sábado, 28 de maio de 2016

Livros, Tecidos e Cultura Milenar

Outro dia, respondendo  a um questionário para um “TCC” de uma aluna de administração de empresas, eu falei sobre a falta de cultura (não confundir com conhecimento técnico) que aparentam ter uma parcela dos jovens atuais. Tive um professor que exemplificava cultura como algo que você aprende e não mais esquece (tipo: “quem descobriu o Brasil?”). A base do conhecimento atual vem de culturas antigas, onde tudo era passado da forma verbal, já que não havia outro modo de transmitir o conhecimento. Observo, hoje, a busca pelo imediatismo e pela praticidade (qual o objetivo de aprender a tabuada se existe a calculadora?) havendo grande dependência da tecnologia. 

Visitando as ruínas inca (nem tão arruinadas assim), me veio a ideia de que somos o futuro daquela civilização (já pensou como seremos estudados no nosso futuro?), mas não necessariamente um futuro tão desenvolvido assim, considerando que deixamos ciclovias sem fixação enquanto os inca faziam prédios resistentes a terremotos. Nas teorias dos livros do tipo “Eram os deuses astronautas”, onde seríamos o resultado de visitas extraterrenas, eu imagino a frustração desses antepassados ao verificar que sobrou pouca coisa do ensinamento deixado para trás. 

Antes da viagem eu terminei de ler o livro “A Escolhida” (Lois Lowry; tradução de Fabiano Morais – São Paulo, Arqueiro, 2014), segundo livro da série “O Doador de Memórias” (quando li o primeiro eu nem imaginava que fosse uma série). A história gira em torno de uma menina “órfã e portadora de uma deficiência, Kira precisa enfrentar um futuro assustadoramente incerto. Vivendo em uma civilização que descarta os mais fracos, ela sofre hostilidade dos vizinhos, que a acusam de ser inútil para a comunidade. Quando é chamada a julgamento pelo Conselho dos Guardiões, Kira se prepara para lutar pela vida. Mas, para sua surpresa, os autoritários chefes já têm outros planos e a encarregam de uma tarefa grandiosa: restaurar os bordados de uma túnica centenária que contam a história do mundo”(sinopse da Livraria Saraiva). 

Juntando tudo, tive a chance de conhecer o trabalho desenvolvido pela “Associação das Tecelãs de Chinchero”, povoado pertencente à província de Urubamba, no Peru, onde a cultura da tecelagem sobrevive ao passar dos anos. Todo o processo, desde a lavagem da lã até o tecido pronto e passando pelo tingimento dos fios, nos é apresentado com o detalhe de que nada está escrito em livros e é tudo passado oralmente de geração a geração. No livro existe a mesma situação, pois Kira tem que tingir as linhas para fazer os bordados tão importantes para ela e sua comunidade e Lois Lowry soube descrever o processo, inclusive no tipo de fixador usado. Quando tivemos a apresentação a respeito eu associei ao livro de imediato o que tornou tudo muito mais interessante. A série continua e o livro 3 (“O Mensageiro”) foi lançado recentemente. Tive a sorte de dar de cara com ele numa livraria e já está na fila de leitura. 

Afinal, o que é cultura? Vários conceitos existem: depois de ler a respeito, acredito que é algo que deve ser conhecido, respeitado e modificado com o passar dos anos, quando descobrimos o que não é correto ou adequado, sem apagar os registros antigos. Acho que assim aprenderemos, com nossos próprios erros, e saberemos transmitir esse conhecimento às gerações futuras.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Somewhere Only We Know

”Naquele tempo, algumas vezes, nós fechávamos os olhos e viajávamos como a brisa, até o sonho acabar...” 

O embarque pela manhã fez com que ele quase nem dormisse e chegasse, no aeroporto, com três horas de antecedência. Apesar da prudência, os guichês de check in estavam vazios e os colaboradores da empresa aérea só chegaram próximo ao horário previsto para o voo. 

