terça-feira, 27 de maio de 2014

Quando Você Crescer

Estou numa fase meio “reclamativa”, provavelmente fruto da idade e do inferno astral. Tento levar alguma diversão aos meus dezesseis leitores (ganhei mais dois recentemente), mas como o blog é meu, às vezes fico de saco cheio de algumas coisas e “sento o pau” aqui, já que encontrei uma fórmula boa de escrever o que penso, num formato que acho mais legal que os dois blogs anteriores (eles eram legais também, só que muito mais herméticos). 

Outro dia apareceu, num blog da revista VEJA, um desabafo de um médico com um ano de formado que falava uma série de coisas, mas efetivamente o que me incomodou foi essa parte que transcrevo por aqui (o post inteiro está disponível no Facebook, mas não vou deixar o link). 

“Se hoje eu pudesse dar um conselho a quem está prestando vestibular para medicina, eu aconselharia que desistisse enquanto há tempo. A não ser que esteja disposto a levar uma vida de sacrifícios sem resultados e decepções diárias. Ser médico no Brasil não compensa. Ser médico no Brasil não é para qualquer um.” 

Aí fui na página desse médico e mandei uma mensagem, contando um pouco da minha história, que resolvi compartilhar (alguns trechos), já que tive muitos alunos, hoje a grande maioria relatando seus sucessos, o que me deixa muito orgulhoso, e também por não concordar com esse parágrafo acima. 

“Prezado […] Seu desabafo no Facebook apareceu hoje no blog [...], mas já tinha lido […]. Este ano completo 30 anos de formado […] e o que havia no meu início de carreira não era muito diferente do que existe hoje em dia, em relação à superlotação das emergências, gente no chão, falta de insumos básicos e tudo que se vê por ai. Isso nunca melhorou e não vai melhorar nem tão cedo (acho que não vou ver isso). Mas ser médico é muito maior que tudo isso: é dedicação eterna, todos os minutos de todos os dias. Dizem que é sacerdócio... talvez... não me considero sacerdote de coisa alguma, mas sou médico porque não me vejo em qualquer outra profissão. […] De qualquer maneira, foi muito esforço. […] Não é para qualquer um? Não é mesmo. Só que, mesmo com dificuldade, eu sempre quis fazer a diferença com meu trabalho. Minha cota de fracassos, em termos numéricos, felizmente é menor do que de sucessos; e minha taxa de reconhecimento do paciente é mínima. Só que isso não faz a menor diferença. Sou médico porque gosto da coisa e faço da melhor maneira possível, procurando aprimorar, a cada dia, a minha técnica e minha abordagem. Como procuro fazer a coisa da melhor maneira possível, não quero nem saber das insanidades dos gestores públicos. A minha cobrança vem do meu travesseiro, onde encosto a cabeça para dormir e eu durmo, porque fiz um bom trabalho. Fico triste quando vejo depoimentos como o seu e de outros garotos novos como você; não creio que você fez medicina por mercantilismo e sim porque tinha vocação para a coisa, senão nem teria terminado o curso. Só acho que devemos dar o exemplo de dedicação sem se importar com os desvarios dos gestores. [...] Divida com o usuário as suas condições de trabalho, para que ele possa te ajudar também, cobrando providência dos gestores. Isso dá mais trabalho que atender, mas se não fizermos isso, nada vai mudar. Teria muito mais para te falar, mas já me estendi muito. Um grande abraço e boa sorte.” 

Raul Seixas é aquele cara que nasceu há dez mil anos atrás e que dizia que “não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”. Estou muito longe de saber tudo, mas, hoje em dia, nosso alcance aumentou. A escolha de uma profissão vem da vocação e, uma vez que você teve vontade, pode pesquisar, conversar e explorar todo o universo que virá depois de passar no vestibular e depois da formatura; independente disso, qualquer um tem o direito e o dever de tentar melhorar as coisas e, se achar que não era bem isso que queria, de começar outra vez (sempre há tempo). O que não posso admitir é o conselho infeliz. Se hoje alguém me perguntasse se vale a pena ser médico, eu contaria tudo que eu sei e diria que, pra mim, valeu e vale muito a pena. É difícil? Alguém conhece alguma profissão fácil? Vamos combinar, né? 

