sábado, 20 de abril de 2013

Vamos brincar de Índio

Ontem foi o Dia do Índio e, particularmente, vi poucas manifestações a respeito. Uma data “embolada” com Tiradentes e São Jorge, feriadão no Rio de Janeiro, tragédia na maratona, que ocupou todo o noticiário... acredito que a comemoração apareceu mais nas escolas, levando à loucura os pais das crianças pequenas. 

A causa disso é que a referência aos indígenas é bastante confusa, para quem estudou naquele período obscuro da história do Brasil (leia-se ditadura). Sem consultar o Google (isso eu fiz depois), fui lembrando de algumas coisas. Primeiramente, todo mundo falava que índio vivia sem roupa; só que eu tinha um brinquedo chamado “Forte Apache” (referência à uma série de 1948), onde essa verdade não era absoluta – para mim, na época, índio andava a cavalo, matava ursos, tinha pele vermelha e brigava com os soldados lá do forte. Depois entrei para a escola e fui aprender que, quando o Brasil foi descoberto, os índios já estavam por aqui (bom... então quem descobriu o Brasil foram os índios né??) e eram sujeitos do mal, que não queriam ser escravizados e muito menos catequizados. Tão malvados eles eram que comeram (no bom sentido), o bispo Sardinha, talvez confundido com o peixe que, na época, não era enlatado e encontrado nos supermercados. 

Mais adiante, fui conhecer a história do Rio de Janeiro e aí ficou tudo mais confuso ainda, porque tinha o Araribóia, que seria um índio bacana, que ajudou os portugueses a detonarem os franceses, quando esses invadiram a Baia de Guanabara. Sim... os portugueses, os mesmos sujeitos que descobriram o Brasil e saquearam nossos tesouros durante muitos anos. Aqui cabe um parênteses: tenho parentes portugueses e franceses e, lógico, muitos desses nossos ancestrais foram caras legais, tanto que hoje temos as padarias, as piadas e essas coisas (tudo pelo texto politicamente correto). 

O que eu nunca entendi, nessa guerra, é como pode, já que os índios estavam do lado dos portugueses, o Estácio de Sá ter morrido devido a uma flechada? Acredito que também seja um ancestral da bala perdida ou do tal do “fogo amigo”, mas isso só fui aprender muito mais tarde. De qualquer forma, Araribóia foi homenageado com uma estátua, onde ele ficou de costas para a cidade de Niterói, para poder ter uma melhor vista da cidade mais linda do mundo. 

Anos depois, já adolescente, vieram os bailes de Carnaval e a fantasia de índio (no melhor estilo “Pocahontas” para as moças - isso lá naquele tempo) fazia parte do figurino típico, ao lado dos havaianos, jogadores de futebol, etc (o “Sambódromo” viria muito tempo depois). Os estudos de história também foram mudando, surgindo o Marechal Rondon (que virou nome de projeto universitário, mal comparando o trabalho dos jovens, em cidades carentes, a alguma coisa do passado), os irmãos Villas-Bôas, os afluentes da margem direita do Rio Amazonas e minhas referências foram aumentando. 

A ditadura foi perdendo força e aí surgiu o Mario Juruna, quando eu entendi, finalmente, que a história do índio brasileiro era muito dramática mesmo e não tinha nada a ver com os personagens coadjuvantes das séries americanas como “Tonto” (amigo do Zorro, que também não é o “Zorro” e isso é mais confuso ainda), o “Guran” (chefe dos pigmeus Bandar, lá da série do Fantasma), o “Lobo” (Vigilante Rodoviário) e o Robin. 

Hoje em dia, o que vemos é a cultura indígena massacrada. Suas terras vão, literalmente, por água abaixo e suas moradas são destruídas, por conta da Copa do Mundo. 

Dia do Índio... será que as crianças de hoje em dia vão entender alguma coisa? As do meu tempo não entenderam nada...  


Bom dia! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diana

Assisti um show do Fernando Brandt, onde ele comentou (ou será que foi o Lô Borges... agora fiquei na dúvida) que “mineiro faz música com qualquer tema”: ele olha alguma coisa, mesmo a menos interessante e pronto, lá vem a letra e a melodia é consequência. 

