como assim, Narrador?” 

Com o passar dos anos, a quantidade de miniaturas aumentou muito e o espaço para elas na bandeja ficou restrito. Há algum tempo eu comecei a pensar numa solução para essa superlotação e fiz a opção por uma cristaleira, mas o difícil era encontrar um modelo que eu gostasse. 

Algumas opções legais apareceram na Internet, mas eu caí na velha dificuldade da escolha que já contei quando fui comprar o colchão; até que, um belo dia, a loja aqui do lado colocou uma cristaleira de madeira rústica como parte da decoração da vitrine que eu ficava olhando todo dia, mas também não resolvia entrar na loja e perguntar a respeito dela (ao invés de procurar as referências, eu procrastinava mesmo). 

Essa semana, misteriosamente, passei na porta de outra loja que era justamente a que vendia a cristaleira e ainda tinha três modelos diferentes para escolher (outra dificuldade, mas essa eu superei mais fácil). Negócio feito, ainda vi uma mesinha de cabeceira que caiu como uma luva na decoração, pois coloquei a árvore nela. 

Passei uma tarde arrumando as prateleiras com as lembranças e coloquei outras coisas que estavam guardadas também. Em relação à bandeja, ainda vou resolver o que fazer com ela. Como disse o guia lá em Machu Picchu: “nada acontece por acaso” e se surgiu a cristaleira, também surgirá o destino da bandeja. Com tantos elementos novos na decoração, fiz algumas fotos e montei um vídeo que dá nome ao texto de hoje. Aproveito essa explicação para colocar outra: meus textos possuem links que devem aparecer em azul (ou outra cor) para os leitores: o objetivo é esclarecer alguns conceitos e ligar os assuntos para quem chegou recentemente ao blog. As fotos que aparecem podem ser ampliadas clicando nelas. Aproveitem!

   


Bom Dia! Eu sou o Narrador.

domingo, 12 de junho de 2016

Será que isso é uma história de amor?

Quando eu li esse texto pela primeira vez, uma série de pensamentos apareceram e um deles foi essa música do Kid Abelha, interpretada pela Paula Toller. 

Uma pausa: outro dia vi uma apresentação dela no Nivea Viva Rock Brasil e cheguei a conclusão que ela é do mesmo time da Avril Lavigne e não envelhece nunca (deve haver uma fonte de DNA alienígena metida nisso). 

Voltando: aproveitando o gancho do DNA, o texto é da minha sobrinha. Ela tem um blog que se chama “Antes da Loucura” e resolvi recomendar aqui aproveitando o texto que se chama “Eu sei como é”. Leitura para ler com o coração... mas será que isso é uma história de amor? 

♬♮Se a gente não tivesse feito tanta coisa, 
Se não tivesse dito tanta coisa, 
Se não tivesse inventado tanto 
Podia ter vivido um amor Grand' Hotel.

"Eu te entendo, e não é porque eu sou como você. Entendo nossas diferenças, mas consigo te entender perfeitamente. Sei como é se sentir isolada, como se as pessoas que você conhece, por mais que gostem de você não consigam estar ao seu lado. Entendo quando você tem vontade de gritar só porque escutou alguém te chamar de gostosa. Sei que você não aguenta mais fingir que você não é assim, que não se importa. Tenho certeza que você sente tanto quanto eu, mas sabe que algumas pessoas não são capazes de entender o sentimento que você tem. Se eu sou "durona", tenho certeza que sou, mas não sei se me orgulho disso, porque talvez, talvez se eu fosse sensível o suficiente eu te contaria, mesmo que com sussurros, tudo aquilo que guardo apenas para mim. Eu te diria, que eu sinto muito se você ainda não encontrou a sua metade, que por mais que eu goste de você, eu não sou a metade que te falta, que embora eu possa sentir falta de alguém eu também sinto culpa, insegurança e ressentimento, que eu não consigo perdoar todas as coisas que eu gostaria."