Deixo aqui uma pérola que encontrei, do LP “Eu nasci há 10 mil anos atrás” que vale a pena ouvir e refletir. O cara era o máximo! 





Boa Noite! Eu sou o Narrador.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Histeria na Boataria

Durante um curto tempo da minha carreira eu trabalhei com gestão, de forma integral. Foi um tempo bem difícil porque era completamente diferente de qualquer coisa que eu estivesse acostumado, mas valeu a pena, pois aprendi a entender como funcionam normas e procedimentos operacionais. De uma forma bem resumida, você define uma norma ou lei (por exemplo: tomar banho diariamente) e cria vários procedimentos (portarias, resoluções, etc.) para o cumprimento da norma (haver água – que pode ser quente ou fria e, para isso, eventualmente, outros procedimentos/normas complementares podem ser criadas, como ter um aquecedor; haver sabão e/ou shampoo, e por ai vai). 

A velocidade da informação, através da Internet e das redes sociais, é uma realidade, porém dificulta o entendimento das pessoas, que acreditam no que aparece por lá sem verificar a origem da notícia. Dessa forma são criados os boatos (ou "hoax") e a histeria coletiva vem na consequência. Alguns desses boatos são desmascarados com facilidade (é só acessar o site do e-farsas), mas outros vão aparecer por muito tempo, principalmente para aquela turma que acredita que o copo que está pela metade está “meio vazio” ao invés de “meio cheio”. 

Três desses “procedimentos operacionais” criaram furor nas redes sociais, mais por conta da dificuldade de entendimento das pessoas, associado ou não à preguiça de pesquisar ou mesmo de ler direito a coisa. O primeiro foi a PORTARIA DE Nº 371 de 7 de MAIO de 2014, que fala de humanização ao nascimento e que estabelece diretrizes e recomendações para o atendimento ao recém-nascido. Na mídia oportunista, isso apareceu como DETERMINAÇÃO e, mesmo sendo bem interessante, ela somente RECOMENDA, o que é uma grande diferença. Em cima dessa recomendação, certamente virão outros procedimentos operacionais para deixar a coisa, digamos, bem “azeitada” com a realidade. 

A segunda foi a PORTARIA Nº 734, DE 2 DE MAIO DE 2014 que “Aprova a Resolução nº 07/2012, do Grupo de Mercado Comum (GMC) do MERCOSUL, que aprova lista de profissões de saúde que são reconhecidas por todos os Estados Partes no Mercosul”. Essa portaria, ao contrário do que é espalhado nas redes, visa somente padronizar a nomenclatura e o reconhecimento de profissões e especialidades médicas que possuem designações diferentes em cada país. Por exemplo, no Uruguai, o médico é reconhecido como “Doctor em Medicina"; isso tudo é necessário para que, uma vez cumpridas outras exigências (como a revalidação dos diplomas), as profissões sejam reconhecidas e o trabalho seja permitido, ao contrário do que espalham por ai que “criaram” o temível “Mais Médicos” para todas as áreas da saúde. 

A terceira e última (por enquanto) é a PORTARIA Nº 415, DE 21 DE MAIO DE 2014 que “Inclui o procedimento interrupção da gestação/antecipação terapêutica do parto previstas em lei e todos os seus atributos na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/Próteses e Materiais Especiais do SUS" e que apareceu nas redes sociais como a “legalização indiscriminada do aborto”, mas é somente o procedimento operacional relacionado à Lei 12845 de 1 de agosto de 2013 (antigo PLC 03/2013), visando a criação dos códigos para o pagamento do procedimento, sem discutir o que já existe e já foi muito criticado por ai. 

