sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Mantra

”Quando ela some, ele repete o mantra: ela vai resolver... ela vai resolver.” 

O dia amanheceu chuvoso e silencioso (por aqui os dias de sol são naturalmente mais raros), pois só restaram aqueles que manterão as “máquinas” funcionando (os demais migraram) e faço parte desse time (daí o texto de final de ano sair antes da hora). 

Acordei com os primeiros sinais do amanhecer, tomei café e liguei no “Café com Jornal” que, de cara, perguntou: “Tem alguém aí?” Achei isso muito divertido. 

“Sim! Tem alguém aqui!” 

O ano terminou mais cedo: naquele momento onde os ídolos nunca mais seriam vistos como antes; naquele momento onde a fome substituiu o recurso roubado pelo gerentes políticos, incompetentes e corruptos do caos; naquele momento onde a dor “velha conhecida, talvez a única que o leve às lágrimas, e o consome na incerteza da perda tão certamente esperada, mas completamente indesejada” foi tamanha que já não fazia mais diferença, pois a morte era a certeza e única redenção restante; naquele momento onde esperar não fez mais sentido... 

Repleto de bons e únicos momentos, quase abafados por poucos e péssimos momentos, foi um ano de oito ou oitenta. Ano bissexto: quase um “inferno astral” de um ano inteiro... felizmente acaba em pouco mais de um dia. 

Para aqueles que estão aqui e são sobreviventes, que venha 2017; se vai ser melhor realmente eu não sei, mas algo grande irá acontecer... talvez cheguem os Ets... quem sabe a cartinha de Hogwarts... quem sabe o fim do preconceito e da dor... quem sabe a gente pare de fazer tudo errado? 

Feliz Ano Novo!

  


Bom Dia! Eu sou o Narrador.
Num local mais distante...
- Desculpe... tenho que ir...
- Ana... eu...
- Tenho que voltar... fique bem.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Jogo de soma diferente de zero

O título deste texto seria algo do tipo: “Gênio? Filósofo? (ou: O que ele bebeu que eu também quero?)”, mas ficaria muito grande e optei por algo mais simples, porém não menos complexo. 

As diversas e demoradas escalas nos aeroportos, durante o feriado do Natal, ajudaram muito e terminei de ler o último conto de “História de sua vida e outros contos” de Ted Chiang, lançamento da Intrínseca de novembro/2016, mas já houve uma prévia num outro texto onde fiz uma leitura de parte do conto que dá título ao livro.

O início do meu envolvimento tanto com o livro quanto com o filme (“A Chegada” - baseado nesse mesmo conto) foi algo muito por acaso e explico: fui a Joinville no início de dezembro – viagem já programada e que caiu como uma luva numa necessidade de espairecer um pouco – e escolhi esse filme para ver por pura falta de opção. Seria ficção científica (eu gosto – ah! 😢😢😢 RIP Princesa Leia), legendado (coisa rara hoje em dia) e terminaria bem a noite. 

Bom... a melhor análise sobre o filme que eu li foi a o Marcelo Gleiser na Folha de São Paulo (clique aqui para conferir) e concordo sem tirar nem por: o filme acabou, as luzes acenderam e ninguém se mexeu, cada um elaborando o que vira na telona o que, no meu caso, ainda não terminou, já que também li o livro (ir a livraria para comprá-lo foi a primeira coisa que fiz no dia seguinte). 

Ao todo são oito contos e ainda existe um “extra” do autor falando sobre cada um deles (inspiração, ideias, motivos, etc). O interessante dessa ficção é que ele quase “brinca” com o futuro como se fosse o presente e como se tivesse acontecido no passado. Os conceitos, as visões, a forma de escrever beira a perfeição filosófica quando, no mínimo, se torna premonitória. É um livro difícil se você tentar entender alguns conceitos técnicos (arquitetura, matemática, física, medicina, religião... tem de tudo), mas se você lê-lo com os olhos dos personagens tenho certeza que chegará muito além do que o próprio autor esperaria. 

