domingo, 30 de novembro de 2014

Preparando o Natal

Já conhecia Alice há algum tempo, mas posso dizer que nos vimos, pela primeira vez, no final de 2005, quando fiz um roteiro a partir de Balneário Camboriú que incluiu o Parque Beto Carrero e, finalmente, Joinville. O encontro foi no Shopping Mueller e foi bem mágico porque era quase Natal, ela levou suas fadas (que hoje já são crescidas, a mais velha passou no vestibular, a mais nova debutou numa festa de chocolate com direito ao Wonka e tudo o mais), a decoração do shopping estava muito bonita e até encontramos com o Papai Noel. 

Alguns anos depois, os encontros ficaram mais frequentes (digamos que demoram menos tempo para acontecer) e acabou que eu ganhei um certo gosto de fotografar decoração natalina por ai. Efetivamente não sei ao certo se as cidades é que se esmeraram nesse aspecto ou se eu fiquei mais observador. O que eu sei é que tirei muitas fotos e há três anos eu faço álbuns no Facebook com o tema. 

Como hoje é o dia de começar a montar a árvore de Natal, além de montar a minha, comecei o álbum novo e achei interessante fazer uma coletânea dos últimos anos no vídeo abaixo. Espero que curtam o trabalho e, aos poucos, outras novidades surgirão (inclusive verei Alice, novamente, só não sei exatamente o dia) 



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O que você vê quando fecha os olhos?

Tenho o costume de deixar uns links que (teoricamente) aparecem em palavras ou frases com alguma cor diferente (geralmente azul). O objetivo é dar ao leitor alguma coisa a mais do que o texto ou, então, referenciar para o local da ideia original. O texto de hoje tem alguns links, mas não é sobre isso que vou falar. 

Há alguns dias uma frase/pergunta sempre vem na minha cabeça: “O que você vê quando fecha os olhos?” 

Outro dia falei de robôs, no texto “O Homem Bicentenário" (apareceu colorido: é link, confira) e acho esse tema interessante. Lá o leitor conheceu as “Leis da Robótica” e, outro dia, conheci outras nuances sobre inteligência artificial (A.I.) vendo (assistindo) o filme “Eva”. Dei uma pesquisada e encontrei coisas legais no blog "Cinema Secreto: Cinegnose" que, conforme ele mesmo explica, “é um blog dedicado à divulgação e discussões sobre pesquisas e insights em torno das relações entre Gnosticismo, Sincromisticismo, Semiótica e Psicanálise com Cinema e cultura pop.” No final das contas, essa frase (dita no filme) é o que desliga/mata/faz entrar em colapso os seres dotados de A.I. e ocorre porque é uma pergunta meio irracional, já que para enxergar é necessário a abertura dos olhos. É algo do tipo “ver TV” ou “assistir TV”: o que será que é o correto? 

A mente humana permite "digerir" essas coisas meio paradoxais e que, na língua portuguesa, surgem a todo momento. Como explicar para o David (A.I. do filme do mesmo nome e que foi cover do Pinóquio) que a "Fada Azul" era coisa de outro filme? Alguém viu as dúvidas do Sr. Data, da série Star Trek – Next Generation (passa, atualmente, no canal pago SyFy) quando a rainha Borg quis resolver seu problema de ter sentimentos? Outro dia, em outra evolução de Star Trek para Star Trek Voyager, o “Doutor” (que é nada menos do que um holograma) teve parte de sua memória apagada por conta de uma “crise de consciência”, criando problemas para os demais tripulantes. Agora imagine: se isso já é complicado para os A.I. como será que funciona conosco? (se alguém souber, favor colocar nos comentários)

Voltando ao filme “Eva”, produção espanhola de 2011, a cena acontece no ano de 2041. Sem dar maiores detalhes, é bem interessante ver como seria a evolução robótica: gato que funciona como gato, mas não precisa de caixa de areia e nem de castração (pet shop nem pensar); funcionário do lar que pode mudar seu nível de comportamento a critério do dono (mais simpático, mais formal, coisas assim). Apesar disso tudo gerar algum tédio, bem que a ideia é interessante. Para os entediados, eles tentam criar um A.I. com “alma” e já viu que isso não dá certo mesmo. 

