domingo, 28 de setembro de 2014

Inesquecível

Um programa que eu sempre via (assistia) na televisão era o “Programa Livre” com o Serginho Groisman. Naquele tempo a atração surgia, no SBT, lá pelas dezessete horas e aí ficava bem fácil. Infelizmente o Serginho não resistiu à "globalização da coisa" e agora ele apresenta um programa semelhante ("Altas Horas") em horário proibitivo (na madrugada de sábado para domingo). Só que continua um bom programa e há a reprise, aos domingos, no Multishow. 

Em setembro de 2007, lá no “Contos de Fadas?” eu escrevi um texto sobre o término da dupla Sandy e Junior que era mais ou menos assim (já que eu editei): 

“Quando a gente era bem pequeno, eles eram menores ainda (ou, quem sabe, do nosso tamanho). Cresceram cantando aquelas canções que dispararam nossos corações, durante quase duas décadas. 

Falaram de amores inesquecíveis, como o da Lua naquela lenda, que fez sorrir ou fez chorar, Ou do brilho da estrela naquele olhar. Já pularam e nos fizeram pular; já falaram da chuva e agora, no final, eles tem ciúme de quem pode ter pra sempre (queriam estar nos sonhos). 

Enfim, só nos resta escutar seus últimos momentos juntos, relembrando o quanto já suspiramos ao ouvir suas baladas e o "turu-turu" dos nossos corações...” 

Hoje, no programa do Serginho, dedicado aos “Anos 90”, um momento muito especial aconteceu: o Júnior estava presente, mas a Sandy só apareceu no telão. Aí chamaram uma menina (Malu Gavassi... sim... também não sabia quem era e meio que continuo sem saber, mas ela fez uma participação especial na série “Julie e os Fantasmas” que já falei aqui), para cantar uma música da dupla. Foi um lance bem emocionante, inclusive para ela e para boa parte da plateia que chorou junto com ela em dado momento. 

Sem dúvida, foram bons tempos. O momento mais marcante de um show deles que assisti, em Petrópolis, foi quando cantaram “Bring me to life” da banda “Evanescence”: a plateia quase não acreditou no que ouviu (confira aqui). Vou deixar uma colagem de fotos e, enquanto estiver disponível, o vídeo do programa (clique aqui). 

"Não dá pra não pensar em você... tá cada vez mais difícil não poder te ver... a nossa história só está começando..."

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Nas terras de Ribamar

Quando o astronauta Taylor, personagem de Charlton Heston no filme “O Planeta dos Macacos”, de 1968, finalmente fugiu com uma amiga que por lá encontrou, de nome Nova, ele foi parar num local algo desértico, mas banhado pelo mar. De repente ele deu de cara com as ruínas da Estátua da Liberdade e fez aquela cara de babaca espanto. Eu jamais poderia imaginar que, anos depois, eu fosse fazer uma cara muito parecida. 

A viagem ao Maranhão custou 3300 quilômetros, levou umas 12 horas na ida e 17 horas na volta e foi uma experiência cercada de emoções e aprendizados. Pulando os detalhes do trajeto, recheado de baldeações, chegamos famintos à São Luis, onde fomos recepcionados por um rápido almoço (digamos que comemos rápido, porque o almoço foi preparado na hora e aí demorou bastante), para depois (alguns) seguirmos para São José de Ribamar, não sem antes passar pela cidade de Raposa, onde conhecemos o artesanato das rendeiras (a Wikipedia fala que é artesanato cearense... enfim). Claro que rolou City Tour na capital maranhense, um tempinho na praia 'que ninguém é de ferro, até seguirmos para Barreirinhas, porta de entrada para os Lençóis. 

A aventura começa nos veículos 4x4, adaptados para transportar passageiros (lembram os “paus de arara”, no bom sentido é claro) e que atravessam o rio em balsas, para depois fazer a trilha até as dunas. A partir daí é caminhando mesmo, descalço (a areia não queima os pés), subindo e descendo (ou rolando, se for o caso), até as lagoas. Se os veículos sacodem? Claro que não sacodem (sacudir é para os fracos), pois eles pulam o tempo todo (convém não almoçar muito) e, eventualmente, um galho da vegetação faz uma visitinha aos passageiros que estão na ponta. Já lembrou da paisagem que eu falei no início? É muito mais bonita do que aquela e ainda dá pra ver o pôr do sol (visitar à tarde certamente é melhor). 

