domingo, 24 de junho de 2012

Varekai - Onde quer que seja... em algum lugar

“Em uma misteriosa floresta no interior de um vulcão, existe um mundo extraordinário. Um lugar onde tudo é possível...” 

Nos últimos tempos, principalmente nos último mês (aquele... onde coisas estranhas acontecem), tenho pensado na prática do desapego. Aquilo que Herbert já falou, do “hoje joguei tanta coisa fora” e que dei uma ou outra dica por aqui. Guardar coisas que podem ser úteis noutra hora, manter hábitos milenares... todo mundo sabe do que se trata. 

Evoluir é o mesmo que seguir em frente de alguma forma e, este ano, optei por terminar o inferno astral de um modo, digamos, diferente: ao invés de comemorar com bolo, brigadeiro e bolinhas coloridas, a ideia foi outra... 

Meticulosamente programada, a ida ao circo seria uma operação militar se estivéssemos numa guerra. Apesar do Google Maps ter me passado uma perna, quando informou que a distância do hotel até o evento era de um quilômetro ao invés de vinte e três, isso não atrapalhou.

Rigorosamente no horário, começa a função. Sem aviso prévio, só começa. Nada de campainhas ou sirenes. O tablado é todo tomado por movimentos, luzes e cores, num malabarismo mágico e contínuo que fica difícil ver tudo ao mesmo tempo. Cada pessoa presente viu um espetáculo diferente, tenho certeza disso. Você não se mexe, não pisca, a bunda o corpo não dói, mesmo sendo, a cadeira, não muito confortável. Imperdível!

- Acho que ele ficou feliz, né Mago? 
- Você guiou as corujas com precisão. Este ano foram muitas dezenas.
- A da Garotinha, será que se perdeu?
- Ela sempre esquece, não ligue, mas foi a do (K)Clown que ele gostou muito quando chegou.
- E o que são “pensamentos alvissareiros”?
- “Coisa de Marinha”. Outra hora te explico.
- Posso dar um último presente pra ele? 
- Claro, Beatriz! Ele também gosta muito de você. 

E de repente o céu se veste de dourado e a lua (como o gato de Alice) sorri para ele, que agradece também com um sorriso!



Da mesma forma que agradeço a cada coruja que trouxe mensagem dos lugares mais distantes, seja por torpedos, telefonemas, escritos no mural, e-mails... Valeu mesmo! É bom saber que sempre estaremos por aqui!  

Boa noite! Eu sou o Narrador.

 OBS: Este é o texto de número 52 deste blog. Qualquer semelhança, não foi coincidência...

sábado, 16 de junho de 2012

Um fiozinho de sol

O dia amanheceu só porque o relógio assim o quis e porque ficou um pouco mais claro. Uma neblina cobria a cidade, as regiões mais altas quase ficaram encobertas e assim permaneceu durante todo o tempo. Achei que, como ontem, a partir da hora do almoço as nuvens dariam uma trégua e sol e céu azul passariam a fazer parte do outono. Ledo engano.

Sem maiores opções, verificar pendências foi a solução (dias assim são bons pra isso). O sistema operacional do tempo foi ativado e o trabalho começou.

Numa analogia cibernética, parafraseando um pouco, nosso “computador” possui uma série de feitos e efeitos que são registrados todos os dias, armazenando informações de trabalhos, estudos, papéis, faturas de serviços essenciais e de outros nem tanto assim, contas bancárias e cartões que não são mais usados, histórias... Ah! Essas histórias...

De tanta coisa acumulada chega um belo dia (ou um dia de neblina) que nosso "sistema" começa a ficar lento e demora para iniciar e/ou carregar nossos “softwares” prediletos.

Com o passar dos anos, muitos dados desnecessários são guardados em nossa memória ou numa infinidade de caixas que só ocupam lugar. Haveria alguma forma de apagar esses arquivos para que nosso “computador” voltasse a sua forma original? Quem dera, né? Isso só na imaginação e no PC!