Ouvir a pergunta fatal não me causou problemas (além do fato de ter demorado um tempo para escrever esse texto). A resposta é lógica: não vejo nada. Fecho os olhos e durmo, apesar que algumas pessoas fecham os olhos para não ver as intempéries à sua volta e outros fecham os olhos e fixam os pensamentos nas cagadas que fizeram. 

Esse texto foi duro, né? Se eu fosse um A.I. muita gente iria querer mandar a frase nos meus ouvidos. De qualquer maneira, confiram que o filme é muito bom. Fica a dica. 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 16 de novembro de 2014

O Pedal da Floresta

Quando eu tinha uns dez anos eu ganhei a minha primeira bicicleta. Era uma Caloi dobrável, vermelha e que a propaganda garantia que, uma vez “dobrada”, caberia na mala dianteira do fusca do papai. A primeira parte dessa saga, foi descobrir o que era uma tal de “chave sextavada” que tiraria o pedal, para – aí sim – conseguir colocar na mala. Como não descobrimos, o papai saiu com a bicicleta (empurrando) até uma loja própria onde o pedal foi retirado. Ai vem a pergunta que não quer calar: sem o pedal a bicicleta coube na mala do fusca? Ah! Esqueceram de falar que teria que tirar o estepe! E onde iria o estepe? No espaço atrás do banco traseiro! E as malas? Porra Caralho Que foda isso E quem foi que falou que as malas estavam incluídas no raciocínio? 

Pra simplificar as coisas, aprendi a andar, curti muito na adolescência, usei os ensinamentos em Paquetá e aí a coisa parou durante uns trinta anos até que fui morar em Petrópolis e ganhei uma nova bicicleta da minha mãe. Isso já foi uma manobra do papai. Eu explico: infelizmente mamãe falecera meses antes, mas ela tinha uma grana escondida em algum lugar que eu não lembro mais e isso virou o presente póstumo dela. Essa bicicleta foi dica do meu sobrinho (uma Caloi Aspen 2000), mas eu ainda precisaria treinar muito até conseguir sair do entorno do prédio que eu morava (eu fiquei dando voltas ao redor do prédio por várias semanas). Na primeira tentativa, não rodei nem um quilometro e optei por um transbike e aí poderia ir até o Parque Municipal com a bicicleta no carro (do lado de fora). Até que, um dia, consegui pedalar na rua. Hoje eu sou o tal ciclista urbano e faço meus passeios pela cidade mesmo. 

Só que existem aqueles caras bem legais que gostam de pedalar em trilhas (de preferência com lama) e, por conta disso, hoje rolou um “pedal” de cicloturismo dentro de uma floresta protegida pelo IBAMA. Minha bicicleta não é nem perto uma mountain bike, mas tem várias marchas e a coisa rola. Estudei o que eu achava que seria o percurso: uns 10 km no asfalto, umas duas subidas mais difíceis (que achei que dava para encarar) e depois uns 5 km de estrada de chão. Quando eles falaram que entrariam na floresta antes, aí eu vi que a coisa era séria, mas já era tarde para desistir. No primeiro obstáculo de lama, amarelei e passei a pé carregando a bicicleta; no seguinte já fui mais ousado, aumentei a velocidade e vi que o segredo era encarar sem medo. Até que, em dado momento, vislumbro ao longe um sujeito sentado depois de outro lamaçal: ele é que dava as dicas de como atravessar. Enlameado, consegui fazer o trajeto (tudo na subida) até a sede do IBAMA, onde rolava um evento. Lá a turma ainda fez um trajeto de mais 10 km que eu pulei e fiquei curtindo as atividades. 

