sábado, 23 de abril de 2011

Coisas de Coelhinho

Uma sequência de datas comemorativas terminará amanhã com uma festa. De Libertas Quæ Sera Tamen, dos Inconfidentes, à Ressurreição, passando por São Jorge (festa essa que o amigo Dragão evitava por motivos particulares) e ainda tudo misturado com o coelhinho dos ovos coloridos de chocolate.

Ana Beatriz e Adrielle, aquelas irmãs que ninguém ficou sabendo muito bem o que elas eram (bom, o Mago dizia que elas nunca aconteceram, porém ele não possuía qualquer controle sobre o que faziam), um belo dia contaram uma história que agora coloco por aqui, na íntegra.

Era uma vez, então, mais um Conto de Fadas (ou seria Conto de Páscoa?).

Passeando pela estrada a fora, nem tão sozinhas assim e muito menos levando doces para alguma vovozinha, as meninas encontraram um coelhinho de pelo castanho assim como seus olhos, meio exausto, meio perdido, com uma cesta ao seu lado, coberta com um pano de prato xadrez e uma mochila, dessas comuns que são usadas para ir a escola.

Vendo tal situação, rapidamente elas providenciaram água e algum alimento para o bichinho que, uma vez recuperado, agradeceu e conversou um pouco com elas, a respeito de suas aventuras.

Era um Coelhinho de Páscoa!

- Bom, agora a coisa ficou complicada! Afinal, como assim “um coelhinho de Páscoa”? O correto não seria dizer que era “o Coelhinho de Páscoa”? – repreenderia o amigo Guri, também grande escritor.

Os Coelhinhos encarregados de levar os ovos de chocolate para todo o mundo não são como o Papai Noel que possui uma legião de duendes, as renas, o pó mágico que abre janelas e todas aquelas outras coisas que permitem seu voo de uma noite para entregar presentes.

De cada ninhada, um coelhinho é escolhido para tal tarefa e um belo dia ele some, para desespero de seus pais coelhos que só algum tempo depois é que recebem um e-mail (antigamente recebiam a informação por outros meios) informando da honra que seu filhote recebera. Este filhote, abduzido para alguma dimensão que o coelhinho não contou qual era, é treinado na missão de levar os ovinhos de chocolate que são feitos em outro lugar e aí é história para contar num outro dia (mas já disseram por aí que isso é coisa do Papai Noel também).

O nosso herói dessa aventura, tinha uma missão mais complicada. Ele era de um grupo que deixava ovinhos em cestinhas e levavam, na troca, uma cenoura. Até que a ideia era boa porque eles já saíam alimentados e corriam pouco risco de serem confundidos por caçadores e ai virar prato do dia em algum restaurante a quilo.

Só que tais cestinhas ficavam em apartamentos de prédios muito altos de uma área super chique da cidade de São Paulo e a cada visita ficavam exaustos, pois a escalada era enorme (isso sem contar que não podiam ser vistos e coisa e tal).

Faltando somente uma entrega, ele retornou à estrada, para descansar um pouco, onde escorregou e torceu o pé. Foi quando as meninas chegaram.

Cientes do problema, fizeram uma pequena tala no pé do coelhinho, para diminuir a dor. Ana pegou o bichinho no colo, enquanto Adrielle providenciou uma nuvem para o transporte. Chegando lá, a pequena Fernanda dormia.
Pé ante pé, entraram pela janela e procuraram a cestinha que estava em cima do criado-mudo. O coelhinho fez a troca com a ajuda de Adrielle. Já de volta à nuvem, observaram que Ana ficara olhando a menininha de cabelos cacheadinhos.

- Vamos, Ana! Senão ela acorda!

Num rápido movimento, já estava na nuvem e assim partiram. Pela manhã, a menina sorriu ao ver que o coelhinho passara por lá.

- Por que você demorou, Ana? – perguntou o Coelhinho.
- Deixei um presente a mais para ela. Alguma coisa me diz que em algum dia no futuro, ela será muito importante para alguém que vou gostar muito também.


