sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

"Vida Longa e Próspera"

”O espaço, a fronteira final... Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de cinco anos para explorar novos mundos, pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo, onde nenhum homem jamais esteve.” 

Em meados dos anos 1960, ao lado de séries como Perdidos no Espaço e Túnel do Tempo, surgia Jornada nas Estrelas (Star Trek). A narração inicial com o tema musical tradicional (que, aliás, é o ringtone do alarme do meu celular), sempre às 21 horas das quartas-feiras, dava início a uma pequena crise doméstica, pois, naquele tempo, criança só assistia televisão (que era uma novidade lá em casa, mesmo que em preto e branco) quando os pais permitiam e mesmo assim com restrições (“esse programa não é próprio para crianças e você não pode ver”). Apesar dos temas ingênuos de ficção científica, a presença de um ou outro monstro e daquele sujeito de orelhas pontudas era o suficiente para a censura familiar (“se você assistir vai ter pesadelos”). 

Mesmo com seu término precoce (durou uns três anos), inúmeras reprises permitiram que eu visse a série, posteriormente e até hoje, um sem número de vezes e, claro, entrei para a legião de fãs. Como a vida imita a arte, até um modelo de celular foi criado à semelhança dos comunicadores dos tripulantes da Enterprise (claro que tive um desses) e já estão perto de criar uma arma phaser (ou você pensa que essas armas de choque elétrico foram inspiradas no que, cara pálida?). 

Bom... o sujeito de orelhas pontudas era o Sr. Spock, primeiro oficial ou imediato ou oficial de ciências, da nave estelar que tinha missão de cinco anos e que, até hoje, não terminou, por conta das sequências na telona e os spin offs. Natural do planeta Vulcano, mas meio humano (sua mãe era terráquea), Spock era um sujeito, teoricamente, sem emoções e dono de uma lógica impressionante. Graças ao seu DNA humano, teve lá um dia que ele riu (num episódio onde ele ainda era imediato do Capitão Pike), uma ou outra ocasião que ele demonstrou emoções, mas era um sujeito, como ele mesmo diria, “fascinante”. 

Hoje seu intérprete, Leonard Nimoy, concluiu sua missão, vai encontrar outros tripulantes que já foram antes e eu resolvi separar algumas frases que encontrei na Internet e colocar a singela homenagem que a Rádio Cidade fez no Facebook (espero que eles não fiquem chateados com isso). 

“As necessidades de muitos sobrepõem-se às necessidades de poucos... Ou a de um só.” 

“Sem seguidores, o mal não prospera” 

“Computadores são excelentes e eficientes serviçais, mas não tenho desejo de servir a eles.”

“A mudança é o processo essencial de toda a existência” 

“Uma vez que tenha eliminado o impossível, o que restar, mesmo improvável, deve ser a verdade” 

“Nunca entendi a capacidade feminina de evitar uma resposta direta a uma pergunta” 

“Eu fui e sempre serei seu amigo” 

“A lógica é apenas o princípio da sabedoria, e não o seu fim” 

“Com o tempo, você perceberá que possuir, isto, não será tão prazeroso como desejar e nem muito lógico.” 

“Todos temos necessidades, mas como a maioria de nós, geralmente não sabemos do que”

“Vida longa e próspera” 

“Fascinante” 

 
Boa Noite! RIP Spock! Eu sou o Narrador.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Encontros Tortos

Você sabe o que são encontros tortos? Aprendi isso há dez anos, quando o “Contos de Fada?” começou. A primeira história quem escreveu foi Sininho e as demais foram coisas que o Mago viu por ai, tudo registrado no "Contos" e eu editei numa só. Vamos à primeira? 

“Ontem, ela saiu a esmo pelo mundo quando tudo já estava escuro e posto, dirigindo um carro, chupando uma bala que um anjo havia lhe dado, bebendo uma cerveja... A vida segue estranhos caminhos, pensava ao volante, e a gente nunca sabe, ao certo, se estamos do jeito certo, no caminho certo, fazendo aquilo que é certo. Mas o que é certo? Suprimir o desejo em prol de uma ou outra questão moral, ou deixar que ele venha a flor da pele e tome corpo no corpo?? A única coisa certa é que, nesses anos todos, não teve um só dia que ele deixou seus pensamentos. Mesmo agora, que se tornou outro e ela, outra também. Quando os olhos se cruzam em momentos assim, derradeiros, que ela sai de casa só porque sabe que ele estará lá, é um amor e uma tristeza tão grande que sente, tão grande, um buraco tão grande... que dói na alma da Menina, mas que a suga e a atrai para mais encontros tortos como este... em que ela sai na esperança que ele estará lá. Ele surge quase no momento em que ela esta indo embora, a vê, lhe diz "oi" com um beijo no rosto e um abraço, e depois ela, hipnotizada, fica, olhando de longe, ele com a sua nova menina, esperando o beijo, que nunca sai (!!), que então a mandaria embora para sempre.... e como ele não acontece, ela mantém-se presa a esse feitiço... que de tempos em tempos volta, como havia de ser...” 