♫Se não dissesse tudo tão depressa, 
Se a gente não fizesse tudo tão depressa, 
Se não tivesse exagerado a dose, 
Podia ter vivido um grande amor. ♩♬♮

"Eu te contaria que quando eu fico muito triste eu choro, não porque eu sinta uma vontade de chorar, mas porque eu acho que se eu não chorar vai parecer que eu sou tão louca quanto eu imagino que eu seja. Eu te diria que eu quis você, não porque eu achasse que você era o homem da minha vida, mas porque você me deu a atenção que eu jamais tive e me fez sentir tão viva quanto eu jamais consegui. Eu diria aqueles que precisam escutar que fazer a mesma coisa gera o mesmo resultado e que embora eu te suporte, isso não quer dizer que eu concordo com você. Eu falaria que a minha resposta é sempre "Eu estou bem", mas no fundo a verdade é que não consigo dividir o que eu sinto com você, porque você é tão importante parar mim, que te contar como realmente eu sinto dói tanto que eu prefiro mentir para você."

♫♭Um dia um caminhão atropelou a paixão 
Sem teus carinhos e tua atenção 
O nosso amor se transformou em "Bom Dia"... ♩♯

"Eu te diria que não falo com você, não é porque eu não goste de você, mas é porque eu te amo tanto, que a dor de ter que te ignorar me dói tanto, que eu prefiro evitar a sua presença do que admitir que talvez seja você quem não fala comigo. A minha vontade era apagar tudo e resolver todos os problemas de todas as pessoas do mundo e ter toda a coragem que eu sempre quis só para que eu pudesse dizer que amo todas as pessoas que amo e que eu pudesse falar para todas aquelas que eu quero muito bem, que eu quero muito bem. Não ache que te amar me faz querer ficar com você, eu não quero, quero que você fique exatamente onde está, longe, por favor e nada de me abraçar ou perguntar se eu estou bem. POR FAVOR!!!!"

♫♪Qual o segredo da felicidade? 
Será preciso ficar só pra se viver? 
Qual o sentido da realidade? 
Será preciso ficar só pra se viver? ♫♯

"A minha maior tristeza é não ser capaz de ser feliz sem deixar as pessoas que eu amo felizes primeiro e porque é tão difícil me livrar da parte que me deixa louca e que não me permite juntar as peças do meu quebra-cabeças de vontades e emoções. O meu maior problema é não ser capaz de traduzir o que a minha loucura tem a dizer para o mundo."

♫♯Se a gente não dissesse tudo tão depressa, 
Se não fizesse tudo tão depressa, 
Se não tivesse exagerado a dose, 
Podia ter vivido um grande amor. ♫♭

"A minha loucura está presa em mim e o maior problema dela é estar ligada a este ser, cheio de incertezas, pensamentos, dúvidas, convicções e vontades, é ser parte de alguém que não entende muito bem esta parte que sente um monte de coisas que explicar não é possível. A única resposta para tudo isso é alguma frase feita ridícula da um livro de autoajuda, que eu não lerei nem que a vaca tussa, outra frase ridícula e batida, mas que é muito mais legal e ainda tem a palavra vaca (tão simples e tão cheia de significado)."

♫♯Só pra se viver.

   

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N.: A foto é do Grande Hotel de Petrópolis.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Vida em Preto e Branco

”A partir das cinzas das Ruínas as comunidades foram erguidas. Protegidas pelos limites, todas as lembranças do passado foram apagadas. Após a ruína, nós recomeçamos criando uma nova sociedade: uma com verdadeira igualdade. As regras foram os elementos básicos dessa igualdade. Nós aprendemos, quando crianças, regras como: usar precisão de linguagem; usar suas roupas designadas; tomar seu remédio pela manhã; obedecer o toque de recolher; nunca mentir."  

Conheci o termo “distopia” há pouco tempo, lendo uma observação de uma amiga. Quando fui procurar o significado, eu descobri que já falo do assunto há um bom tempo, mas não “liguei o nome à pessoa”. Segundo o site “Significados”, distopia “é um pensamento filosófico que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. Normalmente tem como base a realidade da sociedade atual idealizada em condições extremas no futuro. Alguns traços característicos da sociedade distópica são: poder político totalitário, mantido por uma minoria; privação extrema e desespero de um povo que tende a se tornar corruptível.” 