- Mandam chegar cedo e ninguém trabalhando... se eu soubesse continuava dormindo. 

Nem... tudo da boca pra fora. Férias planejadas há tempos e a ansiedade era a regra. De qualquer forma, todo mau humor eventual desaparecera quando surgira aquela figura sorridente (“parece divertida”) de altura mediana, cabelos de cor castanho e na altura dos ombros, olhos esverdeados, pele branca e bochechas coradas, vestida com um conjunto moletom e só... não precisava mais nada: lembrou do imprinting que acontece com os lobisomens (vide a saga Crepúsculo), mas a bala de prata era o fato de que ela não estava sozinha. 

“Decidir é jamais desistir... Os sonhos se transformam em realidade, aquecem e nos trazem a vida que pensamos perdida por ai.” 

Foi-se o voo. No desembarque pegaram o mesmo ônibus e ficaram perto. Uma esperança surgiu quando ele a ajudou, assim como seu acompanhante – seu irmão gêmeo (“bem que eu achei eles muito parecidos, mas tem aquilo de alma gêmea... quase isso”), no preenchimento da “Tarjeta Andina de Migración”: franceses, não estavam entendendo nada do que estava escrito. A separação definitiva foi no guichê da imigração e não mais a viu... coisas de viagem. 

“Você me fez ressurgir. Vindo de um nada esquecido no tempo, no meio do sonho deixado na montanha que parecia somente uma bruma eterna. Você fez meu coração bater diferente, mesmo na minha insana ilusão de que teria você em meus braços... Fez meus olhos brilharem ao sol, mesmo no momento da dor da perda, quando vi que não tinha mais chance.” 

Os dias passaram, lugares foram conhecidos, mas a imagem daquele belo rosto o acompanhava de vez em quando. Na multidão chegou a encontrar outros que partilhara alguns passeios, mas nada foi comparado ao que sentira. A última parada foi em Águas Calientes, a pequena cidade que abre as portas para Machu Picchu. O fim do dia foi no meio da bela tarde de sol com céu totalmente azul, onde estranhamente uma brisa marinha sentiu-se na serra, a mais de dois mil metros de altitude, depois de caminhar por muitas léguas e chegar até lá. Na estação, pessoas reunidas para o trem de volta a Cusco, onde as primeiras notas da canção soaram como sinos: seria algum sinal? 

Coraline aguardava seu irmão (gêmeo) que fora ao banheiro. Ele a viu e não acreditou na coincidência. Aproximou-se e recebeu um sorriso, um abraço e um beijo infantil. Conversaram um pouco e tomaram vinho. A música aumentou e tudo virou festa de despedida quando foram novamente separados e isso foi tudo o que restou do seu olhar de diamante... só lembranças que irão embora como nuvens ao vento. 

- E foi isso mesmo que aconteceu? Ele ficou sozinho e ela se foi? Nem trocaram um e-mail ou coisa assim? Acabou e "listo"?

- Quem sabe? Eu entrei no meu trem, segui meu caminho e não vi mais nada. Isso tudo foi uma paixão de férias bem interessante. Só que tem um detalhe: as paixões jamais terminam, mas podem se apagar quando não se transformam em amor eterno. 

♪“I'm getting old and I need something to rely on”♫

 



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Condor, o Puma e a Serpente

Toda viagem é um desafio: tempo, grana, planejamento e determinação fazem parte do rol de necessidades para que tudo dê certo. Só que temos que lidar com imprevistos que podem atrapalhar toda expectativa, mas também podem trazer várias surpresas boas. 

