terça-feira, 16 de setembro de 2014

Nas terras de Ribamar

Quando o astronauta Taylor, personagem de Charlton Heston no filme “O Planeta dos Macacos”, de 1968, finalmente fugiu com uma amiga que por lá encontrou, de nome Nova, ele foi parar num local algo desértico, mas banhado pelo mar. De repente ele deu de cara com as ruínas da Estátua da Liberdade e fez aquela cara de babaca espanto. Eu jamais poderia imaginar que, anos depois, eu fosse fazer uma cara muito parecida. 

A viagem ao Maranhão custou 3300 quilômetros, levou umas 12 horas na ida e 17 horas na volta e foi uma experiência cercada de emoções e aprendizados. Pulando os detalhes do trajeto, recheado de baldeações, chegamos famintos à São Luis, onde fomos recepcionados por um rápido almoço (digamos que comemos rápido, porque o almoço foi preparado na hora e aí demorou bastante), para depois (alguns) seguirmos para São José de Ribamar, não sem antes passar pela cidade de Raposa, onde conhecemos o artesanato das rendeiras (a Wikipedia fala que é artesanato cearense... enfim). Claro que rolou City Tour na capital maranhense, um tempinho na praia 'que ninguém é de ferro, até seguirmos para Barreirinhas, porta de entrada para os Lençóis. 

A aventura começa nos veículos 4x4, adaptados para transportar passageiros (lembram os “paus de arara”, no bom sentido é claro) e que atravessam o rio em balsas, para depois fazer a trilha até as dunas. A partir daí é caminhando mesmo, descalço (a areia não queima os pés), subindo e descendo (ou rolando, se for o caso), até as lagoas. Se os veículos sacodem? Claro que não sacodem (sacudir é para os fracos), pois eles pulam o tempo todo (convém não almoçar muito) e, eventualmente, um galho da vegetação faz uma visitinha aos passageiros que estão na ponta. Já lembrou da paisagem que eu falei no início? É muito mais bonita do que aquela e ainda dá pra ver o pôr do sol (visitar à tarde certamente é melhor). 

Barreirinhas ainda guarda outra surpresa que é o passeio pelo rio Preguiças, até a praia de Caburé, na foz do rio. No meio do caminho ainda para em Vassouras (também conhecida como “pequenos lençóis”), onde, além da paisagem, a brincadeira fica por conta dos macacos-prego que moram por lá. Inteligentes, eles observam a movimentação dos turistas e esperam a abertura de alguma bolsa para cair em cima, procurando presentes tipo celular, máquina fotográfica, carteira de dinheiro e qualquer coisa que eles consigam pegar. Acompanhei um deles que investiu num pacote de biscoitos de uma menininha que, infelizmente, dessa vez ficou sem lanche. Provavelmente esses macacos herdarão a terra depois da queda do cometa (ou lá o que seja) e aguardarão a chegada do Taylor, ou algum equivalente do futuro. Quase em Caburé, ainda conhecemos Mandacaru, onde fica o farol e o segundo maior cajueiro do mundo (e muitas lojinhas também). 

Coisas interessantes: 
- O Maranhão é um estado muito pobre, com o segundo pior IDH do país, e não entendemos direito como isso acontece, já que água existe, belezas naturais e culturais também, há todo o tipo de turismo (se bem que carece de maior profissionalismo e conservação, principalmente no Centro Histórico), existe o porto... bom... sei lá. 
- Lojinhas de artesanato não faltam, mas algumas coisas lá tem etiquetas “Made in China”. 
- As rendeiras de Raposa moram em palafitas sobre o manguezal. Além do lixo acumulado no mangue, de tempos em tempos eles tem que “subir a casa”, para o mar não invadir. 
- São José de Ribamar é o padroeiro do Maranhão. Por conta disso, Ribamar é sobrenome comum, em homenagem ao santo. Se você entrar num bar e procurar por Ribamar, vai aparecer o João, a Maria e até o José Ribamar (agora você entendeu, né?). 
- Segundo o guia da “Casa de Nhozinho”, o Maranhão parou de produzir farinha de mandioca e “importa” do Pará. Ele disse que as pessoas preferem ganhar a grana através de bolsas do que trabalhar para isso. 
- Agilidade não é característica local: quando for almoçar ou jantar, tudo será preparado na hora e vai demorar (na Bahia é mais rápido, para se ter uma ideia). 
- Para descer as dunas sem rolar, use os calcanhares; para subir, use o fôlego. 
- Idosos e gestantes conseguem passear nas dunas, mas havia uma lá que a gente acreditava que o parto ia ser numa das lagoas (ufa... escapamos... mas que isso seria uma história sensacional, lá isso seria). 
- Se você tiver algum problema com areia, vá para São Paulo e desista dos Lençóis! 
- Filtro solar realmente funciona; máquinas de cartão de débito/crédito, não. 
- Cuidado com a Tiquira (ninguém experimentou). 
- Carne de sol realmente fica exposta ao sol; existe uma variante que é o frango de sol. Na dúvida é melhor comer peixe. 
- Ter pessoas animadas, simpáticas e divertidas no grupo não tem preço. 
- Saber que as professoras do grupo vão ler seu texto aumenta a responsabilidade do Narrador. 

Será que eu esqueci alguma coisa? 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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