Enfim, cuidado com os boatos. É importante a informação correta e legítima e, para conseguir isso, existem muitos mecanismos de busca e sites confiáveis. Na dúvida, tome um café e coma um pão com manteiga... é bem melhor do que esquentar a cabeça com o que não existe. 


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

N.N. (editado em 29/05/2014): A Portaria nº 734 foi esclarecida pelo CFM; a Portaria nº 415 foi revogada pelo MS (provavelmente vão fazer outra com alguns desenhos para facilitar o entendimento).

sábado, 24 de maio de 2014

Avada Kedavra (Morte Súbita)

Que eu lembre, só deixei dois livros sem completar a leitura: o primeiro foi “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, indicado pelo professor de português e que cairia numa prova (ele ainda orientou que “pulássemos” o prefácio de umas 45 páginas); o outro foi “Senhor dos Anéis” (1200 páginas, mais ou menos, de três livros, reunidos num único volume), mas ai já foi por preguiça mesmo, já que o primeiro filme já entraria em cartaz e achei mais interessante ver do que ler. Confesso que não lembro como resolvi o problema da prova, mas assistir a trilogia foi muito legal e recomendo o livro também.   

"Avada Kedavra" era aquele feitiço imperdoável lá dos livros/filmes do Harry Potter, usado para matar o Sirius Black, o Professor Dumbledore e até o pobre coitado do Professor Snape, mas causava o tal efeito “morte súbita”, pois era imediato, não dava tempo de chamar ambulância e o sujeito caia totalmente detonado. Talvez, por conta disso, J.K. Rowling resolveu inventar uma versão moderna do feitiço, criando um livro imperdoável com o título de “Morte Súbita” (tradução em português do título original “Casual Vacancy”), já que ele detona várias histórias que poderiam ser muito melhor desenvolvidas durante a saga. Ao contrário dos livros do Harry Potter, não houve riqueza de detalhes que maravilharam seus leitores, quando os viram nos filmes; a quantidade absurda de personagens “toscos” que foram impiedosamente descritos até meados da página 350 (o livro tem 500 páginas), tornam a leitura pior que a “Maldição Cruciatus”. (clique aqui para ver um esquema bem interessante dos personagens). 

O livro, ao que parece, vai virar série de televisão; talvez algo como uma novela das 8, mas ainda bem que a Janete Clair não vai ver isso (sorte da J.K.) e eu muito menos. Agora é esperar pelos próximos que estão a caminho. Dessa vez não fui procurar livros “piscantes” e encomendei pela Internet mesmo, mas espero que a leitura seja bem mais agradável. Ah! Esqueci de comentar: eu li as 500 páginas (dessa vez eu fui até o final).

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O Conto do Fogão

Na semana passada, ela esquecera um pouco da vida, viajou até sua cidade natal, onde moram seus pais, e era feriado, havendo uma grande festa comemorativa. Apesar de tentar passar despercebida, encontrou sua antiga amiga (aquela gostosona) que, evidentemente, não deixou de contar suas estripulias com o namorado.

Na volta para casa, uma bagunça danada, já que suas enteadas nada fizeram e o marido preferiu não desagradar as filhas.

- Então, a festa foi boa? - ele perguntou, com um sorrisinho meio amarelado.
- ("Teu cu!" – ela pensou) Claro meu bem! - ela evitou encrenca.

Nem tomou banho e partiu para a arrumação. Muita louça, muita lama dentro de casa ("o que custava tirarem a porra do sapato antes de entrar") e essa foi a parte fácil. O maior problema ficou com a lavagem de roupa, já que a umidade estava alta devido à chuva e ao frio polar que se abateu sobre a região. Preferiu não arriscar e selecionou apenas as roupas de baixo que poderia secar no fogão a lenha, já que havia um mini varal acima dele, justamente para isso. Para evitar o cheiro característico de fuligem, o grande lance era acender o fogão e só colocar as roupas um bom tempo depois.