No texto anterior eu falei pouco de Cusco porque tudo está disponível na Internet. Além do acervo turístico e cultural a grande contribuição extra é melhorar o preparo físico para o passeio em Machu Picchu, sem contar que você fica sabendo tudo a respeito da civilização Quéchua ou andina, também chamada de Inca (se bem que a coisa não é tão simples assim). A Cusco moderna foi construída em cima da base inca; sofreu alguns terremotos e enquanto as construções espanholas desabavam, as construções inca continuaram de pé, graças à sua tecnologia própria (alienígena?). Existe um quebra- -cabeças, réplica da “pedra dos doze ângulos” que eu comprei na loja da associação de artesãos e que fica ao lado da Igreja da Companhia de Jesus na Praça das Armas, que mostra a “assimetria simétrica” dos blocos de pedra; lá também comprei o totem com a Trilogia Inca que dá o título ao texto de hoje. Tudo é muito interessante e farei leituras complementares a respeito. 

A grande dificuldade em planejar sozinho a ida a Machu Picchu são os limitantes: somente 2500 pessoas entram, por dia, no parque arqueológico e os ingressos terminam meses antes; dessas, somente 400 subirão as montanhas em dois horários específicos (isso independe da entrada). Traduzindo, se você marcou o ingresso para determinado dia todo o restante orbitará nesse dia (trem e hospedagem). Por conta disso, eu preferi a agência mesmo, dei as minhas datas disponíveis e pedi dois dias para entrar no parque, já que o primeiro seria com o guia e o segundo eu queria fazer sozinho, para rever alguma coisa que eu gostasse ou conhecer algo diferente (passeios com guias costumam ser limitados). 

Quando a operadora enviou a programação, incluiu a subida da montanha Wayna Picchu (tem um monte de jeitos para escrever isso, mas significa “montanha menor”) com um custo um pouco maior e eu pedi para retirar da programação. Vamos entender: já passei da minha fase de subir montanha que ficou lá na adolescência quando eu subi a Pedra da Gávea no Rio de Janeiro (aliás tem alguns “primos” dessa pedra em Machu Picchu também); dei uma lida a respeito e não fiquei nem um pouco interessado no esforço físico extra; pensei na hora da descida, quando a gente acaba olhando para baixo e lembra que “o santo ajuda”. 

No dia do embarque para o parque, meu “personal receptivo” compareceu ao hotel com um monte de ingressos e, ao conferir, lá estava o ingresso para Wayna Picchu (pelo menos não paguei o extra, mas foi no bolo do pacote). Chegando em Águas Calientes (cidadezinha base para o parque), ganhei um guia exclusivo (isso foi muito bom) e o primeiro dia foi perfeito, já que havia tempo e disposição de ambas as partes. Ele explicou tudo, tirou fotos nos melhores lugares e ângulos e me deu uma força para subir a montanha. 

“- Veja: alguma coisa fez que o ingresso viesse pra você. Tente, ao menos, se não gostar você volta.” 

Nem imagino a origem extraterrena do ingresso, mas acordei mega cedo e fui para a fila do ônibus. Minha ideia era ver o nascer do sol e, depois, encarar a montanha, já que minha entrada era até às oito horas. Infelizmente a fila do ônibus era gigantesca e só peguei o final do amanhecer (quem conseguiu chegou na fila lá pelas quatro da manhã), mas consegui uma foto muito boa. Respirei fundo, outra fila para entrar na montanha e vamos caminhar, deixando toda paúra para trás. Ao menos a altitude lá é uns mil metros a menos do que em Cusco o que já alivia bastante a situação do ar rarefeito. 

Disse Exupéry, no seu livro “Terra dos Homens”, quando relatava a saga do piloto Henri Guillaumet cujo avião caiu nos Alpes: “Depois de dois, três, quatro dias de marcha tudo o que se deseja é o sono. Eu o desejava. Mas ao mesmo tempo pensava: Minha mulher... se ela crê que estou vivo, ela crê que estou andando. Os companheiros creem que estou andando. Serei um covarde se não continuar andando. E andava.” 