Barreirinhas ainda guarda outra surpresa que é o passeio pelo rio Preguiças, até a praia de Caburé, na foz do rio. No meio do caminho ainda para em Vassouras (também conhecida como “pequenos lençóis”), onde, além da paisagem, a brincadeira fica por conta dos macacos-prego que moram por lá. Inteligentes, eles observam a movimentação dos turistas e esperam a abertura de alguma bolsa para cair em cima, procurando presentes tipo celular, máquina fotográfica, carteira de dinheiro e qualquer coisa que eles consigam pegar. Acompanhei um deles que investiu num pacote de biscoitos de uma menininha que, infelizmente, dessa vez ficou sem lanche. Provavelmente esses macacos herdarão a terra depois da queda do cometa (ou lá o que seja) e aguardarão a chegada do Taylor, ou algum equivalente do futuro. Quase em Caburé, ainda conhecemos Mandacaru, onde fica o farol e o segundo maior cajueiro do mundo (e muitas lojinhas também). 

Coisas interessantes: 
- O Maranhão é um estado muito pobre, com o segundo pior IDH do país, e não entendemos direito como isso acontece, já que água existe, belezas naturais e culturais também, há todo o tipo de turismo (se bem que carece de maior profissionalismo e conservação, principalmente no Centro Histórico), existe o porto... bom... sei lá. 
- Lojinhas de artesanato não faltam, mas algumas coisas lá tem etiquetas “Made in China”. 
- As rendeiras de Raposa moram em palafitas sobre o manguezal. Além do lixo acumulado no mangue, de tempos em tempos eles tem que “subir a casa”, para o mar não invadir. 
- São José de Ribamar é o padroeiro do Maranhão. Por conta disso, Ribamar é sobrenome comum, em homenagem ao santo. Se você entrar num bar e procurar por Ribamar, vai aparecer o João, a Maria e até o José Ribamar (agora você entendeu, né?). 
- Segundo o guia da “Casa de Nhozinho”, o Maranhão parou de produzir farinha de mandioca e “importa” do Pará. Ele disse que as pessoas preferem ganhar a grana através de bolsas do que trabalhar para isso. 
- Agilidade não é característica local: quando for almoçar ou jantar, tudo será preparado na hora e vai demorar (na Bahia é mais rápido, para se ter uma ideia). 
- Para descer as dunas sem rolar, use os calcanhares; para subir, use o fôlego. 
- Idosos e gestantes conseguem passear nas dunas, mas havia uma lá que a gente acreditava que o parto ia ser numa das lagoas (ufa... escapamos... mas que isso seria uma história sensacional, lá isso seria). 
- Se você tiver algum problema com areia, vá para São Paulo e desista dos Lençóis! 
- Filtro solar realmente funciona; máquinas de cartão de débito/crédito, não. 
- Cuidado com a Tiquira (ninguém experimentou). 
- Carne de sol realmente fica exposta ao sol; existe uma variante que é o frango de sol. Na dúvida é melhor comer peixe. 
- Ter pessoas animadas, simpáticas e divertidas no grupo não tem preço. 
- Saber que as professoras do grupo vão ler seu texto aumenta a responsabilidade do Narrador. 

Será que eu esqueci alguma coisa? 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 7 de setembro de 2014

O Décimo Primeiro Andar

A visão do hotel parcialmente isolado por aquelas faixas amarelas, comuns nos seriados policiais da televisão, além dos carros de polícia e do SAMU, todos com o giroflex ligado, a fizeram pensar (Que porra é essa? Acho que deu merda por aqui. Nossa! Alguma coisa aconteceu! O que será?”). 

Algumas semanas antes, depois de uma discussão doméstica por conta do sumiço de seu gato (dizem que foi abduzido pelo “homem do saco”, mas acredita-se que ele foi internado numa clínica psiquiátrica, depois do susto que ele levou há alguns textos atrás), ela colocou umas roupas (e algumas mentiras) numa bolsa, pegou um velho Uno Mille, primeira geração, que apodrecia no quintal de casa, engrenou uma segunda, soltou o freio de mão na ladeira, misteriosamente ele pegou, e ela foi embora para o interior de São Paulo, lá pros lados de Sorocaba. Apesar de pouco letrada, fizera um curso de decoração de bolachas (alimento mais conhecida como biscoito, apesar de serem coisas diferentes) e achou que tal conhecimento poderia abrir alguma alternativa de trabalho. 