Decidida, aproveitou que as gurias ainda estavam no trabalho e o marido encontrava-se em local indeterminado, mas fora de casa, verificou se, ao menos, a lenha que comprara com antecedência estava seca e iniciou os trabalhos no fogão. A compra foi boa, pois os preços estavam mais em conta e ainda ganhou um quilo de lascas de nó de pinho, como cortesia. Juntou uns gravetos e um pouco de jornal, acendeu essa base e colocou uma lasquinha bem pequena (sim, tem que ser algo desse tamanho porque o nó de pinho tem um poder calorífico absurdamente maior que a lenha comum e, se você usar muito, num fogão pequeno, a coisa pode esquentar de verdade), houve alguma fuligem, mas o fogão foi esquentando aos poucos. Aproveitou e colocou água na chaleira, separou a garrafa térmica, colocou chimarrão na cuia e foi tomar um banho, não sem antes já colocar algumas peças para secar e conferir se o boiler deixara a água do banho quente (sem surpresas dessa vez).

Estava exausta e o banho faria bem. Ligou o rádio no máximo de volume, naquela estação que só tocava sertanejo (o “cornual” é claro) e deixou a água quente e relaxante correr pelo seu corpo, no melhor estilo “comercial de shampoo”.

- Alô? É do bombeiro? Aqui é a enteada da Ana Paula! É que tá pegando fogo aqui! Já vem? Anda logo!

O som da sirene foi abafado pela música do rádio que ela cantava como se estivesse num karaokê: ♪”Tá tão difícil pra você também, né?/Com o coração vazio, mas sempre de pé/ Buscando alguma direção”♫

De repente um machado arromba a porta do banheiro e a fumaça negra é misturada com o vapor da água do chuveiro. Ela grita, o bombeiro não quis nem saber, coloca Ana Paula nas costas e a leva até o quintal, onde foi coberta com uma manta.

Bom... estava tudo muito certinho, até que a tapada da enteada chegou em casa, achou que estava muito frio e resolveu colocar mais lenha no fogão. Só que, ao invés dos tocos de eucalipto, achou que os caquinhos dentro daquele saquinho à parte eram mais fáceis de manipular e jogou tudo lá dentro, sem notar que era o nó de pinho. Alguns momentos depois, o fogo subiu muito, as tampas das bocas voaram e a roupa começou a queimar.

- Pronto, dona Ana Paula, foi só susto!

Ela totalmente catatônica, tanto por vergonha e outro tanto por ódio da enteada ("essa vai se ver comigo depois"), agradeceu, voltando ao banheiro para se vestir.

Na volta ao quartel, os heroicos bombeiros estavam felizes do dever cumprido. 

- Gente! Viram quem era? Ana Paula que nada! Era a Natasha! 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

N. N: O trecho apresentado é da música "Pra te fazer lembrar" do cantor Lucas Lucco ("de quem?" -perguntou o Quati).

domingo, 18 de maio de 2014

Capitão América 2

Acompanhar séries na televisão é uma diversão, mas pode trazer algumas decepções. É muito difícil, para seus criadores, manter o mesmo interesse do público durante um tempo longo e, algumas, acabam caindo no esquecimento ou causando algumas frustrações, como foi o caso de “Perdidos no Espaço”, “Túnel do Tempo” e “Caverna do Dragão”, onde o final nunca foi revelado (será que eles voltaram para casa?). Outras, mais atuais, começaram muito bem, mas perderam a força como “Dawson's Creek”, “Glee” e até mesmo “House”, que foi um sucesso indiscutível; algumas apostaram no final e o mais legal que eu vi foi do “E.R.” 

