domingo, 25 de março de 2012

Sobrou para o porco!

Com diversos projetos em andamento, um final de semana chuvoso seria o ideal para organizar as coisas. Confiando, mais uma vez, na dica do jornal baseada no CPTEC, fiz uma lista e parti para a ação. 
Serralheiro para consertar o portão; pedreiro para reparos no banheiro; pizza no supermercado para acompanhar a cerveja sem álcool já na geladeira; contato com possíveis lugares para ficar na montanha, quando da Páscoa; baixar o programa para fazer o imposto de renda... 
Cuidadosamente coloquei os dados que modificavam os resultados na coluna da esquerda, bem no final da página, quando cheguei à conclusão que era melhor inventar uma historinha, ao invés de soltar algumas palavras chulas. 
Abril, que já está chegando, é um mês com vário bichos: começando pelo signo de Áries (carneiro – já disponível para degustação no restaurante de domingo) passando pelo Coelhinho da Páscoa (e lá vem os chocolates), dá pra montar alguma coisa para escrever por aqui. 

Senão vejamos... 

Um reboliço de bichos era visível na floresta: gralha azul fazia seu ninho; bugio debulhava as pinhas; serelepe catava o pinhão para esconder e esquecer por aí. Rebanhos de carneiros corriam pelas pastagens e tudo seguia o rumo natural das coisas quando, do alto de uma araucária, veio o aviso do esperto macaco: 

- Lá vem o Leão!

Se fosse em Nárnia, tudo bem! Só que essa floresta era mais próxima de “far far away”, se bem que os bichos aqui também são falantes. 
De tempos em tempos ele aparece nessa época, atrás de tributos que podem ser grandes ou pequenos e, às vezes, generosamente distribui alguma coisa que pegou em excesso no ano anterior. 
Só que, dessa vez, ele veio com fome. Quem conseguiu, subiu no pinheiro; a carneirada picou a mula (isso ficou bem esquisito) e o leão só encontrou o coelho que estava ocupado preparando a safra de chocolate.

- Então, como vai ser? - perguntou o leão. 
- Tenho vários tipos de ovos de chocolate, balas, doces, quer levar? - respondeu o coelho. 
- Minha fome é de outro tipo de guloseima. 
- Então não tem jeito. Vou quebrar o porco!

Moral da história: o porco detesta feijoada, mas ele é quebrado quando aparece o leão! 

Ah! E não choveu! 
  
 
                                             Boa noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Infâmia/Indignação

Infâmia - nome feminino; ato ou dito considerado condenável do ponto de vista moral e social; ignomínia; vileza ato ou dito que desacredita ou faz perder a boa reputação (Do latim infamĭa)

Indignação - nome feminino; ato ou efeito de indignar ou indignar-se; exaltação provocada por afronta, injustiça ou ação vergonhosa; agastamento; ira desprezo; repulsão (Do latim indignatiōne) 

Às vezes fico um pouco impressionado com a facilidade que as pessoas tem de dizer que não tem tempo para nada. Realmente se você acorda às quatro da manhã, toma um café correndo, pega um trem (se for em São Paulo isso pode ser um grande problema, Datena que reclame!), depois um ônibus, faz baldeação na Central do Brasil para pegar o metrô e, finalmente, chegar às oito horas no seu trabalho que durará até às dezoito horas quando você faz o caminho inverso, eu até acredito. 

Caso você não se inclua na descrição acima, a variedade de coisas que existem para preencher o tempo que sobra, principalmente onde não existe muita opção do que fazer (nisso estou incluído), pode ser descoberta desde que você desista de ver o último capítulo da novela, os últimos dias do reality, as reprises da TV por assinatura, a rede social e viaje pelas ondas do rádio (mesmo que ele seja sintonizado na televisão por assinatura) até outros lugares do mundo. 

Aproveitando a onda da viagem, ler um bom livro também faz o pensamento voar por mundos desconhecidos. 

Ganhei “Infâmia” (Ana Maria Machado – Rio de Janeiro – Objetiva, 2011) poucos dias após o lançamento e, ao som da Globo FM – RJ, finalmente consegui terminar de ler (o início sempre é difícil, mas depois da metade a coisa fluiu muito fácil). 

Leitura que recomendo, mas não seria um livro que eu compraria nos meus passeios na Saraiva ou na Curitiba. Muito real, muito bem escrito, mas sou mais da ficção e dos contos de fada (já me disseram, recentemente , que talvez eu “tentasse se (me) refugiar na "Terra do Nunca", trocando realidade por fantasia”) e o trecho do passeio nos jardins do Museu da República foi perfeito, trazendo boas lembranças do Rio de Janeiro. 

