sábado, 28 de maio de 2016

Livros, Tecidos e Cultura Milenar

Outro dia, respondendo  a um questionário para um “TCC” de uma aluna de administração de empresas, eu falei sobre a falta de cultura (não confundir com conhecimento técnico) que aparentam ter uma parcela dos jovens atuais. Tive um professor que exemplificava cultura como algo que você aprende e não mais esquece (tipo: “quem descobriu o Brasil?”). A base do conhecimento atual vem de culturas antigas, onde tudo era passado da forma verbal, já que não havia outro modo de transmitir o conhecimento. Observo, hoje, a busca pelo imediatismo e pela praticidade (qual o objetivo de aprender a tabuada se existe a calculadora?) havendo grande dependência da tecnologia. 

Visitando as ruínas inca (nem tão arruinadas assim), me veio a ideia de que somos o futuro daquela civilização (já pensou como seremos estudados no nosso futuro?), mas não necessariamente um futuro tão desenvolvido assim, considerando que deixamos ciclovias sem fixação enquanto os inca faziam prédios resistentes a terremotos. Nas teorias dos livros do tipo “Eram os deuses astronautas”, onde seríamos o resultado de visitas extraterrenas, eu imagino a frustração desses antepassados ao verificar que sobrou pouca coisa do ensinamento deixado para trás. 

Antes da viagem eu terminei de ler o livro “A Escolhida” (Lois Lowry; tradução de Fabiano Morais – São Paulo, Arqueiro, 2014), segundo livro da série “O Doador de Memórias” (quando li o primeiro eu nem imaginava que fosse uma série). A história gira em torno de uma menina “órfã e portadora de uma deficiência, Kira precisa enfrentar um futuro assustadoramente incerto. Vivendo em uma civilização que descarta os mais fracos, ela sofre hostilidade dos vizinhos, que a acusam de ser inútil para a comunidade. Quando é chamada a julgamento pelo Conselho dos Guardiões, Kira se prepara para lutar pela vida. Mas, para sua surpresa, os autoritários chefes já têm outros planos e a encarregam de uma tarefa grandiosa: restaurar os bordados de uma túnica centenária que contam a história do mundo”(sinopse da Livraria Saraiva). 

Juntando tudo, tive a chance de conhecer o trabalho desenvolvido pela “Associação das Tecelãs de Chinchero”, povoado pertencente à província de Urubamba, no Peru, onde a cultura da tecelagem sobrevive ao passar dos anos. Todo o processo, desde a lavagem da lã até o tecido pronto e passando pelo tingimento dos fios, nos é apresentado com o detalhe de que nada está escrito em livros e é tudo passado oralmente de geração a geração. No livro existe a mesma situação, pois Kira tem que tingir as linhas para fazer os bordados tão importantes para ela e sua comunidade e Lois Lowry soube descrever o processo, inclusive no tipo de fixador usado. Quando tivemos a apresentação a respeito eu associei ao livro de imediato o que tornou tudo muito mais interessante. A série continua e o livro 3 (“O Mensageiro”) foi lançado recentemente. Tive a sorte de dar de cara com ele numa livraria e já está na fila de leitura. 

Afinal, o que é cultura? Vários conceitos existem: depois de ler a respeito, acredito que é algo que deve ser conhecido, respeitado e modificado com o passar dos anos, quando descobrimos o que não é correto ou adequado, sem apagar os registros antigos. Acho que assim aprenderemos, com nossos próprios erros, e saberemos transmitir esse conhecimento às gerações futuras.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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