sábado, 28 de setembro de 2013

Pimentas

Acordei cedo nesse dia frio (o inverno, que dura 9 meses, continua e as flores da dita primavera ainda não apareceram) torcendo para aparecer alguma coisa de sol e andar de bicicleta (mas a previsão é de chuva, para o terror dos moradores ribeirinhos que ainda não tiveram suas casas inundadas pela cheia do rio). 

Já que isso não aconteceu e, ainda por cima, houve um apagão rápido, parti para a leitura e quase terminei o livro “Pimentas” de Rubem Alves. Esse livro “piscou” pra mim numa livraria, depois que a amiga Andréa deu a dica e acabei comprando. Iniciei a leitura numa sala de espera de aeroporto e ainda não terminei, claro: são “pimentas” e, como diz o próprio autor, “Para se provocar um incêndio, não é preciso fogo. Basta uma única brasa. Um único pensamento-pimenta...” Além de recomendar o livro, resolvi escrever aqui alguns “pensamentos-pimenta” que andaram por ai. Nessa época onde as leis são ignoradas e as pessoas fazem o que bem entendem (principalmente alguns representantes públicos), mudando a regra com o jogo em andamento, resolvi juntar algumas coisas por aqui para ver no “que que dá”. 

“Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro.” Djavan 

"Ninguém vai bater mais forte do que a vida; não importa como você vai bater e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha." Rocky Balboa 

"Pois é, fumar maconha não pode, mas Mensalão pode fazer de novo, né?" Samuel Rosa 

"Um problema é uma coisa que não existe: se é problema tem solução; se não tem solução não é problema, é catástrofe!" doc

“E rola?” Porta dos Fundos 

“Cada vez que ouço um discurso político ou que leio os que nos dirigem, há anos que me sinto apavorado por não ouvir nada que emita um som humano. São sempre as mesmas palavras que dizem as mesmas mentiras.” Albert Camus 

“Odeio feijoada” Porco Espírito 

“Ei Cabral! Vai tomá no cu” Público do Rock in Rio

“Quero agradecer à Antarctica pelas caixas de brahma que me mandou!” Claudiomiro 

“Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a vergonha de ter traído a minha consciência, pois quando um indivíduo abre mão de suas convicções, perde sua identidade e o significado de sua existência” Alexandre Bley (ex-presidente do CRM-PR)

“Embargos infringentes? Que porra é essa?” Quati do Narrador 

“Onde está Amarildo?” grito popular 

“Passaram mais de 500 anos e o Brasil continua o mesmo.” Sofia Leitão

“A vida não é justa” Andréa Pachá

“A neurose é esperta e se alimenta da ansiedade e da angústia.” Alexandre 

“Fogo está extinto! ” Coronel Marcos de Oliveira 

“And all along I believed I would find you... Time has brought your heart to me” Cristina Perri

“O pra sempre sempre acaba” Renato Russo  


Boa Dia! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Caverna do Dragão

Dungeons & Dragons (Caverna do Dragão) foi um desenho animado baseado no jogo de RPG do mesmo nome. Foi mais uma daquelas séries que nunca terminaram, com a diferença que essa era em desenho e que hoje passa no canal Gloob, da TV por assinatura, mas já foi hit do finado “Xou da Xuxa”. 

Interessado no assunto, o quati resolveu dar uma pesquisada, já que a coisa mais parecida com dragão que ele conhecia era um tal de “gorilão da bola azul” que não se criou lá pelas cataratas (levou um chute no saco, soltou um  puta que pariu – caralho palavrão e saiu pela porta dos fundos). 

Acabou que encontrou um final da série (em quadrinhos), mas ele achou que ainda faltaram alguns detalhes e foi consultar o “Contos de Fada?”... 

"Diz a lenda (alguns contos de fada começam assim)... 

… que houve um tempo, em outra dimensão (dessas onde o portal de acesso aparece na montanha russa de parques de diversões), que os poderosos dragões dominavam os homens, sob as ordens de feiticeiros do mal.

Um desses dragões recebeu uma missão: derrotar um cavaleiro errante que procurava sua princesa no interior de uma caverna, onde ela era cativa. Nesse dia, então, ele chegou antes e posicionou-se à frente da princesa, afim de não dar qualquer chance ao cavaleiro. 

Na espera, ela aproximou-se do dragão, deu-lhe um “olá” e acariciou sua testa, além de oferecer-lhe um chá. Vendo isso, uma lágrima ameaçou cair dos olhos da fera que foi embora sem cumprir sua missão: afinal, como poderia magoar a doce menina depois de tão gentil acolhida? 

Dessa forma, o cavaleiro encontrou sua princesa e comandaram uma batalha contra os feiticeiros que, de tão irados que ficaram, baniram o dragão para outro mundo. Foi ai que ele apareceu num parque de diversões e, quando abriu-se o portal, meia dúzia de crianças entraram e ele saiu. A garotada encontrou o Mestre dos Magos e o dragão entrou num armário e foi parar no País dos Sonhos Verdes, onde ficou responsável pela Rosa Azul."

