domingo, 10 de abril de 2011

A amiga, o Narrador e o Macaco e a Velha

Bom… não foi bem assim que a conversa aconteceu, mas achei interessante narrar desta forma.
Uma amiga colocou no Facebook um pedido se socorro que transcrevo aqui, na íntegra:

“Este mês é o mês da leitura na escola do meu filho... fui chamada para contar uma estória na turminha dele semana que vem... estou estressada com isso... 13 crianças de pouco menos de 3 anos vão (talvez, não sei) prestar atenção no que vou falar, na estória que vou contar...parece fácil, né? Mas to estressadíssima... e se der branco????? Socorro!!!!!!!!!! Não quero decepcionar ninguém...”

Os amigos correram para auxiliar e algumas sugestões apareceram: utilizar um figurino relacionado à estória, vestir seus dedos com aqueles “dedoches” para ajudar, criar uma outra estória sobre a mãe estressada que vai contar uma estória na escola do filho, isso enquanto ela pensava falar de Cachinhos de Ouro.
Vamos combinar uma coisa: hoje em dia é necessário pensar em tudo antes de contar estórias infantis para criança. Até as músicas do cancioneiro popular estão ameaçadas! Brincadeira de roda com os clássicos “Atirei o pau no gato” ou “Cai cai Balão” já não rola mais.
Cachinhos de Ouro invadiu a casa dos ursos, tomou o mingau, desarrumou as camas das pobres e indefesas criaturas e depois saiu correndo antes que o Papai Urso chamasse o BOPE.
É... Narrador pensa em tudo isso!
Caso isso aqui fosse um diálogo, a amiga diria:

- Então vamos escolher outra estória. Que tal Branca de Neve?
- Hum... uma adolescente dormindo na cama de sete homens? E o problema com a maçã? Fruta é algo nutritivo. Péssima ideia. – o Narrador responderia.
- Chapeuzinho Vermelho, então!
- Os lobos correm risco de extinção. Os ecologistas vão reclamar.
- Narrador! Você é um chato! Vou falar de Cinderela e pronto.
- Trabalho escravo... ideia interessante, mas pode causar traumas.
- Aff... Bela Adormecida?
- Confinamento, uso de drogas injetáveis e quem disse que aos três anos as crianças iriam entender o que era o fuso de uma roca?

Horas de assunto passaram e eles não chegavam nunca a um acordo. Até que o Narrador surgiu com uma sugestão:

- O Macaco e a Velha!

Quando eu era muito pequeno (e isso já faz um bom tempo), o grande sucesso infantil eram uns disquinhos em vinil colorido com estorinhas contadas e cantadas que minha mãe trazia pra mim. Você ouvia o disquinho e tinha que imaginar as cenas, enquanto alguém narrava a coisa com detalhes e algumas músicas eram cantadas também. Os narradores tinham aquela “voz de fada”, claro, e você podia ficar horas nessa função. O Macaco e a Velha era meu disquinho preferido e mamãe chegou a escrever todo o texto e as músicas em algumas páginas de papel almaço.


Enfim... essa foi a sugestão do Narrador. Já imaginei tudo editado, a amiga se passando pelo narrador, com voz de fada, algumas fotos numa apresentação do tipo Power Point ou similar e as músicas originais. Todo o texto é acessível na Internet (não... não precisa ficar ouvindo o disquinho, sem usar o botão “PAUSE”, e copiar tudo em folhas de almaço!), assim como o mp3.
E para quem ficou bem curioso, deixo essa estorinha aqui em baixo, para o deleite daqueles que já a conhecem e para os outros que querem conhecer. 

    
                               
Boa tarde! Hoje é domingo, já é o segundo texto de hoje, lá fora está chovendo e eu sou o Narrador!. Querem uma limonada?

3 comentários:

  1. adoreiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!adorei seu texto!!!!!adorei tudo!!! eu lembro dessa musiquinha da velha firinfinféia!!!!!!!!!!!kkkkkkkkkk

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  2. Show de bola, Narrador! Felizmente ainda ouvi historinhas infantis em vinil e lembro como era gostoso! Descontando que, ao pé da letra do seu texto, poderiam alegar "maltrato a animais silvestres"(hahaha), é das melhores Coisas de Narrador que já li!
    Um Abraço!

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  3. Era sensacional mesmo. E um grande mérito, além de permitir que cada um imaginasse o visual da estória (o bananal ficava no quintal da minha casa), o texto é uma mina de outro para formar o vocabulário infantil: regência, flexões verbais, e, por que não fusos de rocas sim. Cultura é isso. Mas um grande defeito é o racismo embutido no 'negrinho como tição' e no 'negrinho Guiné', que faria este texto tão reprovável quanto os outros. Fora matar o leão pra fazer tapete...

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