Andar foi a solução: claro que estou sendo meio dramático, mas já que topei subir vamos andar. O treino em Cusco ajudou a respirar e, depois de determinado tempo, já não ofegava mais (aliás também não sentia as pernas). Muito passavam por mim, mas eu continuava andando. Procurava olhar a paisagem e encontrei orquídeas, mas creio que na primavera apareçam mais; vi montes nevados, a cidade diminuir de tamanho, muitas pessoas ofegantes (mesmo os mais jovens) até que surgiu uma estrutura que pareceu o final da trilha (não é, mas a partir daí não dá pra voltar pelo mesmo caminho, então tenha certeza de que vai continuar). Chegar ao topo foi questão de mais alguns minutos. A visão era legal, não tenho nenhum arrependimento de ter feito a trilha, mas poderia passar sem essa sem qualquer remorso. De qualquer forma, eu subi (pior foi descer) a montanha e, depois disso, a vida seguiu igualzinha e eu mostrei que ainda faço o que eu quiser fazer. 

O fim do dia foi no meio da tarde; pessoas reunidas para o trem de volta a Cusco. Coraline aguardava seu irmão (gêmeo) que fora ao banheiro. Ele a viu e não acreditou na coincidência... mas isso será história para outro dia.

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Vai subir a serra no feriado?

A pergunta do título é bem comum no Rio de Janeiro, pois a serra proporciona ou Petrópolis, ou Teresópolis ou a mais distante Nova Friburgo, três cidades ligadas por uma rodovia meio mais ou menos, mas que guardam os melhores destinos nessa época de frio ( em outras épocas também). Tive o prazer e a honra de morar em Petrópolis e já falei disso algumas vezes. Por aqui o lance é ir para a praia, mas somente quando esquenta (o que é bem impreciso). 

Da mesma forma que morar em Petrópolis, tirar férias é um privilégio e conseguir viajar é uma dádiva que recebo há alguns anos. Dessa feita escolhi Machu Picchu como objetivo principal, mas não foi por lá que comecei. Depois de estudar bastante o roteiro, procurei uma agência conhecida (a mesma que me levou à Fernando de Noronha) e negociei até chegar no ponto que eu queria. O começo mesmo foi em Lima, mas até chegar lá eu ainda fiz duas paradas, pois programei a saída do Rio de Janeiro e isso seria por minha conta, usando milhas e coisas do gênero que fui acumulando. Achei essa ideia boa, pois, caso contrário, a viagem total duraria muito mais que 24 horas de duração, considerando as conexões (melhor ir aos poucos). 

Na capital peruana eu ganhei duas horas, devido ao fuso horário, e tive o dia inteiro para passear por Miraflores (algo equivalente à Ipanema carioca), comprar o chip pré-pago para o celular (num supermercado mesmo) e trocar algum dinheiro. À noite fui conhecer o Circuito Mágico das Águas e isso tudo por minha conta mesmo (particularmente gosto de horários livres para fazer o que me der na telha). 

Aí, no dia seguinte, vamos subir a serra! No Rio é só pegar o carro e encarar uma estradinha meio sem vergonha; no Peru, tem que pegar um avião já sabendo que a coisa não é logo ali porque fica a mais de 3000 metros de altitude, o que causa o efeito “Zagallo”, onde era nítida sua cianose ao declarar “Vocês vão ter que me engolir” na conquista da Copa América em 1997. Aliás, o ar rarefeito, a necessidade de tomar muito líquido devido ao clima seco, o chá de coca e o Inka cola transformam nosso organismo num grande experimento bioquímico (deixarei os detalhes mórbidos disso para quem conversar comigo pessoalmente, pois serão horas discutindo transporte de oxigênio, hemodiluição, desidratação, alcaloides, diuréticos e coisas do genero). 

Uma hora de voo e chega-se a Cusco, o “umbigo do mundo”! De lá são três passeios básicos (um para cada dia): City Tour Arqueológico, Vale Sagrado e Maras/Moray que se complementam em informações, antes de conhecer Machu Picchu. Na cidade, vale a pena pegar um mapa e conhecer alguns outros locais, sem guia mesmo, e o “Boleto Turístico” vai ajudar nessa escolha. 