Um dos conceitos que achei mais interessante fala do “jogo de soma diferente de zero” que faz parte da “teoria dos jogos”. No final das contas, nos jogos de soma diferente de zero o ganho de um dos jogadores não necessariamente corresponde à perda dos outros e foi isso que os extraterrenos trouxeram para a Terra: tecnologia para que, no futuro, nós possamos salvá-los da própria extinção. 

Infelizmente nossos “jogos” diários nos levam à soma zero... um ganha e outro perde. Melhor seria que todos ganhassem (costumeiramente todos perdem, mesmo que um aparente a vitória)... mas existem momentos que a sobrevivência fala mais alto e isso é história para outro dia.  


 Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Sonhos

”Tudo passa, tudo muda, tudo se renova. Os problemas se resolvem, o choro vira riso, o ódio vira amor, a tristeza vira alegria. O novo ciclo se inicia.” (Junior Weslei) 

Eu abri o texto com essa reflexão do Junior porque veio de encontro à minha ideia de hoje que foi falar de sonhos. Nas redes sociais vi muita gente reclamando (de tudo) e muita desesperança confundida com convicções político-religiosas. Claro que nosso dia a dia é complicado, surgem conquistas e frustrações, mas existem momentos onde aciona-se o botão “reset”, eventualmente o “format”, ou até o "foda-se" (esse é excelente e mais fácil de entender) e aí, como disse o Junior, “tudo passa, tudo muda, tudo se renova”, e nessa etapa entram nossos sonhos. O Velho Pai, hoje com 91 anos, soltou a seguinte pérola: “Eu não tenho essa mania de morrer: é um defeito que eu não tenho” - quando eu crescer eu quero ser que nem ele (faz parte dos meus sonhos). 

Em meados de 2008 eu conheci Fênix e, no ano seguinte, pedi que ela escrevesse alguma coisa para o final de ano, já que a lenda diz que ela renasce das cinzas. Surgiu, então, 
"O Livro dos Sonhos", que vou dividir com vocês. 
  
"E se o mundo caísse aos nossos pés... 
E se pudéssemos lutar por todos os dias das nossas vidas... 
Apenas para encontrar uma chance 
Uma nova chance para o mundo 

Penso que sou gente, 
Penso que sou natureza, 
Penso que sou a página de um livro, 
Penso que existo! 

Não sou ninguém. 
Sou um novo começo,
Nova esperança, 
Sou a mãe do seu coração. 

Sou o mundo em busca da perfeição 
Mas não posso mudar essa realidade, 
O final do livro só você poderá escrever 
Serei apenas aquilo que você escrever. 

Nesse livro não existirá morte 
Somente estrelas, cores vivas, mar, alegria... 
E quando o mundo não acreditar que poderá mudar esse fim, 
Estarei lá para virar a página e recomeçar." 

Nini (Fênix - ϕοῖνιξ) Felix 

Enfim... Independente de crenças pessoais, Natal é época de sonhos: ou aquele, do outro, que realizamos, ou os nossos próprios que são realizados. Aqui nos blogs sempre sonhamos (eu e os leitores) e muitas pessoas apareceram nas nossas vidas, alguns meio que do nada, e marcaram eternamente nossos corações. Alguns viraram personagens, alguns sabem que estão aqui, outros nem imaginam que estão, outros nunca aconteceram mesmo, mas todos tem muita importância pra mim; fazem parte da minha vida e hoje, véspera de Natal, dedico o texto da Nini, a quem agradeço (de novo) de coração. 

   


Boa Noite e Feliz Natal! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Cariocas

Há oito anos, nessa mesma época, minha preocupação era a mudança para o sul. Praticamente tudo embalado, caminhão seria montado na sequência e, após o Natal, eu partiria para uma das maiores aventuras da minha vida. O ano também era bissexto e encerrei com essa pérola de vida e de destino. Nos anos seguintes eu mantive algumas “tradições”, no encontro com os amigos, meu pai, meu irmão e meus sobrinhos e virei meio que “turista” no Rio de Janeiro. No ano passado a problemática da cidade eram as intermináveis obras e as crises nos serviços públicos; as obras acabaram, se bem que as crises pioraram muito e o estado faliu por conta da administração tosca e da corrupção que levou ex-governadores à prisão. 