Nessa mesma linha, o tema deste texto seria “comprar colchão”, claro que com algum outro título mais chamativo, como “Onde dorme o Pokémon”, para ganhar mais acessos ao blog. Já que o tema é muito sem graça, pensei na lua de mel do Fantasma (Kit Walker) com a Diana Palmer e imaginei a “grande noite” não acontecendo, porque o bravo herói insistia em perder a virgindade na mesma cama de pedra (sem colchão) que seus ancestrais usaram há 600 anos atrás. Indignada, Miss Palmer (agora Palmer Walker) daria um piti e eles adiariam o evento até o momento que o Ponto Frio entregaria um colchão decente. Nisso eu ia descrever toda a saga da escolha, espuma ou molas, disputa entre densidades e molas ensacadas e isso ia render um processo por uso indevido da imagem do herói. Desisti. 

Na sequência, o trovão que ressoou no banco, no exato momento da “morte do porco cofrinho” para aplacar a ira do Leão, gerou uma revolta e uma vontade de soltar os bichos, em outro texto, mas isso foi tema do ano passado, pois todo ano sobra para o porco

Debaixo de uma chuvarada, vejo uma nova loja de instrumentos musicais. Ainda possuía créditos no ticket de estacionamento rotativo de rua e parei (não resisti): lá havia uma flauta para vender e o preço era bom. Anotei o modelo para pesquisar e depois perguntar para o professor de música, mas isso não vai virar texto por enquanto não, já que foi o assunto da postagem da semana passada. 

Veio outra ideia: como escolher as coisas hoje em dia, já que são inúmeras opções e rótulos. Por exemplo: no supermercado eu optei por um apresuntado ao invés de um presunto por conta da quantidade de sódio por fatia; ai lembrei de mencionar que, antigamente, comprar carro era igual a fusca; do colchão eu já falei...ah! Quer saber? Mais assuntos chatos. 

Na falta de ideia melhor, resolvi falar da Diana, que era uma cadela (não a esposa do “Espírito que anda”), foi imortalizada numa música que conheci num show do Boca Livre e que compartilho com vocês. Como os mineiros falaram, qualquer assunto pode virar uma linda canção, mas não necessariamente um bom texto.  


 Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Partitura

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O leitor pode achar, agora, que, ou o Narrador pirou (de vez; de forma irreversível) ou que existe algum problema na formatação da página. Ledo engano: apesar das chances de piração serem reais, o que apresentei é uma frase codificada no sistema binário que é a base de tudo que conhecemos hoje em informática (para traduzir, siga as instruções do link que acompanha os números e aparece na cor azul). Imagine como a coisa era bem complicada antigamente e alguns poderão reconhecer, de cara, o que está escrito. Quando surgiu a Internet e as páginas como hoje as usamos, aquilo tudo era feito em linguagem “html” e montado no “Bloco de Notas” (é o tal do “código-fonte”). 

Sempre fui muito curioso em relação a origem das coisas e dos conceitos e, por isso, antes de começar a usar o computador, fiz um curso e depois fui estudando e aperfeiçoando, por conta própria, até chegar ao Linux. A praticidade dos sistemas operacionais acabou criando uma boa leva de pessoas que nem imagina como a coisa funciona: compra a máquina e sai usando direto de forma totalmente sem noção. 

Esse fenômeno do “compre e use” é bem antigo e fruto da pressa. Quantas coisas perdemos por conta da necessidade de resultados rápidos, não é mesmo? Alguém lê manual de eletrodoméstico antes de colocar na tomada? 

E assim também foi com a música, quando cifras e tablaturas substituíram as complexas partituras. No meu tempo, foi assim que aprendi (?) a tocar violão: um acorde, um jeito de fazê-lo e vamos tocar. Durante muitos anos aprendi algumas músicas e isso me rendeu o prazer de tocar com meus alunos no Pratas de 2007

Aí resolvi aprender a tocar flauta transversal (já é projeto bem antigo). Só que os preços do instrumento são proibitivos, não é algo que vire “cabide” se não for usado e muito menos você passa adiante com tanta facilidade: foi necessário consultar um especialista e assim procurei uma escola de música. Comecei as aulas? Não comecei: o curso lá ainda é projeto. Esperanças perdidas? Claro que não! Vamos, então, retornar ao violão, dessa vez do jeito certo. 

Hoje foi o primeiro dia. Como as notas eu conheço, assim como os acordes, hora de tirar dúvidas; entender porque o ré sustenido também pode ser o mi bemol foi o máximo! 

Agora é seguir em frente, aprender a coisa e, quem sabe, um dia, talvez eu consiga tocar a melodia que as andorinhas montaram nos fios de energia.


  Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N. A ideia da foto veio de outra que Alice flagrou. Disse a lenda que uma amiga realmente transformou a foto em música, mas o resultado eu nunca ouvi.