Dicas gerais: 

- Não se assuste com as filas: mesmo no aeroporto elas andam rápido. Ah! A “Íris Lettieri” local não avisa sobre saídas dos voos. 
- Faça os passeios principais com guia, principalmente na Catedral de Cusco que é indescritível. 
- Cambio é fácil em Cusco, mas suas notas devem estar perfeitas. 
- A cerveja Cusqueña é boa, mas o álcool deve ser evitado por conta da altitude. 

 Uma coisa que eu gostei foi observar os alunos com belos uniformes (lá existe esse bom hábito) sem contar que as crianças tem aspecto feliz. Pelo visto a educação é levada bem a sério por lá.

Enfim: apesar de ter feito todo o passeio sozinho, superando as dificuldades que iam surgindo, a experiência foi excepcional e a passagem por Cusco serviu como treino para a ida a Machu Picchu que fica para os dois últimos dias (falarei disso depois).


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 10 de maio de 2016

What It Feels Like For A Girl

”E de repente a vida te vira do avesso e você descobre que o avesso é o seu lado certo” (Caio Fernando Abreu). 

Se eu for contar como surgiu a ideia para este texto vou ter que escrever outro, mas a coisa começou com essa frase aludida ao jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro e deve terminar com outro assunto lá no mais adiante. 

- Ana, você parece doente! 
- Nada, Adrielle. Só cansada.
- Por que não pediu ajuda para enfrentar a bruxa? 
- Você estava ocupada deixando a flor no inverno. 

Um dia eu contei aqui a história da Luisa, naquele dia, há dois anos, em que ela torcera o pé, tinha a tal da festa junina e, enfim, clique aqui para lembrar desse assunto. 

- Nossa! Preciso me arrumar mesmo. Estou horrível! 
- Nem, Ana! Você está a mesma de sempre! 
- Ah, Guri! Você não entende nada né? 
- Como assim não entendo? 

Apesar de retratá-la como “a patinha feia”, talvez (há controvérsias) “ovelha negra” fosse mais conveniente (do seu próprio ponto de vista). Eu sei que isso deve soar estranho pois Luisa parecia ser uma menina feliz, mas nem sempre foi assim. De personalidade forte ela era diferente de sua irmã mais velha, mas sua família queria que ela fosse igual - a filha perfeita, a filha que todos os pais querem ter, uma aluna dedicada, quieta, que ajuda nos trabalhos domésticos sem reclamar, seu maior sonho era ser médica... algo do gênero! 

Mas estávamos falando de Luisa não é mesmo? A vida dela era assim: sempre sendo comparada com a irmã e sendo menosprezada, apesar de saber que sua família a amava (só que não a entendia).

- Você tem ideia de como se sente uma menina? 
Acha que é fácil arrumar cabelo, roupa e tudo o mais? 
Para os meninos é moleza, qualquer coisa tá bom; 
Pensa que lá sua amiga é bonita daquele jeito à toa? 

Certo dia, muito antes daquela festa junina, Luisa ficou mal e teve de ir até o hospital, onde conheceu um médico que marcou a vida dela para sempre, pois foi um dos únicos que a entendeu. Ela não era de falar muito, gostava de desenhar, ler, assistir séries e filmes, mas eles conversaram e, com apenas um desenho, ele viu potencial na menina alta, magricela e com o sorriso metalizado. 

- Podemos parecer frágeis, mas não mostramos nossa força, 
Melhor agir do que ficar falando mais da conta. 

Um dia ela se apaixonou por um garoto que só a humilhou pois ela não era uma menina bonita (ele era um otário), mas como disse Megan Fox uma vez : “Nunca magoe uma garota... você não sabe o quanto ela pode mudar depois disso.” 

- Você me convenceu, Ana. 
- Agora você ficou vermelho, Guri! – ela riu. 