Conheci os desenhos da Marvel nos anos 1960. Era um desenho animado muito confuso e de qualidade discutível, mas tinham umas musiquinhas legais e divertidas e eram os tais heróis da época. Achei muito interessante a reciclagem do tema para o cinema, pois os idealizadores fizeram um projeto a longe prazo e que ainda vai render muita coisa boa por ai, para quem gosta do gênero. O final de cada filme já trazia um gancho para outra ideia que resultou no filme “The Avengers” e para a série “Marvel Agents of Shields”, que passa, atualmente, no canal Sony. 

Ontem fui assistir o "Capitão América 2" e gostei muito. Além da ideia associar o filme à série televisiva, já que muitas referencias ajudam a entender algumas coisinhas que ficaram meio perdidas, ainda contou com a participação do Robert Redford e uma “ponta” da bela Emily VanCamp (“Revenge” - essa série eu não gosto de assistir, mas é interessante) que deve aparecer em outros filmes da franquia. 

Bom... uma coisa é importante ressaltar: apesar do número grande de crianças no cinema, levar filhos pequenos esperando algo como “contos de fada” é perda de tempo. Isso me lembra do filme “Ted”, que era a história de um ursinho muito do sacana que fumava maconha e que muita gente desinformada ficou horrorizada quando descobriu a realidade do tema (esses levaram os filhos e tiveram que explicar muita coisa em casa depois). Cinema é assim: tem que dar uma pesquisada antes, para não entrar em fria. 

Fica a dica para quem gosta dos heróis da Marvel e procura boa distração para o final de semana, onde a neblina aparece todas as manhãs.  

 
Bom Dia! Eu sou o Narrador.

domingo, 11 de maio de 2014

Conto do Dia das Mães

Dia das Mães é aquele segundo domingo do mês de maio, onde a maternidade é comemorada de alguma forma. Quando os filhos estão no colégio, a semana que precede geralmente é complicada: diferente do Dia dos Pais, que também cai num domingo, a festinha escolar, para as mães, acontece no meio da semana, gerando muito corre corre, quando elas possuem alguma profissão, pois tem que dar um jeito de sair do trabalho para comparecer e não causar frustração nos filhotes (os pais não tem esse problema, porque a festa é feita num sábado).

Pois é... mãe é correria o tempo todo. Dizem que isso tudo anda mudando, pois a sociedade já deixa o pai participar bem mais, só que muita coisa ainda tem que evoluir. No caso de Mônica, não houve festinha escolar; Yasmin tem um ano e um mês e só conheceu a própria festa de aniversário, que foi comemorada em casa somente com seus pais (caso contrário isso seria uma grande confusão que eles preferiram deixar para o ano que vem). 

De qualquer maneira, acordaram cedo, pegaram a primeira barca que navegou com auxílio de radar, já que a neblina cobria toda a baía. Por conta disso a viagem demorou um pouco mais e o frio da manhã não incomodou muito, pois tanto ela quanto a filha estava bem agasalhadas (levaram casaco, é lógico). Seu Antônio, taxista que servia a família há tantos anos, não se incomodou de esperar, considerando que, devido às obras do porto, mesmo no domingo, a bagunça do trânsito era certa. 

- Vai almoçar com sua mãe, né? Já não a vejo há bastante tempo! 
- E o senhor, vai trabalhar o dia todo? 
- Não, dona Mônica! Hoje quem faz o almoço sou eu e já vou pra casa providenciar o rango! 

Enquanto isso, lá na ilha, Leo e o sogro, com um batalhão de funcionários, já arrumavam o almoço no restaurante da pousada. Todos os lugares foram vendidos com antecedência e o lucro era certo, assim como o tumulto da fila na hora de entrar. Ainda serviriam um lanche, mas isso vou contar depois. Sim, Dia das Mães tem disso: se você não é o dono do restaurante e não fez reserva antecipada, há de ter uma surpresinha na hora do almoço. 