Fiquei impressionado com a fome que tudo isso deu. Nem sei quantas bananas comi, além de barrinhas de cereal, muita água, um energético/hidratante com base em erva-mate (muito bom por sinal) e algumas deliciosas amoras, oferecidas por produtores locais. Alguns mosquitos depois, a volta foi iniciada com uma parada para almoço e, finalmente, cheguei em casa. Um bom banho, uma cervejinha para rebater, algumas horas lavando o tênis (que até agora tem lama) e um descanso, tentando entender que músculos são esses que eu não conhecia e que estão doendo. De qualquer forma foi tudo muito bom. Se eu vou fazer outra trilha dessas? Realmente eu não sei, mas isso só o tempo poderá decidir.

Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sábado, 15 de novembro de 2014

Dois Domingos

Para quem trabalha sábado (tirando os plantonistas, pois para esses não faz muita diferença), um feriado realmente é um feriado; para quem não trabalha, o dia vira um domingo só que um pouco diferente. Sábado é dia de supermercado, de lavar o carro (bom... hoje em dia, dependendo de onde você mora, é socialmente incorreto), fazer tarefas domésticas, cortar o cabelo e uma série de coisas que as pessoas não tem muito tempo para fazer, durante a semana, e que não farão no domingo. 

Proclamação da República é feriado nacional, "caiu", este ano, num sábado e aí tudo que eu falei não aconteceu. Nem o cinema abriu (ele fica num supermercado) e a manhã primaveril, curta como as noites (durante o horário de verão), com alguma nebulosidade, temperatura amena e muito sonolenta, foi o que tivemos para hoje. Por um lado isso foi bom, pois as estações estão enlouquecidas e a primavera já não é mais como antigamente (se bem que hoje lembrou os bons tempos). 

A última vez que eu lembro dessa coincidência foi nos dois primeiros dias do ano de 2011. Naquele dia, Adrielle estava feliz, pois seu amigo (o menino) voltara de uma longa jornada, onde fora curar as feridas da desilusão. Por ele, ela faria qualquer coisa como já contei outro dia; uma paixão infantil – ele era seu ídolo!

- Cuidei da flor pra você. 
- Eu sei. - ele sorriu 
- Você vai ficar aqui? 

Ele não respondeu e Adrielle disfarçara sua frustração. Engasgada, no final da frase, saiu correndo até o jardim, onde encontrou o Mago. Escondeu seu rosto no seu peito, enquanto o abraçava com força, e chorava e chorava e chorava, como se fosse uma grande tempestade. 

- Do que vou cuidar agora? Ele vai embora outra vez. – soluçava. 
- Cuide do presente que ele te deu. 
- Como assim? – ela levantou a cabeça, lentamente, enxugando o rosto. 
- Fez você conhecer o amor, a dedicação, a paciência de esperar e a determinação de conseguir o que deseja. O menino representa tudo isso e precisa que você sempre cuide dele.

Vou te contar uma história - o Mago prosseguiu - era uma vez... a lenda de um lugar perdido no meio de um monte de neve gelada, cujo acesso era por uma caverna que ligava a neve a um mundo tropical. Nesse mundo existiam vales verdes, cachoeiras, serenidade e seus habitantes eram governados por um jovem casal que veio de outros tempos, para ensinar, aprender e amar incondicionalmente. Lá, ainda dizia a lenda, os casais eram predestinados: um encontro casual, somente um olhar, e o brilho do amor, como um halo, juntava o corpo e a alma dos amantes como se fosse uma ilusão de ótica. 

- O que você quer dizer com isso? - ela perguntou.
- Que tenho minhas dúvidas se isso é somente uma lenda... 
- Como assim? 
- Pense, pequenina: será que amar alguém seria, no final das contas, amar a versão de nós mesmos que se mostra no encontro com esse alguém? 

Bom... algum tempo depois, quando tudo se desfez (clique aqui para entender isso), eles foram atrás de sonhos... quem sabe, de repente, aparecem nos nossos também.