Realmente isso ajudou porque havia uma padaria precisando de um confeiteiro, pois o atual, bem idoso (parecia que tinha uns duzentos anos), estava prestes a se aposentar. Como ela não tinha muita experiência, faria um curso rápido, na capital, onde o velhinho seria homenageado. 

Partiram os dois: no hotel ele ficou no oitavo e ela no décimo primeiro andar. O primeiro dia foi cansativo, mas bem proveitoso. Ao chegar de volta, tomou um banho, jantou e logo foi dormir. Combinara de encontrar o confeiteiro, para irem juntos, pela manhã, mas acordou tarde e assustada (a bateria do celular descarregou e o despertador não tocou), se arrumando correndo, mas ainda deu tempo de fazer uma “selfie” sem maquiagem (aquela amiga gostosona a desafiou a colocar uma foto assim, na rede social) e saiu batendo as portas, meio estabanada. Estranhou que o velhinho não estivesse no curso e, na volta, o circo estava armado, como contei mais acima. 

Como o isolamento era parcial, de posse do cartão do hotel ela pode entrar. Teve a impressão que os funcionários a apontavam e cochichavam, mas subiu para seu quarto sem se incomodar com isso. 

 - Olá! Sou a detetive Benson da UVE¹! A senhora é a dona Natasha? 
(“Caralho... Era só o que me faltava”) - Meu nome é Ana Paula, por favor. 
- Os recepcionistas me informaram que esse era seu nome e que a senhora conhecia o morto.
(“Como assim, morto?”) - Pera! Você está querendo me dizer que o confeiteiro morreu? Morreu de que? E por que meu quarto está isolado? 
- Ele morreu aqui e a senhora foi a última pessoa a vê-lo vivo. 

Ana Paula ficou sem palavras, enquanto uma equipe do CSI² colhia provas e mandava que abrisse a boca para o DNA. Levada para a delegacia local, foi deixada isolada em uma sala, até que apareceu um senhor baixo e gordinho. 

- Boa tarde. Meu nome é James Brass e sou capitão aqui, mas pode me chamar de Jim. 

Ela estranhou a intimidade e continuou quieta. (“Isso só pode ser coisa daquelas gurias bruxas, só pode”

- A senhora será liberada. O confeiteiro morreu de infarto. Uma foto no seu celular mostra o susto que ele levou. (“Susto? Como assim?”) 

Recebeu seus pertences e foi conferir a tal foto. Pelo que entendeu, já que estava atrasada, o velhinho pediu para a camareira abrir a porta, para ver o que acontecera, enquanto ela ainda estava no banheiro. Sentado na cama, ele viu, pelo espelho, seu rosto sem “make”, sem filtro e sem nada e acabou infartando, não sem antes virar um “photobomb” que “viralizou” na Internet. Depois disso, ela não voltou para a padaria e ainda não se sabe o que aconteceu com ela.  


Bom Dia! Eu sou o Narrador.  

¹ “UVE ou “SVU” é a sigla para Unidade de Vítimas Especiais, um “spin off” do original “Law and Order”, série da TV paga, e a detetive Benson é a personagem principal; ² “CSI” significa “Crime Scene Investigation”, outra série televisiva, onde aparece o capitão Brass.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Vai ter carta sim

”Tem mais de 11 anos e ainda não recebeu sua carta de Hogwarts? Então junte-se a nós nesse protesto! Não é justo que o Harry tenha recebido 1 milhão de cartas, no seu décimo primeiro aniversário, e você nenhuma. #vemprarua #vaitercartasim” 

Marcado para o dia primeiro de setembro, o protesto foi programado há bastante tempo, quando o Tom Riddle ainda vivia no orfanato e era um grande revoltado por conta disso. Para aplacar a sua fúria, acabou que o Professor Dumbledore foi lá convidá-lo pessoalmente e aí deu no que deu e que todos nós sabemos. 