Claro que o livro não fala disso e pode causar é muita indignação. #ficaadica. 

Aproveitando a deixa da indignação, uma continuação de outra historinha, aproveitando um momento literário... 

Suas tentativas anteriores, francamente frustradas, a levaram a outro erro. Ele já havia prevenido, mas ela insistiu e, mais uma vez, ouviu (ou melhor: leu – SMS) o que não desejava. Tentou o artifício comum, dos que “nunca perdem a razão”, de transferir a culpa dos seus próprios erros para aqueles que apontam as irregularidades. Como no livro, às vezes o certo vira o culpado de tudo. Muito indignado, ele preferiu encerrar o assunto sem criar infâmia por aí.  

 Boa noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 18 de março de 2012

Chá Mate

”A estiagem que já gerou perdas bilionárias à agricultura do Rio Grande do Sul ameaça também a produção de um dos símbolos gaúchos: a cuia de chimarrão. Municípios produtores do porongo, fruto usado como matéria-prima na fabricação do objeto, registram quebras de mais de 80% na safra. Em Vicente Dutra, cidade no noroeste do Estado conhecida como "capital da cuia", a 462 km de Porto Alegre, 85% do porongo está perdido pela falta de chuvas. Deixarão de ser colhidas quase 1 milhão de unidades, vendidas a R$ 0,80 cada. O porongo, da mesma família de vegetais de abóboras e melancias, é beneficiado no próprio município em fábricas artesanais familiares. Da cidade, a cuia é vendida para outras partes do Brasil e até para o exterior.”

Nos bons tempos de praia, onde alimentação era igual a biscoito de polvilho (atualmente também encontrado nos engarrafamentos da Linha Vermelha) e hidratação era tomar o mate vendido em copinhos descartáveis por aqueles sujeitos simpáticos vestidos com roupa alaranjada, a única coisa que eu sabia a respeito de tal hidratante era só isso mesmo.

Alguns equivalentes usados pelas avós como chá de erva doce para cólicas de bebê, “quebra pedra” para litíase renal, dentre outros medicamentos naturais, também faziam parte do meu conhecimento.

Ao chegar ao sul, após aprender o significado de “vina” e o significado de “bolacha”, a outra coisa que todos perguntavam era se eu já tinha "aprendido" a tomar chimarrão.

Com o tempo, fui “aprendendo”, mas efetivamente não consegui criar o hábito. Achei muito trabalhoso (até para usar a a cuia pela primeira vez existe um longo preparo) e certamente é um costume a ser compartilhado com amigos.

No tempo dos tropeiros, aquela cena onde existia uma fogueira esquentando uma chaleira com água e várias pessoas à sua volta apreciando e compartilhando o conteúdo da cuia de porongo é sensacional, não é todo dia que isso acontece, mas não dispenso quando há oportunidade.  

De qualquer forma, os efeitos benéficos da erva mate são indiscutíveis, tanto que uma universidade pesquisa seu uso também para reduzir o colesterol.

Resolvi, então, procurar formar alternativas. O método para reduzir o colesterol é trabalhoso também, mas tomar um chá à noite é uma coisa bem agradável agora que o inverno chegou. Para ficar no clima, nada como alguma criatividade: uma boa caneca (presente de uma amiga bem animada por sinal), o chá de saquinho, o fogão a lenha e uma bomba vinda do fim do mundo. Será que essa moda pode pegar?


Boa noite! Eu sou o Narrador.

sábado, 10 de março de 2012

Enseada

Trocar a chamada “selva de pedra” pela montanha foi o primeiro passo para o desenvolvimento do poder da observação. Apesar de Petrópolis ser uma "cidade grande", ainda guarda suas características interioranas, possibilitando o bucolismo e valendo como "jogo treino" para lugares mais distantes e com temperaturas muito mais baixas durante boa parte do ano.

Na cidade grande típica, acostumamos com a paisagem monótona dos prédios já construídos e alguma modificação que possa surgir costuma levar muito tempo até aparecer completamente (vide o tempo que levou até o metrô começar a funcionar). 

Nas localidades menores, onde a ruralidade sobrevive e o inverno é muito longo, essas mudanças são mais nítidas. 

Como exemplo, nem imagino o que andam plantando por aqui, mas a paisagem está com vários tons de verde, diferente do ano passado. Da mesma forma, houve uma recuperação da mata às margens das rodovias, com o surgimento de sombra, onde antes, caso você precisasse parar para trocar um pneu, a exposição ao eventual sol seria uma constante. 