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Festival Gastronômico

Quando criança, eu era o tal do “garoto chato para comer”; arroz e feijão descia bem, mas os ditos “pratos principais” eram bem restritos e sujeitos à “catação de impurezas” verdes ou aceboladas (já entendeu que alface, tomate e cebola não faziam parte do meu cardápio infantil); das frutas, só banana; suco somente de uva (boas lembranças do tempo em que o Bob's servia misto quente e suco de uva, delícias, após uma tarde no cinema com minha mãe). Sempre ameaçado com o tal do “quando for servir o exército é que vai aprender a comer”, fui levando essa infância nem um pouco saudável, do ponto de vista nutricional. Quando me apresentei no “alistamento obrigatório”, fui reprovado por “incapacidade física temporária” (“Eba! Não vou precisar comer os alimentos militares”), mas aí entrei para a faculdade, já frequentava a casa dos amigos e se você for chato para comer você passa fome mesmo (fora a “pagação de mico”). 

Hoje em dia não dispenso mais a saladinha e encaro as novidades, mas algumas coisas não descem mesmo. Por conta disso, já que tivemos novo Festival Gastronômico por aqui (dessa vez “de Primavera”), dos cinco restaurantes que se apresentaram, para mostrar suas delícias, dois eu vetei de cara. Um deles - especialista em sanduíches gigantes e, provavelmente, deliciosos – servia pepino (que eu ainda “cato” do BigMac) e azeitona, no seu prato. e isso não ia dar para mim (sem contar que já evito os “sandubas” hipercalóricos das lanchonetes); o outro, de entrada, servia bruschetta com abobrinha e outra com berinjela e aí também não deu. 

Optei pelo certo: abri os trabalhos no Alecrim, restaurante anexo ao Planalto Hotel, onde almoço quase todos os dias. Atendimento personalizado, sou tratado pelo nome, já conhecem meus hábitos e me senti em casa. De entrada, uma salada de folhas e vegetais frescos com uma amostra do prato principal (truta) marinada em limão e regada com creme de wasabi, além de pedaços de abacate que, até então, eu não entendia bem o que ele fazia por lá. Apresentação impecável, mas houve um susto quando provei a truta, pois a marinada estava bem forte e descobri que o grande lance era comer junto com o abacate (a mistura ficou fantástica). Esqueci de comentar que, por cima da salada, ainda havia uma decoração de macarrão frito que era para comer com a mão mesmo. O prato principal foi o peixe com crosta de amêndoas (excelente), acompanhado de risoto à marguerite. Risoto é o prato de maior risco no “Top Chef” e esse ficou bom, se bem que poderia estar mais no ponto, mas não comprometeu a qualidade. Para a sobremesa, tive que abrir o coração, porque não gosto muito de cheese cake, encarei o desafio e não me arrependi. A massa do entorno era fina e firme (não esfarelou) e o recheio, regado de frutas vermelhas, tinha o contraste adequado e, desse, eu gostei. 

A etapa seguinte foi num bar/petiscaria cuja proposta era “comida de boteco”. Nem vou discorrer a respeito porque, efetivamente, não deu certo da entrada à sobremesa, fora que nem houve acolhida. Na próxima vez eu pulo. 

Por último, e acompanhado de amigos, fui ao Grenat, restaurante do Santa Catarina Plaza Hotel, que é um local muito agradável também. Estranhei o não oferecimento do menu “Festival”, mas, como já sabíamos, fizemos a opção. A entrada também foi uma salada, apresentada numa taça que ficou muito bonita e também saborosa, com croutons e molho golf. O prato principal foi salmão com castanhas, acompanhado de arroz de limão e manjericão e uns mini bolinhos de batata (“batata noisette”: eu achava que essa batata era outra coisa) que eram dispensáveis, mas não comprometeram. A sobremesa é que não deu muito certo (fatias de abacaxi marinados no rum, servidos com coco queimado e sorvete de coco, decoradas com pimenta rosa), pois o sorvete tinha massa muito consistente (achei que era de baunilha, mas revi a descrição e descobri que o gosto deveria ser de coco), o abacaxi também era firme demais e o paladar ficou monótono e extremamente gelado. 

