sábado, 1 de novembro de 2014

O Feitiço do Dia das Bruxas

Uma vez por ano, ao menos, elas se encontram em algum lugar desses que nunca aconteceram, mas sempre na mesma noite. 

“Dia das Bruxas e seu feitiço irá te tomar; não deveria ter deixado você me conquistar completamente, e agora não consigo acordar desse sonho que toda noite me persegue.”

Tempestade, raios e trovões... A última coisa que se lembrava é que fora à feira comprar uma moranga para o almoço de sábado, onde faria o camarão e, talvez, um doce com coco. Quando acordou, viu aquela sua amiga bonita, longos cabelos pretos, muito vistosa, dormindo seminua do seu lado. Já prevendo algum desastre ocorrido e esquecido, cutucou a garota que bocejou e comentou:

- Nossa! Noite boa! Aproveitamos né? Caramba... tenho que ir pra loja! “Xau” e beijo! 

A tal amiga pulou da cama, colocou um vestido preto curtíssimo, tomara que caia, estilizando uma veste de bruxa. O chapéu ela levou na mão ("A vassoura você guarda pra mim que eu pego depois, tá?"). Cada vez entendendo menos, Ana Paula levantou, não sem antes conferir se não havia nenhuma pecinha de lego (maligna) no chão, conferiu se havia luz para um bom banho e não esqueceu a toalha (agora ela anda bem prevenida, para evitar incidentes). Saiu do chuveiro, coçou o saco e, instintivamente foi fazer a barba. 

- Pera! Que porra é essa? Saco? Barba? 

Um grito ecoou pelo banheiro quando ela olhou no espelho e viu que virara homem; não um homem qualquer e sim aquele seu antigo amor, que desdenhara e que sua amiga ficara diversas vezes. 

- Pera (de novo)! Eu comi trepei transei dormi com a minha amiga! Não! Ele dormiu! Não... ai que merda foda confusão! Só que eu sou ele! 

Quando acalmou, concluiu que não estava em casa e sim na casa dele, no corpo dele, só que era ela que pensava. Por outro lado, ela sabia tudo sobre ele, principalmente a senha da rede social, onde não eram mais amigos e, portanto, muita coisa ela não conseguia fuçar. Imediatamente abriu o computador, foi lá para ver o que rolava e ficar atualizada. Havia uma mensagem e começou por ela: 

“Oie! passando pra dizer que sinto saudades de você e as vezes tenho vontade enorme de ligar pra contar coisas que me acontecem, porque só você me entendia; lembro de tudo de bom que você fez por mim e sinto falta dos nossos tempos. Eu sei também que você não vai querer responder, mas to escrevendo pra dizer que ainda gosto de você e nunca vou te esquecer porque você é muito especial para mim e que sinto de verdade muita saudade de você! Bjos de quem TE ADORA do tamanho do universo para todo sempre...." 

- Filha da puta Vadia Piranha Quem é essa sirigaita que escreveu essas coisas pra ele? Nossa! Eu que escrevi... não... ele que escreveu... pera... então ele está no meu corpo e aí ele escreveu... então ele quer se aproximar de novo e aproveitou que ele sou eu. Que confuso! Ah! Vou dizer que to muito afim e coisa e tal... quer dizer...ele vai dizer... Ah! Isso tudo tá muito foda doido; mas pera... ele não faria isso de cara não e eu sou ele. 

Ana Paula pensou, pensou e resolver mandar um vídeo do Youtube, com Sandy e Junior cantando “Desperdiçou” junto com a Ivete Sangalo. No que ele, melhor, ela... (essa narrativa é que está foda de fazer, mas o leitor que se esforce para entender), fingiu não entender e continuou puxando assunto. 

- O que ele faria agora? Seria educado? Talvez... 

Deu algumas respostas polidas, ele/ela (tá confuso, eu sei, mas vê aí se vocês entendem), insistiu na paquera. 

- Hum... acho que, como estou no corpo dele, vou mandar um vídeo de amor e aí resolvo esse meu problema de vez. 

Ana Paula, incorporada no seu antigo amor (às vezes ela vira Natasha também, daí já estar acostumada), procurou, procurou, mas o instinto masculino do cara falou mais alto e detonou um vídeo do Jorge Aragão , cantando "Você abusou", que ela pensou que ia dar boa coisa, mas quando viu o vídeo já tinha ido e aí não tinha jeito e aí caralho, fudeu tudo danou-se! 

Uma ventania tomou conta do escritório, diversas abóboras voaram em sua direção e bateram na sua cabeça. Quando acordou, tudo voltara ao normal e ela não tinha mais saco e nem barba. Do banheiro veio a voz do companheiro que escolhera:

- Amor! Onde está meu aparelho de barbear? 

E naquele lugar que falei mais cedo, duas irmãs e uma vampirinha comemoravam os efeitos do feitiço desse ano, enquanto uma abóbora gargalhava por ai...


Bom Dia! Eu sou o Narrador.

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