O dia passou rápido, claro que a mãe da Mônica fez as reclamações de praxe, a chantagem emocional já velha conhecida, soltou a frase típica “agora que você é mãe vai ver como a coisa funciona”, mas tudo correu bem. Afinal, mãe é mãe e merece sempre nossa companhia. Na volta, chamaram o radiotáxi, pegaram um catamarã que era mais veloz e chegaram a tempo para o lanche, que foi uma grata surpresa: era mais uma festa, onde os funcionários que trabalharam levaram suas famílias, era um tal de mãe pra cá, mãe pra lá (a mãe do Leo também foi, claro), presentes foram distribuídos e tudo isso por conta da excepcional renda do almoço, que o pai da Mônica preferiu não embolsar e sim festejar. Todos felizes e exaustos, Yasmin curtiu muito, mesmo sem entender direito, dormiu cedo e Mônica ainda recebeu um belo buquê de flores. 

- Então... gostou da comemoração surpresa?
- Claro, né, Leo! Ano passado Yasmin era muito pequena e aí a ideia era outra. Ei... pega meu celular ai que chegou SMS.
- De quem é?
- Da Bia... Rodrigo nasceu hoje. É prematuro, está na UTI, mas passa bem... 

Bom... o texto é em homenagem às mães, nessa data, e a foto em homenagem à minha mãe que, hoje, é representada pelo meu pai, que acumula as duas funções. A caixa de costura está guardada em boas mãos, lá com Alice (é assim que eu chamo essa amiga por aqui), mas simboliza muito bem o seu trabalho. 


Boa Tarde e Feliz Dia das Mães! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Disparada

♪”Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar...”♫ 

Já falei por aqui, em algum lugar, que eu gostava muito dos festivais da canção. Era uma coisa bem emocionante, eram alegres e, na época, eu não entendia muito bem do momento político do país (leia-se ditadura). 

O que eu lembro é que eu decorava as músicas e adorava cantá-las. À exceção de “Caminhando” (Pra não dizer que eu não falei das flores), do Geraldo Vandré, e “Sabiá” do Chico Buarque, só lembro da letra toda de “Disparada”, imortalizada pelo Jair Rodrigues e grande vencedora do festival de 1966 (sim, eu sou daquele tempo) ao lado de “A Banda” também do Chico (houve empate). 

Talvez essa identificação faça parte do trecho que fala da morte, do “não” e do conserto (♪“Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar/E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo/Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar...”♫), já que, no final das contas, isso tudo faz parte do meu trabalho. 

'Ta certo que eu demorei um bom tempo para “aprender a dizer não” (acho que foi a última coisa ) e mais tempo ainda para ligar o “foda-se” e até nisso tem versos na música (♪“Se você não concordar, não posso me desculpar/Não canto pra enganar, vou pegar minha viola/Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar...”♫). 

Para não deixar a menor dúvida, talvez eu dissesse que essa é a tal da “música da minha vida”, pois quem me conhece sabe que “na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei” e que “o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo e já que um dia montei agora sou cavaleiro”, mantendo o “laço firme e braço forte, num reino que não tem rei”. 

Bom... hoje o Jair Rodrigues foi “cantar noutro lugar”. Vai se apresentar, mais uma vez, no programa que a Hebe deve estar fazendo por lá. Por aqui, saudades daquele tempo e fica a homenagem do Narrador.  

 
Boa Noite, Jair! Eu sou o Narrador.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Grey's Anatomy: Do you know?

”Você sabe quem você é? Sabe o que aconteceu com você? Você quer viver desse jeito? Você só precisa de uma pessoa, um paciente, um momento, para mudar a sua vida para sempre. Ele mudará sua perspectiva, clareará suas ideias, um momento que te força a reavaliar tudo que acredita. Você sabe quem você é? Sabe o que aconteceu com você? Você quer viver desse jeito?” 
Narração do episódio 17 da 10ª temporada da série “Grey's Anatomy” do canal Sony.