Longe de ser crítico gastronômico, acho essas iniciativas formidáveis e os dois restaurantes citados merecem outras visitas, mesmo fora dos festivais. É uma maneira de experimentarmos delícias, com um preço justo, e que ainda tive a oportunidade de degustar acompanhado de pessoas muito legais. Fica a dica para as próximas oportunidades.


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tradições de Final de Ano

"Então... Existem momentos que você pode ser o quiser: um peixe para adentrar nas águas mais distantes e penetrar bem no fundo do mar, só para resgatar aquilo que lhe interessa, ou ser um pássaro e voar tão alto, onde só possa sentir o vento, e nada mais; ou ser luz, para dissipar as sobras e destacar as cores.” (C_Faby) 

Apesar de não parecer, o ano está acabando e já não era sem tempo, pois foi um ano repleto de confusões, afinal, quem desconfiaria que a seleção brasileira iria dar tamanho vexame ou, como dizia a música, que o mar está virando sertão (mesmo não sendo bem o mar, mas esse lance das represas e rios secando já estava implícito na música “Sobradinho”)? Fim de ano é repleto de tradições: receber o décimo terceiro, pagar as contas atrasadas e fazer novas; ENEM – onde alguns descobrem que não basta somente ter aulas no colégio; formaturas e tantas coisas mais, incluindo Natal e Ano Novo, claro! 

Uma das tradições que incorporei foi virar “duende” (veja o texto de 2012 clicando aqui) e colaborar com o “Papai Noel dos Correios”. Por aqui eles escolhem algumas escolas e as professoras ficam encarregadas de estimular os alunos para escrever as cartinhas. O que mais chamou a atenção foi exatamente o trabalho delas, pois, em vários casos, o aluno não escreveu e era óbvio que a letra era da professora. Das turmas de jardim, vieram desenhos e a “tradução” foi carrinho para os meninos e boneca para as meninas. Vi também muitos pedidos de material escolar e, ao contrário do ano passado, conclui que deve ser instituição muito carente mesmo, daí a necessidade de virarmos “duendes” e amenizarmos as intempéries que algumas pesquisas insistem que diminuíram. Aí vem a tradicional pergunta: que tal cada um fazer a sua parte? 

“Mas se você acha isso tudo uma bobagem apenas viva, não se preocupe com o que falam de você, pois o único que te conhece como ninguém é você mesmo. Sabe a perfeição? Ah! Essa eu também não posso ter; eu sou como você, da espécie humana e, apesar de fugir da minha forma para buscar o que eu quero, eu erro, mas isso não é falta de caráter, é da natureza. E assim aprendo... Talvez das piores formas possíveis, acrescentando sempre novos desejos e sonhos a esse meu conhecimento que é incompleto... E a vida segue seu fluxo, e nesse fluxo aparecem pessoas que vão minando aos poucos sua defesa própria. Quer saber? Eu tenho a habilidade, sim, eu tenho a vontade de respirar você enquanto eu posso...” (C_Faby) 

Pois é...


Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N.: Acrescentei, em duas partes, um texto de uma amiga que, no “Contos de Fada?”, era a Estrelinha. Andou sumida e agora voltou (que bom!).

sábado, 1 de novembro de 2014

O Feitiço do Dia das Bruxas

Uma vez por ano, ao menos, elas se encontram em algum lugar desses que nunca aconteceram, mas sempre na mesma noite. 

“Dia das Bruxas e seu feitiço irá te tomar; não deveria ter deixado você me conquistar completamente, e agora não consigo acordar desse sonho que toda noite me persegue.”

Tempestade, raios e trovões... A última coisa que se lembrava é que fora à feira comprar uma moranga para o almoço de sábado, onde faria o camarão e, talvez, um doce com coco. Quando acordou, viu aquela sua amiga bonita, longos cabelos pretos, muito vistosa, dormindo seminua do seu lado. Já prevendo algum desastre ocorrido e esquecido, cutucou a garota que bocejou e comentou:

- Nossa! Noite boa! Aproveitamos né? Caramba... tenho que ir pra loja! “Xau” e beijo! 