Da mesma forma que esta historinha:

Num dia como o de hoje, uma jovem estrela cadente, muito afim de aparecer, encontrou o sol tirando um bom cochilo de fim de tarde, já que as nuvens é que estava de plantão, ele trabalhara bastante no verão e estava mesmo na hora dele dormir até o dia seguinte. Inconformada, já que o tempo da estrela era muito curto, chegou bem perto daquela figura brilhante, barriguda e barbada e, com uma tesourinha, cortou três fios dourados da sua barba brilhante e guardou na bolsinha prateada que acompanha as estrelas cadentes. Ele deu um ronco baixo e virou para o lado e nem notou sua presença.
Bem perto do horizonte, ela escolheu uma nuvem mais simpática para sentar e o primeiro fio ela lançou para o oeste. A neblina ficou achatada, mas plana. A seguir mirou o sul e o norte e conseguiu seu intento: um fiozinho de sol entrou pelas janelas daqueles que já pouco acreditavam nessa possibilidade.

Aproveitou que algumas irmãs estrelas apareceram e cumpriu sua missão: como cadente, riscou o céu, caiu lá em Stormhold e ficou feliz. Isso eu não vi, mas talvez não fizesse tanta diferença.

Ah! Quando for apagar seus arquivos, deixe aqueles que são mágicos e que devem ser eternos, ok? Isso inclui aquelas músicas... pois é!


“Desamarrei o sol lá da linha do horizonte
Pra esquentar e iluminar o meu abraço
Pedi ao vento que me relembrasse aquela música
Que você gostava tanto de cantar
Esfreguei na pele o leite perfumado das plantas
Adocei a boca dos favos e frutas que encontrei
E me vesti na espuma do mar
Mas antes que essa sensação tão linda me largasse
De novo na cadeia deste apartamento
Resolvi fazer esta canção pra te contar
Da magia deste momento”

Boa noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 10 de junho de 2012

Semana dos Namorados

A primeira coisa que ela fez, pela manhã, foi conferir seu celular: ele não enviara mensagem. Dera uma “incerta”, na véspera, em sua porta; quem sabe ele lembraria da data e daria os cumprimentos de praxe. Algum tempo passara desde o “desastre” do Ano Novo, ela ainda investira numa visita sem avisar, onde só faltou mesmo levar um “pé na bunda” literal porque, apesar de educado, ele falou tudo que ela não queria ouvir, incluindo o egocentrismo, que nunca entendeu bem do que se tratava.

- Ah! Minha filha! Você não dá sorte, mesmo! - informou a simpática vizinha – Ele viajou!

“Bom... hoje nada feito!”- ela pensou – "onde ele está não deve haver sinal."

Trocou de roupa, colocou casaco, bota e todo o vestuário compatível com o dia chuvoso e frio, onde a neblina confundia com a fumaça das diversas chaminés espalhadas pela cidade, e foi numa lan house verificar suas mensagens e comentários na rede social. Sua comemoração foi meio sem graça, algo em casa mesmo, pois os “amigos” nem apareceram. De qualquer forma, seu interesse era outro.

- WTF? Mas como isso? Ele não mandou nem um e-mail? 

Puta da vida Desolada, voltou pra casa, pulou na cama, enfiou a cabeça no travesseiro quando lembrou que, em dois dias, seria o fatídico doze de junho e se ela não tivesse desdenhado, há um tempo atrás, teria passado o final de semana do seu aniversário, num castelo europeu, degustando iguarias como marreco recheado e, de sobremesa, uma magnífica mousse de chocolate com cobertura de calda de amoras silvestres. E, claro, emendar mais uns dias e estender a comemoração até o Dia dos Namorados. 

Na falta do tal “cobertor de orelha”, complemento indispensável para resistir ao frio polar que assola até o Rio de Janeiro e a conhecida e quente Goiânia, resta para alguns a sequência “brigadeiro, sorvete e lágrimas” (essa eu ouvi hoje); mas deixo aqui, agradecendo a gentileza de autorizar a publicação, um primor de conceitos que nos brindou Andréa Pachá. Se pensarmos bem, é só uma semana comum como qualquer outra, que começa num domingo e termina num sábado, não é mesmo? 

CONCEITOS PARA A SEMANA DOS NAMORADOS: 1 - Namorar é delicioso, mas tá longe de ser um sintoma de normalidade. 2 - Não namorar não significa que você é problemático ou incapaz. 3 - A operação desencalhe, montada pela mídia, é pra vender presentes. 4 – A felicidade não é obrigatória o tempo todo. 5 – É possível, às vezes, ser feliz. Com ou sem namorado! 

  
Boa noite! Eu sou o Narrador. 

Nota: Andréa Pachá é escritora, juíza de Direito em Petrópolis (RJ) e ex-conselheira do Conselho Nacional de Justiça.

sábado, 9 de junho de 2012

Pra não dizer que não falei...