Mais de 130000 pessoas confirmaram presença, através de um rede social, e a cobertura jornalística, exclusiva, foi da PorkNews (dessa vez nem o Marcelo Rezende e muito menos o Datena conseguiram chegar primeiro). A coisa toda foi uma zona grande baixaria confusão: aos poucos os manifestantes foram chegando, como se estivessem num “rolezinho”, e antes que os novos alunos de Hogwarts e seus pais percebessem, cartazes com os dizeres “Vai ter carta sim”, tumultuaram a plataforma 9 ¾ da King Cross em Londres. Além de vários “trouxas” (que de trouxa nada tinham), muito bichos de estimação, como o Quati do Narrador, as corujas da Lumena e da Suelen Veiga, o Panqueca da Ariely, a gata louca da enteada da Ana (Natasha) Paula, e até o gato de Alice, também faziam coro em favor de seus donos. Tudo por conta do absurdo de nunca terem recebido qualquer comunicação, da renomada Escola de Magia, a respeito de suas matrículas. Afinal de contas, todo mundo sabe que não precisa ser filho de bruxo para receber a carta, pois, historicamente, uma filha de pais dentistas também foi escalada (e eles não possuíam poderes especiais, apesar de serem, por vezes, confundidos com bichos-papões, por conta dos gritos que despertam nas crianças e, por vezes, em alguns adultos medrosos). 

As desculpas do Ministério da Magia eram as mais bizarras possíveis: greve das corujas, somente um chapéu seletor para a divisão entre as casas e poucos professores concursados (que também aproveitaram o movimento, para reivindicar aumento de salário, melhora nas condições de trabalho, seguro saúde e adicional de insalubridade). 

A muito custo, os manifestantes liberaram a partida do Expresso Hogwarts, causando alívio naqueles que não tinham nada a ver com esses problemas, mas não desistiram de protestar. A coisa seguia bem pacífica até que uma tal de Fada Verde apareceu, escoltada por alguns duendes bancários de Gringotes que reclamavam de trabalho escravo, e aí a coisa pegou: surgiu um carro de som entoando umas músicas da Anitta, que viraram bate-estaca eletrônico, e uma rave foi instalada no local, com todo mundo muito doido, aumentando o tumulto na estação. Alguns elfos domésticos aproveitaram a bagunça, para pegar algumas roupas que eram jogadas por manifestantes, digamos, mais festivos. 

Sabedor da situação, o Ministro da Magia, um bruxo loiro que foi um “ex quase comensal da morte” (só não foi porque amarelou na hora) e que teria (quase) se regenerado, fez um pronunciamento na televisão concordando com as reivindicações e apresentando uma mágica sensacional que denominou de “Mais Cartas”, onde, através de um convênio com uma entidade intergaláctica de magia, importaria várias corujas marcianas, contrataria acadêmicos de bruxaria, de último ano, para suprir a falta de professores (como se fosse um estágio supervisionado) e terceirizaria o trabalho do chapéu pensador. 

Foi a gota d'água: Voldemort, Dumbledore e Snape ressuscitaram, auxiliados por alguma relíquia da morte que foi trazida pela Fênix da Nini, e foram lá na manifestação que, a essa altura, já seguia em passeata até o Ministério, não sobrando outra alternativa ao Ministro (que foi ameaçado de levar uma surra de vara na sua bunda – e não era varinha de condão não, era aquela do tempo da “Vó Salvelina”) senão convocar vários dementadores de Azkaban e aí o pau comeu mesmo. Foi um tal de “Expectro Patronum” pra cá, “Expelliarmus” pra lá, até que surgiu um gigantesco dragão “Barriga-de-Ferro Ucraniano” que, apesar de somente querer reclamar de alguma coisa também, aterrorizou a turma toda, que saiu correndo, pulando em privadas sanitárias. 

No final, ninguém foi preso, o ministro desapareceu (disseram que se escondeu em Storybrooke), Voldemort, Dumbledore e Snape voltaram para seu descanso eterno e os demais prometeram não parar até suas reivindicações serem atendidas. Pois é... #vaitercartasim  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N.:Agradeço ao Guilherme, pela tirinha (clique nela para ampliar). Visite o Porco Espírito.