A tal amiga pulou da cama, colocou um vestido preto curtíssimo, tomara que caia, estilizando uma veste de bruxa. O chapéu ela levou na mão ("A vassoura você guarda pra mim que eu pego depois, tá?"). Cada vez entendendo menos, Ana Paula levantou, não sem antes conferir se não havia nenhuma pecinha de lego (maligna) no chão, conferiu se havia luz para um bom banho e não esqueceu a toalha (agora ela anda bem prevenida, para evitar incidentes). Saiu do chuveiro, coçou o saco e, instintivamente foi fazer a barba. 

- Pera! Que porra é essa? Saco? Barba? 

Um grito ecoou pelo banheiro quando ela olhou no espelho e viu que virara homem; não um homem qualquer e sim aquele seu antigo amor, que desdenhara e que sua amiga ficara diversas vezes. 

- Pera (de novo)! Eu comi trepei transei dormi com a minha amiga! Não! Ele dormiu! Não... ai que merda foda confusão! Só que eu sou ele! 

Quando acalmou, concluiu que não estava em casa e sim na casa dele, no corpo dele, só que era ela que pensava. Por outro lado, ela sabia tudo sobre ele, principalmente a senha da rede social, onde não eram mais amigos e, portanto, muita coisa ela não conseguia fuçar. Imediatamente abriu o computador, foi lá para ver o que rolava e ficar atualizada. Havia uma mensagem e começou por ela: 

“Oie! passando pra dizer que sinto saudades de você e as vezes tenho vontade enorme de ligar pra contar coisas que me acontecem, porque só você me entendia; lembro de tudo de bom que você fez por mim e sinto falta dos nossos tempos. Eu sei também que você não vai querer responder, mas to escrevendo pra dizer que ainda gosto de você e nunca vou te esquecer porque você é muito especial para mim e que sinto de verdade muita saudade de você! Bjos de quem TE ADORA do tamanho do universo para todo sempre...." 

- Filha da puta Vadia Piranha Quem é essa sirigaita que escreveu essas coisas pra ele? Nossa! Eu que escrevi... não... ele que escreveu... pera... então ele está no meu corpo e aí ele escreveu... então ele quer se aproximar de novo e aproveitou que ele sou eu. Que confuso! Ah! Vou dizer que to muito afim e coisa e tal... quer dizer...ele vai dizer... Ah! Isso tudo tá muito foda doido; mas pera... ele não faria isso de cara não e eu sou ele. 

Ana Paula pensou, pensou e resolver mandar um vídeo do Youtube, com Sandy e Junior cantando “Desperdiçou” junto com a Ivete Sangalo. No que ele, melhor, ela... (essa narrativa é que está foda de fazer, mas o leitor que se esforce para entender), fingiu não entender e continuou puxando assunto. 

- O que ele faria agora? Seria educado? Talvez... 

Deu algumas respostas polidas, ele/ela (tá confuso, eu sei, mas vê aí se vocês entendem), insistiu na paquera. 

- Hum... acho que, como estou no corpo dele, vou mandar um vídeo de amor e aí resolvo esse meu problema de vez. 

Ana Paula, incorporada no seu antigo amor (às vezes ela vira Natasha também, daí já estar acostumada), procurou, procurou, mas o instinto masculino do cara falou mais alto e detonou um vídeo do Jorge Aragão , cantando "Você abusou", que ela pensou que ia dar boa coisa, mas quando viu o vídeo já tinha ido e aí não tinha jeito e aí caralho, fudeu tudo danou-se! 

Uma ventania tomou conta do escritório, diversas abóboras voaram em sua direção e bateram na sua cabeça. Quando acordou, tudo voltara ao normal e ela não tinha mais saco e nem barba. Do banheiro veio a voz do companheiro que escolhera:

- Amor! Onde está meu aparelho de barbear? 

E naquele lugar que falei mais cedo, duas irmãs e uma vampirinha comemoravam os efeitos do feitiço desse ano, enquanto uma abóbora gargalhava por ai...


Bom Dia! Eu sou o Narrador.