Realmente ela mudou, amadureceu e, sem ligar para as críticas, virou uma mulher linda e uma artista famosa por seus quadros. Na formatura ela só queria agradecer àquele médico por ter acreditado nela! No fim das contas, a sua "fada madrinha" na verdade fora ele que não a deixou bonita (nem precisava), mas a fez enxergar que não se deve dar ouvidos à opinião dos outros e sim acreditar em si mesma. Ele não usou uma vara de condão, mas usou seu coração e um livro de desenhos. 

“Querido doutor nunca irei esquecer o que fez, obrigada por acreditar em mim! Atenciosamente, a Patinha Feia”.

 

Boa Noite! Eu sou o Narrador.
 
N.N.: O texto original é da Luisa Gabrieli Krindges, a quem agradeço muito, e que gentilmente permitiu a edição, onde usei um texto, do mesmo nome, lá do "Contos de Fada?"

sábado, 7 de maio de 2016

Festival Mexicano

Quando eu era criança, o período de férias era bem marcado: três meses no verão, englobando dezembro, janeiro e fevereiro, e um mês no inverno, que era julho. Hoje em dia a coisa é mais confusa: existem as greves, os eventos do tipo Olimpíadas, mas isso não faz mais diferença porque os adultos escolhem quando tiram suas férias. Limitadas a somente um mês, elas também são atrapalhadas pelo período de pagamento de contas... “Ah! Mas por que você não deixa tudo em débito automático? Ou você é daqueles que subutiliza a tecnologia?” (Como você adivinhou? Leu meu texto do “Antissocial”?). 

Naquele tempo, o recesso escolar não era só alegria, pois era a época de ir ao dentista, operar a garganta e outras atividades que podemos comparar ao “pagamento de contas” que citei acima. Relembrando o hábito, hoje eu fui ao laboratório para fazer exames de rotina, daqueles que os médicos mandam fazer todo ano só para encontrar problemas que achamos que não temos (“ô”, raça!). Uma vez resolvida essa parte das férias, já podemos começar os abusos e gordices também tradicionais. 

Sempre que vou para os lados onde mora Alice, aproveito para realizar programas gastronômicos naturebas (ela é vegetariana – não tão radical) do tipo pizza de rúcula com tomate seco; da última vez foi o seu genro que proporcionou um risoto natureba de excelente padrão (parece que hoje ele fez um salmão com purê de batata baroa que foi muito elogiado nas redes sociais); e já tivemos oportunidade de degustar delícias no Restaurante Guacamole que, como todo restaurante mexicano, é um lugar muito divertido, muito bem decorado e até a comida possui algum tipo de ritual para a hora de servir (dessa vez colocaram fogo no prato de camarão). 

Aqui pelas minhas bandas a gastronomia também é presente e hoje foi o dia do Restaurante Alecrim servir o seu buffet mexicano, já que isso ocorre todo primeiro sábado do mês. Como sempre o atendimento é excepcional e as iguarias fantásticas, sendo a geleia de pimenta um caso a parte de tão boa que é. Aprendi lá na montanha que a grande dica para quem não tem costume com comidas picantes é associar um vegetal do tipo beterraba ou cenoura, ou então comer com guacamole que é a base de abacate. Lembrando que depois ainda tem sobremesa e a sugestão fica com os churros com doce de leite. 

Ah... Férias! Espero que pare de chover para que as pedaladas novamente se façam presente ou que a balança do posto de saúde seja generosa quando o descanso terminar.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O trem e as flores

Antes do frio chegar, a minha ideia era escrever alguma coisa a respeito de umas flores silvestres que eu vi, num domingo de manhã, durante uma caminhada; não sei se já falei isso, mas gosto de caminhar nas manhãs de domingo e ver o acordar desse dia tão preguiçoso. Só que, aí, veio a chuva, o frio, e o efeito desse tema caiu por terra. Nisso fiquei pensando... vou falar do quê? Já que fotografei essas flores, não vou mostrar num texto? 