Boa Páscoa, Fernanda! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Todo Pokémon evolui

“Em tempos desconhecidos, criaturas estranhas apareceram nesse planeta. Nós os chamamos de Pokémon. Por muitos anos, incontáveis espécies de Pokémon se desenvolveram. Pesquisadores procuraram e identificaram centenas dessas criaturas. E ainda há muitas mais para serem descobertas. Muitas histórias foram passadas contando as extraordinárias aventuras que os humanos compartilham com seus amigos Pokémon. Também houve conflitos, mas através das eras, aprendemos a viver em harmonia e assim a história continua…”
Trecho inicial de Pokémon 8: Lucario e o Mistério de Mew


Lá pelos anos 1990, fui apresentado a esses bichinhos bem interessantes, onde uma das suas características era a evolução. Poderiam começar como uma inofensiva e simpática criatura e terminar como um dragão ou algo do gênero talvez nem sempre tão simpático e inofensivo assim. Eram utilizados em estorinhas e jogos de cartas ou videogames.
Claro que todo tipo de polêmica surgiu a respeito da ideia e também as tais piadinhas, cujo mote seria “Todo Pokémon evolui” (experimente colocar essa frase no Google para ver o que aparece).

E o que seria EVOLUÇÃO?

Segundo o dicionário: e.vo.lu.ção (lat evolutione) sf 1 Progresso. 2 Transformação lenta e progressiva de uma ideia, fato, ação etc. 3 Processo pelo qual todo organismo vivo, a partir de um estado rudimentar e por meio de uma série de alterações gradativas, vai adquirindo as características que o distinguem.

Evolução também pode ser uma aventura. Quando mudamos de cidade e de estilo de vida, procuramos evoluir de alguma forma. Durante toda nossa vida, experimentamos muitas coisas, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Coisas boas, coisas ruins, mas sempre procurando evoluir tanto profissional como espiritualmente. Em dado momento, isso tudo acontece novamente (assim como no POKÉMON).

Alguns agem de outra forma: levantam as mãos para o céu e esperam que a evolução caia sobre suas cabeças, como raios de fogo ao melhor estilo “He-Man” (para não perder a deixa dos desenhos animados). Com isso, acreditam que os que evoluem ficarão eternamente à disposição de seus desejos até que...
Bom... melhor transformar isso numa historinha:

Ela fez uma opção e ele respeitou (se bem que ela poderia ter sido mais delicada e gentil, mesmo que omitisse certos fatos, cujos detalhes mórbidos quem vai omitir sou eu).
Por sua vez, ele evoluiu.
Quando ela soube que ele ia embora, colocou as mãos na cabeça e pensou: “E agora? Que merda que eu fiz!! Dei bobeira e agora o que vou fazer?"
Mais do que depressa, procurou um texto na Internet, transformou isso num e-mail e enviou, como se fossem palavras dela, acreditando que ele nunca descobriria tal obviedade. Ele respondeu, mas também vou pular essa parte.

O ideal, para encerrar essa confusão que a narrativa se tornou, seria que ela procurasse o verbete no dicionário e lá encontrasse algo assim:
e.vo.lu.ção (lat evolutione) sf 1 Descobrir que precisamos aceitar nossos erros, correr atrás de quem se ama, pular no colo, dar um beijo na boca e dizer: não vá embora porque eu te amo e não vivo sem você.


Boa noite, Pokémon! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Samba do Crioulo Doido

Em alguns locais por ai, as estações do ano resolvem pregar algumas peças e mostrar toda sua força num dia só. Já morei num lugar assim, que denominavam Chuvópolis desde os tempos de Dom Pedro II, como dizem alguns alguns historiadores.
Você acorda de manhã e há neblina e frio. Pega o carro, faróis acesos, chuviscos e vai trabalhar encasacado. Na hora do almoço, abre o sol, céu azul, algum calor e você coloca o casaco na mala do carro e acha interessante deixá-lo num lava-jato para tirar a poeira. No final do dia você acha lindo o por do sol e o surgimento da lua que agora está em crescente.
Bom... isso tudo é porque esse dia foi hoje, agora vai cair uma tempestade e não moro mais naquele local.

Coisa de doido? Talvez. Na dúvida já separei a lanterna e deixei velas nos castiçais (nunca se sabe).

Aproveitando a deixa, vou contar uma história que nunca aconteceu (o que não quer dizer que não possa acontecer).

