domingo, 10 de junho de 2012

Semana dos Namorados

A primeira coisa que ela fez, pela manhã, foi conferir seu celular: ele não enviara mensagem. Dera uma “incerta”, na véspera, em sua porta; quem sabe ele lembraria da data e daria os cumprimentos de praxe. Algum tempo passara desde o “desastre” do Ano Novo, ela ainda investira numa visita sem avisar, onde só faltou mesmo levar um “pé na bunda” literal porque, apesar de educado, ele falou tudo que ela não queria ouvir, incluindo o egocentrismo, que nunca entendeu bem do que se tratava.

- Ah! Minha filha! Você não dá sorte, mesmo! - informou a simpática vizinha – Ele viajou!

“Bom... hoje nada feito!”- ela pensou – "onde ele está não deve haver sinal."

Trocou de roupa, colocou casaco, bota e todo o vestuário compatível com o dia chuvoso e frio, onde a neblina confundia com a fumaça das diversas chaminés espalhadas pela cidade, e foi numa lan house verificar suas mensagens e comentários na rede social. Sua comemoração foi meio sem graça, algo em casa mesmo, pois os “amigos” nem apareceram. De qualquer forma, seu interesse era outro.

- WTF? Mas como isso? Ele não mandou nem um e-mail? 

Puta da vida Desolada, voltou pra casa, pulou na cama, enfiou a cabeça no travesseiro quando lembrou que, em dois dias, seria o fatídico doze de junho e se ela não tivesse desdenhado, há um tempo atrás, teria passado o final de semana do seu aniversário, num castelo europeu, degustando iguarias como marreco recheado e, de sobremesa, uma magnífica mousse de chocolate com cobertura de calda de amoras silvestres. E, claro, emendar mais uns dias e estender a comemoração até o Dia dos Namorados. 

Na falta do tal “cobertor de orelha”, complemento indispensável para resistir ao frio polar que assola até o Rio de Janeiro e a conhecida e quente Goiânia, resta para alguns a sequência “brigadeiro, sorvete e lágrimas” (essa eu ouvi hoje); mas deixo aqui, agradecendo a gentileza de autorizar a publicação, um primor de conceitos que nos brindou Andréa Pachá. Se pensarmos bem, é só uma semana comum como qualquer outra, que começa num domingo e termina num sábado, não é mesmo? 

CONCEITOS PARA A SEMANA DOS NAMORADOS: 1 - Namorar é delicioso, mas tá longe de ser um sintoma de normalidade. 2 - Não namorar não significa que você é problemático ou incapaz. 3 - A operação desencalhe, montada pela mídia, é pra vender presentes. 4 – A felicidade não é obrigatória o tempo todo. 5 – É possível, às vezes, ser feliz. Com ou sem namorado! 

  
Boa noite! Eu sou o Narrador. 

Nota: Andréa Pachá é escritora, juíza de Direito em Petrópolis (RJ) e ex-conselheira do Conselho Nacional de Justiça.

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