Moro numa região marcada por guerra que foi chamada de Guerra do Contestado (qualquer hora eu falo disso) e uma das diversas causas foi a construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande que passava por aqui. Hoje em dia não há mais transporte de passageiros, salvo como atração turística, mas já tive a chance de viajar num trecho dessa forma. 

Coisas antigas são legais e as coisas mais singelas geralmente são as mais bonitas... como o apito do trem e as flores silvestres; e como disse hoje meu amigo Cleber, por conta do bloqueio do aplicativo Whatsapp, quem sabe veremos “reais provas de amor, pois voltarão à cena as ligações e sms nas madrugadas e, quem sabe, até cartinhas acompanhando buquê de flores”. Seriam flores azuis iluminadas pelo sol dourado das manhãs de outono? Sendo assim, minha foto prestaria para contar uma bela história, mas não vou perder a chance de escrever juntando tudo isso que já falei (e com uma "ajudinha" do que já foi cantando em verso pelo Milton Nascimento). 

Era uma vez... um trem! 

Seu apito se escuta ao longe... 
Este não tem fumaça como maria 
E não sei se o maquinista tem boné, 
Mas sempre há um ponto final... 

Traz lembranças para uns, 
Esperanças para outros 
E espalha vida em seus trilhos 
Com as sementes que carrega... 

Já disseram que existem outros maquinistas, 
Cortejados pelas moças (que sempre são flores), 
Que passam, deixam lembranças e vão embora, 
Deixando corações viúvos daquela antiga emoção. 

Trabalha-se para esquecer... 
Tudo ilusão... 
Troque o trem e siga outros trilhos 
Que a felicidade esperará em algum lugar...



   

Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 1 de maio de 2016

Dia de geada, sol e pedal

Abril sempre é um mês interessante, mas nesse ano ele foi bem cansativo, pois trabalhei o dobro do habitual para cobrir férias de alguns colegas (de nada!). O bom da história é que isso rendeu uns trocados a mais (a cobertura de férias paga uns 40% do valor da hora normal – foda complicado isso) e que o trabalho correu sem incidentes e com resultados satisfatórios. 

Ontem (com o amanhecer de hoje) foi meu último dia de trabalho antes das férias e fiquei feliz com a alegria dos pacientes atendidos que tiveram seus problemas resolvidos. Os que ficaram terão que esperar mais um pouquinho. 

Normalmente há a “ressaca pós plantão” (eu escrevo isso na minha agenda), quando eu chego em casa meio “morto-vivo” e prefiro descansar, mas hoje foi muito diferente. O primeiro agrado foi a geada que congelou o carro e proporcionou belas paisagens no caminho para casa. Eu já falei a respeito num outro texto mas, só para lembrar, quando há geada (ou neve) o dia é de sol sem qualquer nuvem o que torna tudo muito bonito e agradável, mesmo com o frio lunar que faz nesses dias. 

Como hoje é o Dia do Trabalho , coincidente com o primeiro domingo do mês, a cidade amanheceu animada com as diversas programações associadas e, pela manhã e com o patrocínio do SESC, houve o chamado “Dia do Pedal” que reuniu mais de 500 pessoas para uma pedalada urbana muito agradável. Mesmo com o frio, pessoas de idades variando de meses até trezentos e poucos anos aproveitaram o evento e eu não perderia essa de forma alguma. 

No turno da tarde ainda rolou o evento “Domingo na Praça” com o patrocínio da prefeitura. Dei uma passada por lá também e já estava enchendo de gente, mas dessa vez não fiquei por conta de outras atividades incluindo passar no banco e lavar a louça do almoço. 

Férias começando... muitas coisas programadas. Dormir? Só de noite para recuperar as energias. Vamos pedalar o que for possível (só que levando casaco, é claro), separar as taças de vinho e aproveitar da melhor maneira como o destino mandar. Trabalhar é legal, mas qualidade de vida é fundamental.

  
 Boa Noite! Eu sou o Narrador.