Ah! Agora você está começando a entender, não é mesmo? Só que, algum tempo depois, surgiu uma outra versão, onde essa história também começa num “encontro torto”. Vou deixar um vídeo para acompanhar sua leitura clique aqui.

E ontem, quem saiu foi ele... Nem bem a esmo e não estava tão escuro assim. Antes, transformou-se num esquecido menino, usando a magia do cristal do paraíso. Sem carro, foi a pé mesmo... Sem bala, mas tomou uma cerveja! Pelo caminho deu de cara com o Mago (foi assim que ele o conheceu) e perguntou: 

- Será certo o caminho?
- Procure no País dos Sonhos Verdes e siga a trilha da Lua! 

Feito isso, enfim os olhos se cruzaram e ele viu o brilho que procurava, mesmo que semi ofuscado por mais um momento suprimido. Satisfeito? Acho que não. Resolveu voltar para casa, sob o brilho da Lua que, em seu coração, era de porcelana e prata e assim ficou durante muito tempo. 

Andava quieto, já quase não saia e somente observava de longe, procurando o brilho daquele olhar que o enfeitiçou, mesmo que algo o ofuscasse, mas que mudava de cor quando ficava triste. Ela se fora num encanto diferente e os pedaços que sobraram daquele coração sentiram a sua falta. 

Nos dias frios e chuvosos seguintes, ele esquentava água para um chá, mas preferia mesmo era café. Colocou o cristal da outra vez, comeu algumas bolachas... chocolate. Ouvia os pingos da chuva, que traziam recordações de como tanto ela chorava e de como tanto ele a conhecia (e ela não sabia como). E ele só queria que ela soubesse quem ele era, sem esperar que aquilo tudo que viveram terminasse. 

Na solidão, procurou uma velha caixa com figuras e escritos que leu e releu inúmeras vezes, tentando entender seu significado (parecia isso), enquanto aguardava pensativo (ansioso?). Horas passaram, nenhum olhar para cruzar. Procurou um brilho (ou qualquer coisas assim) todas as vezes (foram várias) que afastou a cortina da janela, mas fora em vão. Voltou a examinar a caixa, colocou músicas na eletrola, mas somente as tristes, daquelas que despedaçam o coração, como se sentisse sua chegada e seu chamado. 

Somente o Guardião o viu assim – em silêncio – sem entender sua louca paixão que ninguém sabe como é, pois ninguém é igual e ama como ele. Um feitiço quase eterno e muito difícil de quebrar. 

- Fez boa viagem, Mago? - perguntou o Guardião 
- Quem está na casa? 
- O Menino... ele é muito estranho. 
- É lua cheia... deixe-o dormir. É melhor assim. 

Até que um dia, durante uma visita imaginária... 

- Boa noite, Sr. Mário. 
- Não precisa me chamar de senhor, caro Narrador! Vejo que existe um problema. Tentarei ajudar. Ouça: 

Num outro canto da casa, mais uma noite e ele nem precisou sair, mesmo tendo pensado nisso. Mais uma vez não houve bala e nem cerveja, e somente a chuva o saudava na janela. 

"Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos;" 

Finalmente, na porta, a batida tão esperada naqueles outros tempos bem mais frios; não foi uma surpresa, mas poderia ter sido de outra forma. 

- Explique melhor o que isso quer dizer! 

"Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos;" 

Não houve tempo pra nada: um abraço, um beijo, um sorriso e fim. Preferiu nem olhar pela janela, pois seria duro demais àquela altura. 

"Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos..." 

Segurara sua mão e sentira seu perfume, doce ilusão de raro momento. Um pedido e somente isso, pois as explicações ficaram para outro dia... 

"Atos sao pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo." 

Melhor seria ver à distância, como assim são os encontros tortos, onde somente há tristeza e jamais tanta aproximação. 

E o visitante escritor, conclui sua fala: 

"Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor..."

- Até a próxima, Narrador!  


 Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N: O poema utilizado se chama “Certezas” e é de Mario Quintana, o visitante imaginário que conversou com o Narrador.