Na condição de visitante, fui conhecer o resultado das obras da zona portuária do Rio. Fiquei no mesmo hotel/shopping do ano passado e, de lá, peguei o Metrô direto até a estação Carioca, onde existe a integração com o VLT. De forma bem prática, logo já estava com o cartão e com as passagens pagas com o cartão do banco. Nesse momento cabe uma ressalva: se você é turista, você deixa pra trás uns trocados, pois o cartão (que o turista não vai usar nunca mais) tem custo e a carga não é equivalente ao preço da passagem (é “arredondado para cima). Meu cartão ainda consegue viajar uma vez, mas vai sobrar um troco que nem que eu carregue mais vou conseguir “zerar” a conta (ninguém é “bobinho” muito menos carioca que aplica a Lei de Gérson). 

Já no bonde (VLT é um bonde, só que é chique), fui até o recém inaugurado aquário do Rio, para conhecer. Bom... é Rio de Janeiro, né... faltou luz pela manhã, ar condicionado pifou, um puta calor e, ao invés de suspenderem as atividades, deixaram a “bagaça” aberta, mas dando a opção de troca do ingresso para outro dia (e turista lá tem outro dia?). Como estava sozinho (sozinho = sem criança), encarei o calor que nem foi tão horrível assim. O lugar é bonito, mas o circuito é muito pequeno, principalmente se você conhece outros aquários pelo mundo afora. Interessante de conhecer, não levaria ninguém lá (mas as crianças gostam da coisa e aí...). 

Na volta fui a pé até o Museu do Amanhã, apreciando os armazéns e as imensas e lindíssimas pinturas. Um “ventinho” e uma sombra amenizaram a temperatura de 33ºC. O lugar é lindo, mas como não tinha ingresso antecipado, deixei para visitar a parte interna em outra ocasião. De lá, novamente o VLT, fui jogar WAR (e eu ganhei – foco, força e fé) com dois amigos de infância (carioca tem amigo de infância que joga WAR). 

Caminho de volta, novamente o Metrô. Jantar e descansar. Dia seguinte o percurso levou-me até Petrópolis: a ideia era consulta oftalmológica com “minha amiga da adultice” (Patrícia) e um jantar que tivemos que transferir para outro dia (vai virar almoço). De qualquer forma, os momentos da consulta já levaram às alegrias do reencontro. 

Final de viagem de ida:casa do Velho Pai. Para mostrar melhor a história, fiz um vídeo com algumas fotos e coloquei uma música que caracteriza muito bem o povo carioca, que mesmo fudido sacrificado pelo “poder público” consegue manter a sua irreverência e espontaneidade, coisas tão difíceis de ver fora do Rio de Janeiro.

   


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

História da sua vida

” - Não tenho certeza se estou pronta para ter filhos. Perguntei a uma amiga minha que é mãe: Imagine que eu resolva ter filhos. E se eles crescerem e me culparem por tudo o que há de errado na vida deles? Ela riu e disse: O que você quer dizer com “se”?” (Ted Chiang)

Cinco dias depois e nada fica claro, só a sensação de que lidamos com algo muito maior do que entendemos o que me fez pensar na sua história: não acontecer desviou o nosso rumo em alguns anos, mas o que se veria hoje seria aproximadamente o mesmo. 