- O que achou, quati? 
- Ah! Agora eu entendi! 

“E a brisa da Primavera já bate à janela; que ela preencha os corações de cores fortes, como fortes são os sons que vem da alma preenchendo o vazio que um dia existiu.” 


Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N.: Quem quiser ler o final da saga, pode clicar aqui e fazer o download.

domingo, 1 de setembro de 2013

Sonho de Domingo

Hoje em dia, quando a meteorologia avisa que vai chover, é melhor seguir os conselhos da sua mãe e levar casaco, capa e guarda-chuva, mesmo que o amanhecer seja com sol. 

Naquele dia, a coisa não foi bem assim: a neblina misturada à fumaça das chaminés, dava um ar bucólico ao domingo frio de final de inverno (se é que o inverno acaba por aqui). Mesmo assim ele aproveitou uma réstia de sol e deu uma volta de bicicleta, não sem antes limpá-la um pouco e encher os pneus, já que estava parada há algum tempo. Os demais acordaram acordaram tarde e o café limitou-se a um café mesmo, sem bolachinhas ou chocolate, porque já era quase hora do almoço. 

Caras de sono circularam pela casa, assim como roupões pesados e pantufas, mas domingos não foram feitos para dormir, mesmo esse que, particularmente, tinha tudo de bom para continuar na cama. Após o almoço, cada um partiu para um canto: Ana foi procurar um feitiço perdido no tempo; Adrielle foi olhar a neblina e pegou algumas nuvens para futuras referências, caso necessitasse, enquanto o Guri foi olhar a chuva que fez o dia anoitecer bem no meio da tarde... 

- Ué? De onde veio este lago? E que casa é aquela lá? 

Todos correram para ver a novidade: um antigo lago, que fora aterrado, com a chuva tomou vida e trouxe junto peixinhos coloridos que pulavam pra todo lado, vitórias-régias que serviam de pouso para algumas rãs e até um velho celacanto deu o ar da sua graça, surpreendendo inclusive o Dragão! 

O que mais os intrigou foi a casa: encravada na vegetação de tal forma, que o limite entre seu final e as árvores era francamente impreciso, da distância que estavam. Já semidestruída, dava para ver duas janelas e talvez a porta fosse nos fundos. O Mago esteve lá uma vez e contou que era habitada por um homem comum, de bom caráter, correto nas suas coisas, que diziam ser um sonhador, mas alguns achavam que era doido varrido e, claro, tinham muita inveja dele. Era um sujeito que procurava sempre a continuação de alguma coisa e pouco parava em qualquer lugar; talvez tivesse um objetivo que nem ele sabia bem qual era. Ao certo, por muitas vezes, sofreu em silêncio, pois era discreto; em outras ocasiões, foi muito feliz e hoje fica sossegado em algum lugar incerto do mundo. 

Interrompendo a narrativa, eis que as águas se elevam, como um chafariz, e no centro daquilo que parecia ter vida, uma canção ecoou vinda de um ser brilhante que apareceu do nada. 

- Fênix! - gritaram em uníssono (nesse uníssono todos participaram) 

- Da mesma forma que o lago renasceu, trouxe uma história para vocês que eu chamei de "Renascimento"... 

"Transformo-me pelo vento, 
Pela solidão que me consome. 
Quando sinto que não posso mais voar, procuro a realidade. 
Meu nascimento vem das cinzas, das tristezas dos amores não amados. 

Sou um livro aberto da história; 
Conheço cada ponto do horizonte; 
É mais do que qualquer um possa imaginar; 
As pétalas dizem que esperança está em qualquer lugar. 

O homem é um ser complexo: 
Tão delicado, mas ao mesmo tempo tão explosivo. 
Aprendemos, com os magos, a magia da vida; 
Aprendi [...] a tentar ser quem eu realmente sou... 

Sou aquela que nunca deixará de existir 
E que ao mesmo tempo sempre estará em busca de um reino,
Onde a paz é completa... 

Estou em todos os lugares onde você precisar de mim.... Sou a Fênix dos seus sonhos..." 

- Acordem crianças! Já é quase hora do almoço! 

E num lugar distante e num futuro incerto, Adrielle e o Menino encontraram com o tal sujeito, numa outra casa, de varanda, fumando uma guimba, barba por fazer, camisa aberta, bermuda e chinelo. 

- Sabia que um dia vocês me encontrariam. Acreditar que os sonhos viram realidade faz parte. Sejam bem vindos!

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N: Parte dessa história foi publicada originalmente no “Contos de Fada?” em 24/04/2010 e o belo poema de Fênix ("Renascimento") é de autoria de Francyne (Nini) Félix, com permissão. A foto foi tirada na Baia da Babitonga.