Dois jovens: ele dezessete anos, religioso, bom menino, tocava violão e até era bom aluno; ela quinze anos, religiosa, boa menina, também tocava violão e também era boa aluna.
Tiveram o mesmo médico quando eram crianças e, um dia, ela resolveu mudar de vida, entrou numa seita esquisita, deixou parte da infância de lado e começou a dar piti um atrás do outro. Por sua vez, ele apaixonou-se pelo amor impossível e resolveu dar fim à própria vida, arranhando os pulsos com uma faca de plástico dessas usadas em festas de aniversário de criança.
O tal médico, vendo essas confusões, nem conversou muito: mandou os dois para o consultório do psiquiatra, onde se conheceram.
Enquanto esperavam, suas mães trocavam receitas de bolo e eles, de tanto tédio do assunto que ouviam, resolveram conversar também.
O assunto não era culinária: falavam sobre os remédios que tomavam e discutiam as diferenças religiosas, um tentando convencer ao outro que o que faziam era a melhor escolha. Em alguns momentos, concordavam que o encaminhamento feito pelo médico em comum era desnecessário porque, afinal, o que eles estavam fazendo esperando o psiquiatra já que não tinham qualquer problema?
Algumas consultas depois já estavam íntimos. Trocaram telefones, e-mails, msn e conversavam horas a fio na internet, combinando sempre de se encontrar naquela sala de espera que virou praça de alimentação de shopping para eles.
Bom... cresceram, namoraram, se formaram, se casaram e fizeram amor pela primeira vez (não necessariamente nessa ordem). Claro que, aí, essa foi a melhor terapia: nada como um relacionamento sadio para curar alguns distúrbios e tornar os medicamentos dispensáveis.

Com tudo isso, acabei lembrando do Sérgio Porto, lá de 1968, quando ele falou de um tal crioulo carnavalesco e divido com vocês essa pérola da música brasileira. O que será que ele pensaria se lesse essa história?



Boa noite! Sou o Narrador e a tal tempestade não caiu... vai entender!

domingo, 10 de abril de 2011

A amiga, o Narrador e o Macaco e a Velha

Bom… não foi bem assim que a conversa aconteceu, mas achei interessante narrar desta forma.
Uma amiga colocou no Facebook um pedido se socorro que transcrevo aqui, na íntegra:

“Este mês é o mês da leitura na escola do meu filho... fui chamada para contar uma estória na turminha dele semana que vem... estou estressada com isso... 13 crianças de pouco menos de 3 anos vão (talvez, não sei) prestar atenção no que vou falar, na estória que vou contar...parece fácil, né? Mas to estressadíssima... e se der branco????? Socorro!!!!!!!!!! Não quero decepcionar ninguém...”

Os amigos correram para auxiliar e algumas sugestões apareceram: utilizar um figurino relacionado à estória, vestir seus dedos com aqueles “dedoches” para ajudar, criar uma outra estória sobre a mãe estressada que vai contar uma estória na escola do filho, isso enquanto ela pensava falar de Cachinhos de Ouro.
Vamos combinar uma coisa: hoje em dia é necessário pensar em tudo antes de contar estórias infantis para criança. Até as músicas do cancioneiro popular estão ameaçadas! Brincadeira de roda com os clássicos “Atirei o pau no gato” ou “Cai cai Balão” já não rola mais.
Cachinhos de Ouro invadiu a casa dos ursos, tomou o mingau, desarrumou as camas das pobres e indefesas criaturas e depois saiu correndo antes que o Papai Urso chamasse o BOPE.
É... Narrador pensa em tudo isso!
Caso isso aqui fosse um diálogo, a amiga diria:

- Então vamos escolher outra estória. Que tal Branca de Neve?
- Hum... uma adolescente dormindo na cama de sete homens? E o problema com a maçã? Fruta é algo nutritivo. Péssima ideia. – o Narrador responderia.
- Chapeuzinho Vermelho, então!
- Os lobos correm risco de extinção. Os ecologistas vão reclamar.
- Narrador! Você é um chato! Vou falar de Cinderela e pronto.
- Trabalho escravo... ideia interessante, mas pode causar traumas.
- Aff... Bela Adormecida?
- Confinamento, uso de drogas injetáveis e quem disse que aos três anos as crianças iriam entender o que era o fuso de uma roca?