Vamos supor que o destino te fizesse mais forte e aqueles mínimos três ou quatro meses virassem anos: algumas diferenças seriam deixadas para depois, mas assim que sua mãe notasse (na realidade ela descobriu tudo bem antes) que ao invés de solução você seria oposição, ela tentaria transformar sua existência em algo detestável... sorte que eu estaria atento à essa possibilidade (chamaria de “efeito bailarina”, pois acontecera algo semelhante antes)... sorte que aquele momento de maus tratos, que todos veriam, que não era birra, onde eu chegaria logo a seguir, pegaria você no colo, levaria ao hospital e o apêndice extirpado de forma rápida deixaria pequenas cicatrizes que hoje você procuraria, mas nem imaginaria aonde estariam... sorte que a juíza acreditaria na história (muitas testemunhas)... sorte que você, pequenina ainda, contaria tudo como “gente grande”... sorte que iríamos embora, mesmo que para perto, e após um tempo, mais adiante, para bem longe depois.

Sei que no dia do ciclone você pensou nisso, mas hoje contei outras coisas que você não saberia (ou preferiria esquecer). Quanto frio passaríamos, não é mesmo? E os detestáveis “apagões” que te deixariam “longe” dos seus inseparáveis amigos? Falando dos amigos, o quanto sua bondade e clareza de raciocínio evitariam que eles sofressem, quando me contasse sobre as coisas que acendiam seus alertas? Faríamos uma boa dupla: melhores amigos para sempre, ou BFF como você preferiria dizer. 

Só que chegaria o tal momento do “adeus” e creio que ele estaria muito próximo hoje; nesse finalzinho você riria muito das dificuldades que eu teria com suas coisas de menina (lógico que eu receberia muita ajuda), enquanto arrumaríamos suas bonecas e outros brinquedos para a lição de desapego. Você iria (ou ficaria) enquanto eu ficaria (ou iria). Aos poucos o riso daria lugar ao choro convulso, inevitável, não fosse a súplica dela que insistiria que você ficasse e, se necessário, ela iria em seu lugar. O que seria o curso natural dessa evolução ensandecida de uma vida condenada? 

:Num pasto, na esperança de ser abduzida, Ana a encontra: “Não virão hoje... o que faremos?” 
Ela se cala... Fez-se o silêncio.





Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sábado, 17 de dezembro de 2016

♪ “Só enquanto eu respirar Vou me lembrar de você" ♫

Uma história já contada no “Contos de Fada?”, mas que eu acho muito bonitinha e resolvi repetir por aqui com algum grau de edição ( e muitos links para outros cantos). 

Ana acordara cedo, sentiu frio e jogou uma blusa de moletom (enorme), que o Guri deixara, por cima do pijama curto; não penteou o cabelo, não lavou o rosto, mas pegou um café bem forte na cozinha (Tia Nastácia chegara cedo) e foi até a varanda do quintal para ver como estava o dia. 

Um chuvisco incessante, uma neblina de inverno, lembrou da irmã que gosta dessas coisas. Pensou em mudar tudo, mas também lembrou “daquela menina com uma bela expressão de boca, olhos castanhos brilhantes e tudo formando um conjunto de rosto bem adequado e com suavidade bastante para ser agradável de olhar” que aprecia um dia chuvoso e aí deixou por isso mesmo. 

Quando, então, surgiu um gato com uma mensagem da Lua: 

“- Vão receber cantoria, alguns virão só poesia, 
Outros, nem tanto, só alegria, arrumem os girassóis, 
Comecem dando nós, façam a tal da festa!” 

Nisso o Mago se aproxima: 

- O que ele quer dizer, Mago? 
- Que a Lua virou poetiza e atriz... espere que tem mais, Beatriz! 

“- Preparem arroz com feijão (continuou o gato), 
Pois essa gente terá muita fome, 
Assim como diz aquela canção, 
Tudo de grão em grão, pena que logo some!” 

- Feijão eu garanto, mas vou fazer bolinhos também! - comentou Tia Nastácia 

“- Para Ana o mar manda recado
Já que não esqueceu daquele dia
Onde ela estava a seu lado, 
Apesar de que isso ninguém via.”

- .... – ela enrubesceu. 
- Você cantou na praia e, ele, as estrelinhas te deu. 