...das flores (continuação do título para não encontrarem no Google como se fosse algo falando do tempo dos festivais). 

Sempre tive uma dificuldade enorme para reconhecer vegetais. Nunca fui de plantar nada e, nos buffets, preferia atacar a lasanha direto do que me aventurar numa saladinha natureba. Com o tempo fui entendendo que existiam as folhas verdes (que identifico a maioria como alface), os vegetais vermelhos (por que será que cenoura é considerado vegetal vermelho?), os vegetais sem gosto (a menos que você misture com camarão), os vegetais que viram doce (inclusive alguns que são servidos antes da sobremesa) e, com o tempo, fui virando expert em continuar não entendendo muita coisa do assunto, mas cultivando uma alimentação mais sadia (lasanha só de espinafre). 

Outro dia meu vizinho comentou que tinha maracujá crescendo no quintal dele, ao lado do mega forno a lenha que ele tem e onde faz pão e outras iguarias para consumo doméstico. Como nem imaginava como era um “maracujá crescendo”, observei que, ao lado do limoeiro de limões amarelos (sempre pensei que fossem verdes) surgiram umas flores diferentes. 

“Ah! - pensei – deve ser o tal maracujá.” 

Ledo engano: era uma dessas flores que não tem nome ou se tem ninguém soube me dizer. Conclui que também não entendo nada de flores e confirmei isso ontem: fui a um parque ecológico, vi umas flores legais, fotografei, coloquei na rede social já pensando em vitória-régia. 

Nisso veio o comentário fatídico de uma aluna: "- É flor de lótus?” 

Para não esticar demais este assunto, ela estava certa e eu, ao menos, aprendi como era uma flor de lótus. 

Dessa forma, encerro aqui. Deixo as duas fotos, sem legenda!!! 


                                          Boa noite! Eu sou o Narrador.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Segredo das Fadas

Geralmente quando sabemos que dias de folga virão (algo do tipo “férias”), costumamos programar as atividades do período: passeios curtos, viagens longas, arrumar a bagunça crônica da estante, pintar a casa, tudo isso faz parte dos pensamentos. 
Um hábito que cultivei foi não mudar o horário do despertador: ele continua a tocar bem cedo; a diferença é que, na “briga” para levantar, eu ganho mais uns minutos, já que não existe a responsabilidade de chegar a lugar algum.
Isso é bom porque a folga acabará, aí eu não fico desacostumado a acordar cedo e aconteceu hoje, mas consegui uns minutos para escrever antes do almoço, aproveitando a chuvarada que cai lá fora, onde a temperatura é de agradáveis 10 graus Celsius. 

Há muito tempo atrás contei a história do dia que o Mago conheceu a Fada Rose (a pronúncia é “Rrrrrrrose”) num dia lá, onde ela contou histórias de vasos, argila e pedrinhas, mostrou a luz infantil, acendendo a luz própria de todos, terminando com um arco-íris em meio a bolinhas de sabão. Ela também falou de desejos e metas, como os do menino, que se tornou grande amigo de Adrielle (é aquele mesmo dos encontros tortos; procura no “Contos” que os textos estão por lá), e que queria transformar a Lua em filha de Eva, para poder estar sempre com ela e não a deixar chorar nunca mais. 

Rose, então, virou personagem do livro “O Segredo das Fadas” que foi presente de aniversário de Sininho no ano passado e que terminei de ler no sábado. Sem dar maiores pistas, recomendo muito a leitura. Pode dar fome (depois de ler você entenderá), mas a viagem pelas aventuras da fadinha são imperdíveis. 

E numa praia quase deserta, onde uma casinha de madeira toda pintada de branco, com um jardim decorado com bromélias selvagens, chamava a atenção e um cheiro de bolo caseiro contrastava com o barulho das ondas, Ana perguntou para o Mago: 
- Onde estamos? 
- Aqui também encontramos conchinhas e tatuís... 
- Tá...tá! Mas você não respondeu minha pergunta – na cabeça de Ana a imagem da vez que estiveram na praia surgiu instantaneamente, mesmo que sua curiosidade agora estivesse nessa casa. 
- Viemos comer bolo e tomar chá de erva-cidreira. - sorriu o Mago. 
- Hum... vou mudar a pergunta: e quem mora nessa casa? 
- Como se você não soubesse, Beatriz. 
- Só você me chama assim! 
  

                                           Boa tarde! Eu sou o Narrador.