Divergente - Mais do Mesmo

Já chove por aqui desde antes do Carnaval. Hoje em dia, com a escassez de recursos hídricos, lá pelas bandas do sudeste, longe de mim reclamar da chuva, principalmente porque amenizou o calor insuportável de 25ºC (com sensação térmica de 23ºC) que pairava por aqui. Claro que essa período de temperatura elevada alavancou o comércio, com a venda de ventiladores, além de estimular o consumo de sorvetes e a frequência ao parque aquático. Só que não tem jeito: com chuva o programa é ficar em casa vendo/assistindo algum filme ou lendo os livros acumulados. 

A grande sorte foi o sinal aberto do Telecine, para quem usa TV paga e não é assinante desse canal (meu caso). No geral, essa assinatura extra não faz muita diferença quanto à seleção de filmes que acabam passando em outros canais, em algum momento, mas foi uma opção a mais nesse período de reprises (deviam dar um desconto para os assinantes – na TV paga o ano só começa depois do Carnaval, como todo o resto). Dá pra distrair, claro, e comecei com o filme “Divergente”, baseado no livro homônimo de Veronica Roth, que traz a agradável figura de Shailene Woodley, que também protagonizou o filme “ A Culpa é das Estrelas”. O filme é rápido e prende a atenção. 

O que acontece é que já começa lembrando “City of Ember” (Cidade das Sombras), quando os jovens conhecem suas vocações. De ação na Terra pós apocalipse, nova sociedade é formada, da mesma forma como em “Jogos Vorazes” e no ainda incógnito “Maze”. De comum entre todos esses filmes são protagonistas jovens, heroínas ao invés de heróis (o mundo do futuro é das mulheres, não tenho dúvida disso), foram baseados em livros/séries e só terminarão a saga em alguns anos. 

Já falei uma vez que séries são legais, mas acabam enchendo o saco. Igual a Harry Potter vai ser muito difícil aparecer alguma coisa que faça tanto sucesso (nem com Crepúsculo foi assim). O ruim das séries no cinema é que, geralmente, os livros são melhores e nem sempre elas continuam, como foi o caso de “A Bússola de Ouro”, onde só o primeiro livro foi para a telona, e ainda não tenho notícia da continuação de “A Hospedeira” (nesses dois últimos a ficção é mais interessante do que “mais do mesmo”, quando falamos de “Divergente”, “Maze” e “Jogos Vorazes”). De qualquer forma, fica a dica (mas se parar de chover eu ainda vou andar de bicicleta hoje).  

 
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tob e o Quati do Narrador

Lá nos “antigamentes”, ter um animal de estimação dependia muito de onde você morava: se fosse numa casa, tudo era mais simples (depois complicaram um pouco, pois se até pra criar galinha caipira, teoricamente, tem que ter algum tipo de autorização, imagina a turma que gosta de um porquinho ou de um cavalo, né?), pois cães e gatos sempre foram boas companhias; se fosse num apartamento, no máximo periquitos e peixes de aquário. Com o tempo as pessoas ficaram mais tolerantes e cães e gatos foram permitidos nos condomínios de prédios, mas, mesmo assim, numa casa tudo é mais fácil. 

Uma vez eu falei sobre isso, no texto “Cadeia Alimentar” e não vou me estender muito nesse assunto. Sempre preferi a fauna local, o que me trouxe lagartixas, lá em Petrópolis, algumas aranhas e sapos, quando morei numa casa, e o cachorro do vizinho. Lá em meados de 2013, adotei um pelúcia. A ideia inicial era acrescentar mais um personagem às minhas histórias e foi aí que o "Quati do Narrador" apareceu, mas acabou ficando como um personagem coadjuvante em alguns textos. Aborrecido com tal situação, ele resolveu dar um tempo, foi visitar seus amigos na loja de lembranças de Foz do Iguaçu e voltou essa semana. 

- Olá, Narrador! Voltei! 

Aí surgiu um problema: havia outro pelúcia circulando pela casa! Era o Tob! 

Alguns animais de estimação surgem de onde a gente nem imagina: o gato de Alice, começou com um sorriso lunar; o Quati do Narrador, veio de uma ideia e de uma lojinha de lembranças; o Tob veio de um sonho que virou livro. Sem saber o que aconteceria, deixei os dois perto da “Bandeja Mágica” e parece que se entenderam. Isso pode virar história, no futuro, mas vou deixar para a Beatriz Peres resolver isso num outro dia. 

  
Boa Noite! Eu sou o Narrador.