“- Para os demais, que venha a sorte, 
Talvez apareça um realejo, ai no seu vilarejo, 
Espantando a tristeza, a dor e os ditos da morte, 
Realizando, de uma vez só, todo seu desejo.” 

- ... – dessa vez foi Melinda que os olhos arregalou. 
- Veja, menina, foi a Lua quem falou! 

“- Pra encerrar essa apresentação, 
Pois é hora de pular fora, 
Deixo, do anjo, outra canção, 
E agora vou-me embora!” 

- E pra quem canta agora, gato?
- Ué? Como você não sabe? Aqui só existe um fato! 

♪“Metade de mim 
Agora é assim 
De um lado a poesia, o verbo, a saudade 
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim 
E o fim é belo incerto... depende de como você vê 
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só”♫ 

O gato abriu uma gargalhada, 
Uma luz o iluminou, de tamanho ele aumentou, 
Ainda deu tempo de dar uma olhada, 
Pois num clown se transformou. 

E ele saiu por ai... 

♪“Só enquanto eu respirar 
Vou me lembrar de você 
Só enquanto eu respirar”♫

   


Bom Dia! Eu sou o Narrador.  

N.N.: As referências musicais são do Teatro Mágico

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Os Segredos da Força

Demorei dois meses para ler o livro “Não conte a ninguém” do Harlan Coben, que nem de longe guarda alguma relação com o simpático “Refúgio” que já falei aqui, pois não passa de um “novelão” que daria vergonha a Janete Clair. 

O autor esticou a história de todos os modos possíveis e deixou algumas coisas para as últimas páginas. De qualquer forma cumpri a dura tarefa e já posso partir para outros que estão na fila e que prometem bons momentos de leitura. 

Hoje foi um daqueles dias muito frios de verão (ué? Verão não é calor?), onde imperou o vento e a neblina. Pelo que a amiga Zilda explicou, o “inverno veio tirar suas férias de verão por aqui” e o casaco volta ao trabalho. Na contramão da literatura discutível, terminei o dia no cinema e aí sim consegui uma história de verdade, mesmo que sendo de mentira (bom... isso também é difícil de garantir). 

Um spin-off da saga Star Wars estreou hoje mundialmente (o que inclui as paragens daqui também): "Rogue One" conta uma história tirada, possivelmente, de uma frase perdida no roteiro original de algum dos filmes de base. Sensivelmente voltado ao público adulto, seguiu a mesma linha do “Animais Fantásticos e onde habitam”: um spin-off para o público que cresceu admirando as guerras interplanetárias e acreditando no mantra: "Que a Força esteja com você”. 

O texto de hoje é bem curtinho mesmo. O ideal é ver o filme, ler o livro somente se sua sobrinha te emprestar (e não comprar para dar de presente pra ninguém) e entender que existem coisas muito grandes por aí que podem (e vão) mudar o nosso destino.  

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Fotografias na parede de papel

” I am a writer: anything you say or do may be used in a story” 

Ainda na época do “Contos de Fada?” alguns textos foram considerados como autoajuda e isso me incomodou bastante, pois jamais foi meu objetivo escrever no blog com tal fim. Depois que mudei o estilo (se bem que ainda “puxo” muita coisa de lá) eu faço alguns textos algo “melancólicos” e que, por incrível que pareça, fazem bastante sucesso com os leitores (tem muita gente que curte um texto triste), mas particularmente eu não curto esse tipo de terapia. 

Quando mudei para onde moro eu resolvi usar um compensado de madeira (que no final das contas é quase um “papelão duro”) para dividir a sala e criar um anteparo para o vento frio e um canto como se fosse um escritório. Para a contar a novidade, fotografei e mandei para a amiga mais antiga que sugeriu uns “quadrinhos” e uma ajeitada geral, lógico. Essa ajeitada até dei, mas não como ela faria. O que ficou sempre na ideia, foi usar a parede de papel para alguma coisa e esse projeto, recentemente, voltou à tona com a possibilidade de uns desenhos com giz ou lá o que fosse, de forma meio personalizada e tals. Infelizmente isso vai demorar um pouco para acontecer e, enquanto o tempo para, resolvi comprar os tais “quadrinhos” que a amiga sugeriu. 

