quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Jogo de soma diferente de zero

O título deste texto seria algo do tipo: “Gênio? Filósofo? (ou: O que ele bebeu que eu também quero?)”, mas ficaria muito grande e optei por algo mais simples, porém não menos complexo. 

As diversas e demoradas escalas nos aeroportos, durante o feriado do Natal, ajudaram muito e terminei de ler o último conto de “História de sua vida e outros contos” de Ted Chiang, lançamento da Intrínseca de novembro/2016, mas já houve uma prévia num outro texto onde fiz uma leitura de parte do conto que dá título ao livro.

O início do meu envolvimento tanto com o livro quanto com o filme (“A Chegada” - baseado nesse mesmo conto) foi algo muito por acaso e explico: fui a Joinville no início de dezembro – viagem já programada e que caiu como uma luva numa necessidade de espairecer um pouco – e escolhi esse filme para ver por pura falta de opção. Seria ficção científica (eu gosto – ah! 😢😢😢 RIP Princesa Leia), legendado (coisa rara hoje em dia) e terminaria bem a noite. 

Bom... a melhor análise sobre o filme que eu li foi a o Marcelo Gleiser na Folha de São Paulo (clique aqui para conferir) e concordo sem tirar nem por: o filme acabou, as luzes acenderam e ninguém se mexeu, cada um elaborando o que vira na telona o que, no meu caso, ainda não terminou, já que também li o livro (ir a livraria para comprá-lo foi a primeira coisa que fiz no dia seguinte). 

Ao todo são oito contos e ainda existe um “extra” do autor falando sobre cada um deles (inspiração, ideias, motivos, etc). O interessante dessa ficção é que ele quase “brinca” com o futuro como se fosse o presente e como se tivesse acontecido no passado. Os conceitos, as visões, a forma de escrever beira a perfeição filosófica quando, no mínimo, se torna premonitória. É um livro difícil se você tentar entender alguns conceitos técnicos (arquitetura, matemática, física, medicina, religião... tem de tudo), mas se você lê-lo com os olhos dos personagens tenho certeza que chegará muito além do que o próprio autor esperaria. 

Um dos conceitos que achei mais interessante fala do “jogo de soma diferente de zero” que faz parte da “teoria dos jogos”. No final das contas, nos jogos de soma diferente de zero o ganho de um dos jogadores não necessariamente corresponde à perda dos outros e foi isso que os extraterrenos trouxeram para a Terra: tecnologia para que, no futuro, nós possamos salvá-los da própria extinção. 

Infelizmente nossos “jogos” diários nos levam à soma zero... um ganha e outro perde. Melhor seria que todos ganhassem (costumeiramente todos perdem, mesmo que um aparente a vitória)... mas existem momentos que a sobrevivência fala mais alto e isso é história para outro dia.  


 Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

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