Horas de assunto passaram e eles não chegavam nunca a um acordo. Até que o Narrador surgiu com uma sugestão:

- O Macaco e a Velha!

Quando eu era muito pequeno (e isso já faz um bom tempo), o grande sucesso infantil eram uns disquinhos em vinil colorido com estorinhas contadas e cantadas que minha mãe trazia pra mim. Você ouvia o disquinho e tinha que imaginar as cenas, enquanto alguém narrava a coisa com detalhes e algumas músicas eram cantadas também. Os narradores tinham aquela “voz de fada”, claro, e você podia ficar horas nessa função. O Macaco e a Velha era meu disquinho preferido e mamãe chegou a escrever todo o texto e as músicas em algumas páginas de papel almaço.


Enfim... essa foi a sugestão do Narrador. Já imaginei tudo editado, a amiga se passando pelo narrador, com voz de fada, algumas fotos numa apresentação do tipo Power Point ou similar e as músicas originais. Todo o texto é acessível na Internet (não... não precisa ficar ouvindo o disquinho, sem usar o botão “PAUSE”, e copiar tudo em folhas de almaço!), assim como o mp3.
E para quem ficou bem curioso, deixo essa estorinha aqui em baixo, para o deleite daqueles que já a conhecem e para os outros que querem conhecer. 

    
                               
Boa tarde! Hoje é domingo, já é o segundo texto de hoje, lá fora está chovendo e eu sou o Narrador!. Querem uma limonada?

Outono

Procurei no dicionário o significado da palavra "narrador" e encontrei o seguinte:
nar.ra.dor
(narrar+dor) adj+sm Que narra.

Simples, não é mesmo?
O narrador está presente em todos os textos: é aquele que conta a história da estória; é aquele que revela os pensamentos dos personagens, aquele que informa ao leitor quem está falando naquele momento e pode ser o próprio autor da prosa ou do verso.
Em algumas ocasiões, ele assume uma forma animada qualquer e vira também um personagem e aí ele assume a duplicidade, pois deverá narrar também seus pensamentos. Concluindo: o narrador é um ser multimorfo.
Esse início de texto estaria na apresentação que não houve. Eu falaria também do porque escolhi girassóis. Gosto de girassóis. Lembram coisas que não me lembro da infância, onde, em algum lugar, eu via girassóis e achava uma flor bonita.
Durante um ano eu procurei girassóis para fotografar e, no último verão, os encontrei em diversos jardins, assim como muitas hortênsias azuis que também apareceram, do nada, espalhadas por todo o canto.
Agora é outono. Período bem curto porque o inverno aqui dura nove meses e o tempo que sobra é dividido pelas outras estações. As flores vão sumir, algumas árvores entrarão em dormência e o frio entrará pelas frestas das paredes de madeira das casas. Melhor comprar lenha...

Bom dia! Sou o Narrador.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Apresentação?

Começar uma ideia nova no meio de uma grande confusão é algo complicado. O ideal seria uma apresentação formal, mas isso vai ser história para outro dia.
Era certo que a repercussão mundial, o aproveitamento da mídia, dos políticos e de outros interessados no próprio umbigo apareceriam de certa forma.
O que observei foi outra coisa e assim começo essa rápida narrativa, como rito de abertura.
Uma comunidade inteira foi mobilizado na defesa de seus entes queridos que foram atacados e ameaçados por alguém que não merece qualquer adjetivo e que terá que resolver isso sozinho com Deus.
Sorte dessa comunidade que um soldado finalizou o problema antes que o desastre fosse maior.
Sorte da sociedade que deu resposta imediata através dos anônimos que transportaram as crianças, dos profissionais que correram às unidades hospitalares para socorrer as vítimas e também seus próprios colegas que jamais esperariam tamanho desafio.
Sorte das nossas consciências, quando elas digerirem os fatos e repensarem seus movimentos e seus próprios erros.
Vou deixar por aqui uma música que tocava enquanto eu pensava no que escrever. Acredito que boa parte da letra é adequada ao momento. Espero que gostem.



Boa Noite! Sou o Narrador