Pra não dizer que eu não tinha nada, eu coloquei uma foto emoldurada que ganhei da Fernanda, há muito anos, e que apelidei de “sombra do Peter Pan”; coloquei um relógio também e andei ganhando umas ampliações de umas fotos legais que tirei por aí e até pensei em colocar moldura e aí nunca fiz porra nenhuma coisa alguma e pronto. 

Em dado momento, fez-se a luz! Caminhando no shopping, vi um quiosque da “Los Quadros” cheio de coisas interessantes e acabei comprando três quadrinhos, o que deixaria minha amiga muito orgulhosa (se bem que o lance do desenho me agradaria mais... enfim... deixa quieto). Os três tem frases, mas não são de autoajuda e sim coisas que eu realmente acredito, que falaria para alguém e até escreveria no blog. 

Fotografias... quadros... músicas... memórias... coisas que são referências e que surgem a todo instante em tudo que fazemos... até o Johnny Cash... 

Ah! No dia do desenho, é só tirar os quadros e colocá-los em outro lugar...

♪“We keep this love in a photograph 
We made these memories for ourselves 
Where our eyes are never closing 
Our hearts were never broken 
And time's forever frozen still”♫ 




 Boa Noite! Eu sou o Narrador.

N.N: Atualizado com a última foto em 08/01/2017.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Decidir (ou: O medo de amar é o medo de ser livre)

Existe um breve momento do sono, onde a realidade se confunde com o sonho: aquele momento entre o acordado e o dormindo, onde entramos em histórias que criamos, ou que visitamos os mundos de pessoas que amamos. Algumas músicas nos ajudam a caminhar por esses mundos... esta é uma delas.
♪ “O medo de amar é o medo de ser 
Livre para o que der e vier 
 Livre para sempre estar onde o justo estiver”♫

Após dias quentes e muito abafados, uma chuva foi bem vinda. O frescor e o barulho da tempestade acalentaram o final de noite. Só que...

- Oi. Você pediu que eu ficasse – fiquei - e me chamou outro dia (eu ouvi). Hoje vim te ver! Que bom que você gosta de mim (lisonjeada). 
- Oi? Como? Mas e... 
- Alice o protegerá nos próximos dias e creio que ele estará seguro. Quanto a você, pergunte o que quiser: já que vim, fique a vontade.  

"Decidir: verbo transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo (nem ele se decide) - tomar resolução ou resoluções sobre; deliberar; resolver."

Desde pequenos nos cobram decisões difíceis: o que ser quando crescer é perguntado umas três vezes; depois que crescemos, ainda perguntam mais algumas vezes; só que nunca nos disseram que teríamos que errar para aprender com nossos erros.  

♫ “O medo de amar é o medo de ter 
De a todo momento escolher 
Com acerto e precisão a melhor direção”♪

- Sim... foi péssimo. Sem dormir, trabalho duro, focado, forçado, com fé, resolveu. O cristal por sobre o peito agora só sai eventualmente. De qualquer forma, ele gostou da etiqueta no livro (ele tinha certeza que encontraria alguma coisa).  

Dúvidas sempre nos cercam: qual será o melhor caminho, qual a roupa que devemos vestir para trilhá-lo; e quem seguir: o coração ou a razão? Decisões muito difíceis... serão só essas? 
♪ “O sol levantou mais cedo e quis 
Em nossa casa fechada entrar pra ficar”♫

- Ei! Trouxe um “Toddynho” pra você. Chocolate melhora um pouco e sei que você gosta (ele contou). Sem contar que a despensa está cheia de coisas que precisamos dar cabo.