Hum... muito interessante! Nessa linha, eu citei algumas obras como "Divergente", "A Escolhida" e até "Idiocracia", mas existem vários títulos a respeito dessas situações inclusive um clássico, que está na minha lista para procurar futuramente, que se chama "1984" (mas foi escrito uns 40 anos antes). Há alguns dias tive a chance de ver o filme “O Doador de Memórias” e a imagem aérea da cidade futurística lembrou outro lugar que foi a cidadela de Machu Picchu. Acho que já comentei que somos o futuro daquela civilização, assim como de tantas outras, que somente nos deixaram lembranças em ruínas como as que conheci nas Missões Jesuíticas

Essas “distopias” invariavelmente mostram o domínio através de uma ideia que seria a verdade absoluta, e duas coisas são imprescindíveis: acabar com as lembranças, o que nem é muito difícil pois é só contar as coisas que se passaram de uma forma bem tosca e que gere desinteresse; controlar as atividades das pessoas, o que com as câmeras de segurança com vídeos editáveis e com as redes sociais tudo fica mais fácil. Traduzindo: vamos detonar o passado, incutir somente as ideias que nos interessam e assim o controle é absoluto. 

Hoje a amiga Andréa Pachá comentou uma lei de Xangai: “Temendo que os idosos passem a depender do Estado, a cidade de Xangai promulga uma lei obrigando os filhos a visitar e prestar assistência aos pais idosos, sob pena de serem incluídos em lista de restrições a crédito. Mais uma vez, um problema que deveria ser solucionado pelas relações culturais, afetivas e pela tessitura de uma rede de cuidado, ética e solidariedade, se transforma em norma. E caberá à Justiça a responsabilidade pelo envelhecimento. Seguimos espectadores da judicialização da vida, não percebendo que ao terceirizar nossas responsabilidades a pretexto de economia e proteção, abrimos mão do protagonismo das nossas escolhas. Não há lei que nos faça mais humanos. Por melhores que sejam as intenções...” 

Acho que ela representou bem o caminho que, infelizmente, estamos trilhando: ao invés do respeito óbvio, leis são criadas para tentar resolver o abandono cultural. Outra representação que assistimos na TV paga é um programa que passa na GNT e que se chama “Vigiando a Vovó”. Nem preciso explicar muito a coisa, mas eu considero uma falta de respeito enorme às avós expostas pelos próprios filhos no trato com seus netos, principalmente quando se trata de cuidado “terceirizado”, onde os avós é que seguram a onda enquanto os pais trabalham. 

A lista de coisas é enorme e a manipulação da informação e da opinião aumenta, em progressão geométrica, a partir do momento em que se acredita em qualquer notícia sem a apuração dos fatos, onde até manchetes de sites de humor viram realidade.

Fica a reflexão para um dia frio: será que já somos uma distopia?

  
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Refletindo o futuro

Lá nos meio antigamente, eu conheci um casal cujo "senhorinho" me deu um lápis Voyage 800L HB nº 2 e falou o seguinte: 

“Com este bastão escreveste o passado... use-o para refletir o futuro!” 

Confesso que fiquei meio encafifado e fui atrás para conhecer melhor essa história. O passado, então, surgiu nos jardins da igrejinha, onde fui procurar os “senhorinhos” que lá naquele dia me convidaram. 

Na antiga casa de madeira, o simpático casal cultivava suas lembranças dos tempos de muito antigamente, para que os netos soubessem como tudo começou! Lá também contavam histórias, guardavam relíquias dos duros tempos, onde a magia vinha do coração, e ensinavam a vontade de viver, sempre elogiando o passado com o pensamento no futuro. Sábios (os antigos sempre o são), me mostraram de onde vem a erva que por aqui tantos admiram e sorriam o tempo todo, já que a vida é alegre para aqueles que assim o acreditam. 

Hoje o "senhorinho" ascendeu a outros planos, para alegrar aqueles que lá já estavam somente à sua espera. Vá em paz “tio Zé”: sua história será sempre lembrada por todos.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.