Com o tempo você acostuma a localizar eventos, como o local que surgirá o arco-íris, onde efetivamente é o nascente e o poente e de onde virá a lua cheia. 

Se você souber juntar esse bom hábito (milenar, por sinal) à tecnologia (página do CPTEC/ INPE) aí a coisa fica séria. 

Explico: defini que passaria um final de semana na praia. Acredito que todas as pessoas que não moram no litoral, ao menos uma vez por ano, deveriam cultivar este hábito e acredito também que muitos compartilham essa ideia comigo tanto que, por aqui, não é tão fácil ir a praia, já que a temporada de calor é curta e todo mundo vai ao mesmo tempo. 

Abusando do poder de observação, descobri que a melhor época para tal é após o término das férias escolares que este ano quase coincidiu com o Carnaval, retardando um pouco meu passeio. Claro que não é possível esperar muito tempo porque já vem aí o “frio de rachar” e consegui escolher dois finais de semana possíveis. 

Consultando o CPTEC/INPE encontrei uma grata coincidência de “tempo bom” com lua cheia que foi definitiva na minha escolha. Coincidiu também um “feriadão” em Joinville que poderia complicar um pouco o trânsito, mas isso não aconteceu e o balneário continuava bem tranquilo como quando o conheci há um ano atrás. 

Enseada é uma praia de São Francisco do Sul (Santa Catarina) muito agradável e os detalhes você pode procurar no Google. No ano passado eu observei os melhores locais para fotos sendo que o poente você encontra na própria praia e o nascer da lua (foto que eu ainda não tinha) é melhor observado na Prainha (ou Praia da Saudade) que é quase uma continuação, porém em mar aberto. 

Três horas de vigília e dezenas de fotos depois, separei duas que agora compartilho. Consegue dizer quem é o sol e quem é a lua?



Boa noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 6 de março de 2012

Plano B

Cena 1, uma quinta-feira: O sujeito chega em casa, liga o computador, tenta acessar a internet e observa que não há conexão. Verifica o telefone e não há linha. Pega o celular e liga para a operadora do telefone fixo. 

“- Alô? Meu telefone fixo está mudo! 
- Pois não, senhor. Pode informar seu CPF, RG, PIS, PASEP, placa do seu carro, endereço para correspondência.... 
- ….......!
- Obrigado por aguardar! Mais alguns instantes que estou com problemas no sistema, mas já vou conseguir as informações que o senhor está pedindo.
- ….......................!
- Desculpe a demora! Houve um acidente e o trem passou por cima dos fios telefônicos e o seu bairro está sem telefone e sem acesso à internet! 
- E qual a previsão? 
- Amanhã após as 20h!” 

O sujeito nem ficou preocupado: o telefone fixo não faz falta, já que existe o celular, e o acesso à internet seria resolvido pelo modem 3G (desde que não houvesse apagão, onde as linhas celulares também vão pro brejo!). Fim da cena 1.
Desde os velhos tempos daquela a série da TV chamada “O Túnel do Tempo”, contemporânea de "Viagem ao fundo do mar" e "Perdidos no Espaço", que os assuntos relacionados a alterar o passado e ver reflexos no futuro sempre entraram na minha lista de preferidos. 
Alguns exemplos disso podemos encontrar, no cinema, em filmes como “De volta para o futuro”, “Planeta dos Macacos” e “Star Trek”, todos muito interessantes (gosto não se discute).

Seria algo como um segundo plano ou “Plano B”, quando aquilo planejado, dependendo das circunstâncias, tem que ser adaptado para a nova situação. Desta forma, a sequência inicial de eventos seria alterada para outra que modificaria as seguintes e por ai vai.

Cena 2, dia de pagamento (no dia seguinte): O sujeito vai até a agência bancária ver se o cartão eletrônico que solicitara já estava disponível (o anterior vencera). Ao entrar no banco, encontra a notícia que o poste caiu (essa ele já sabia), a internet se foi e o banco não abriu! 
O “Plano B” era procurar outra agência ,em outra cidade, e utilizar seu cartão (o vencido?). Fim da cena 2.

Cena 3: Sem outra alternativa, verificar as opções foi a solução. Poderia rir, soltar um palavrão ou entrar no “Túnel do Tempo”, voltar ao passado e pular na frente do trem, no melhor estilo “Super Man”, evitando o tal acidente! Nada como um bom “Plano B”. O sujeito ficou com o “rir”.  Fim da cena 3.

Moral da História: Um errinho besta pode fuder tudo modificar uma sequência de eventos e isso não é interessante (gosto não se discute)? 


 Boa noite! Eu sou o Narrador.