Independente da escolha, a chance de errar é enorme. Apesar do erro mostrar o acerto (ou a outra opção), nem sempre o que parecerá, então, certo, será a melhor solução. Escolhas são confusas, assim como esse parágrafo. Reconhecer o que o destino nos traçou talvez seja a tal da "melhor solução". 
♫ O medo de amar é não arriscar 
Esperando que façam por nós 
O que é nosso dever: recusar o poder♪

- Hora de ir. Voltarei sempre que você quiser (às vezes velarei seu sono sem você saber), basta me chamar. Foi bom estar com você, finalmente.  (um relâmpago e Ana sumiu).

De tudo, o que importa é a certeza da presença eterna do amor, aquele amor que não é uma torta de creme, “leve, limpa, com cheiro de primavera”¹, mas definitivamente não é um bolo mofado, nauseante e doentio: é alguma coisa repleta de metáforas e criptografias (cada dia que passa eu gosto mais dessas palavras) e que já tentaram definir de diversas formas (até a amiga mais antiga já tentou isso); algo que dá um medo absurdo, dá vontade de fugir, nos faz errar diversas vezes, nos deixa putos irritados, tira nosso sono, é sem regras (rebelde), respeita e invade espaços (ou vice e versa), maravilhoso ("só isso ou tudo isso") e é acalentado pelo sol e iluminado pela lua (que cegam o tal do medo). Por último, "se não existe amor sem sofrimento...ah! existe alegria em sofrer por amor"².

♪ O sol levantou mais cedo e cegou 
O medo nos olhos de quem foi ver 
Tanta luz ♫  

E mais uma vez, lá naquele lugar que nunca existiu...

- Onde foste, Beatriz? 
- Como se você não soubesse! 

  

Boa Noite! Eu sou o Narrador.
 ¹ Citando Natália Nodari
 ² Citando Sarah Alcantara

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Sorvete de Flocos

Seria uma festinha de aniversário infantil comum: comemoração dos três anos das gêmeas Isabela e Carolina e, na preparação, a movimentação ficou muito intensa com cada um providenciando uma coisa. O tema era o Ursinho Pooh, e várias abelhinhas foram convocadas para ajudar. Fazia muito frio, mas isso não criou maiores problemas. 

A partir daí o amarelo e o vermelho viraram regra; fitas, potes para mel, colheres fusiformes de madeira, desenhos de ursinhos, ursinhos de verdade, uma verdadeira confusão. Em meio a bolas coloridas, bolo de chocolate, brigadeiro e pão de mel (cortesia das abelhinhas) a animação musical ficou por conta de uma turma da pesada fazendo cover daquela banda lá de Piracicada que, infelizmente, terminou em 2013. 

Ele fora convidado como gentileza (algumas pessoas são gentis), mais como observador do que participante, mas levou presentes e reservou esse momento para ficar em silêncio numa mesa de canto. 

Durante a festa, um “obrigada” muito sorridente chamou sua atenção: após receber um mimo, em forma de uma bala vermelhinha, a pequenina de belos olhos verdes e brilhantes, rodeado por sombras e rímel, emoldurados por lindos cachos loiros que deixavam mais vivo seu belo sorriso, agradeceu e o piazinho voltou para o colo do pai, feliz por sua proeza. Afinal, ele mandou muito bem, pois foi gentil, também sorriu algumas vezes, pareceu algo tímido, mas foi firme na sua atitude enquanto ela não tirava mais os olhos dele. Nos dedinhos enluvados da menina, em preto e branco, brilhavam estrelinhas próximas à lua, enquanto ele observava todos os detalhes da oportunidade rara da proximidade infinita entre os dois pequenos e belos seres. 

Sorrisos e alguma conversa, algo bem além de uma ótima companhia, também iluminaram o amor infantil, e o fizeram pensar que talvez somente falte tempo... E o velho Senhor da Razão talvez viesse e um dia contasse outra história, mas essa seria mais uma daquelas deixada para (quem sabe) um outro dia... 

Hoje é terça-feira... os condenados comemoraram esse dia várias vezes... mas hoje... somente... se fez silêncio...  




Boa Noite! Eu sou o Narrador.