Escrever é coisa de momento: algo acontece e ai você escreve; às vezes você também pode programar isso, mas nem é tão divertido assim. Assistindo (ou vendo) o episódio dessa narração ai de cima, que até pareceu muito sem graça (e foi mesmo), notei essa pérola que compartilho (acho que foi uma boa opção). 

Já falei aqui do livre arbítrio, numa outra cena e de uma forma mais engraçada, só que é interessante pensar como isso seria na realidade. Imagine a quantidade de coisas que você optou para chegar aonde está agora. Perdeu a conta, não é mesmo? Lembra das opções de ontem? Talvez, quem sabe, pouco provável que consiga. 

Lidar com pessoas é complexo e basta uma palavra mal colocada e a merda está feita; com pacientes, então, pior ainda. O texto é curto, pois hoje estou muito cansado, mas não resisti à opção de deixar aqui a dica desse episódio que vai repetir várias vezes durante a semana. Vale a reflexão. 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 4 de maio de 2014

Tardes de Maio

♪ O dia ficou noite 
O sol foi pro além 
Eu preciso de alguém 
Vou até a cozinha 
Encontro Carlota, a cozinheira, morta 
Diante do meu pé, Zé 
Eu falei, eu gritei, eu implorei: "Levanta e serve um café Que o mundo acabou!" ♫ (Nostradamus – música de Eduardo Dusek de 1981) 

Ops... ainda não chegou a hora, mas podemos parar para observar algumas coisas. O conceito de blog é um diário pessoal, mas foi modificando através dos tempos; dei uma olhada no que escrevi nos outros anos, nessa mesma época, e conclui que era para estar um frio de rachar, mas não foi bem o que encontrei nesse feriado prolongado. É, queridos 14 leitores, o tal do efeito estufa está por ai, como já dizem os estudiosos há bastante tempo, pois quem diria que, num lugar onde o inverno dura nove meses, eu ainda andaria de bicicleta e tomaria sorvete num final de tarde em pleno mês de maio. 

'Tá certo que não foram dias quentes: a neblina (misturada, ou não, à fumaça das chaminés dos diversos fogões a lenha espalhados por ai) foi a constante nas manhãs, até choveu bastante na véspera do feriado (o que adiou uma pedalada de quase 30 km... ufa!), mas o céu azul apareceu nesses finais de tarde que falei. 

A paisagem de maio sofre uma metamorfose: as nuvens fazem belos desenhos no céu, teve uma amiga que caracterizou a lua como um parapente (dá pra ver de tarde), se bem que eu ainda gosto mais do conceito de “lua em gato”, numa referência ao gato de Alice; a ciclovia, agora, fica cheia de pinhas que explodiram e você pode vê-las nos galhos também. A pracinha, com seus brinquedos que já andam pedindo uma manutenção, lota de crianças e adultos, aproveitando o clima ameno. 

Efetivamente eu não sei quanto tempo isso vai durar, já que nada é eterno, mas que seja infinito enquanto durar, parafraseando o poeta. Resolvi, então, dividir essas experiência com vocês. 



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dia do Trabalho

- Caralho Porra Nossa, Narrador! Outro feriado? Ninguém trabalha nessa sua terra? 

Revoltado, o Quati, logo cedo, resolveu sacudir a cama porque ele já está de saco cheio dessa história de ficar parado. Ia rolar uma tal de “pedalada”, mas ai choveu, a trilha encheu de barro e o lance “gorou”. Devidamente despachado, na direção do armário, lá se foi o Quati, tentando entender essas coisas dos seres humanos. Enquanto isso, já que é feriado, resolvi algumas coisas domésticas e consegui, finalmente, agendar um atendimento no INSS, coisa que já tento há um tempão e que hoje deu certo. Ah! Uma dica: se você pensa que por telefone é mais fácil, lembre-se que a ligação, ao menos de celular, para o telefone 135, não é gratuita e custou (numa outra tentativa) algo em torno de R$ 0,70 o minuto.

O Dia do Trabalho ou do Trabalhador, comemorado hoje no Brasil e em alguns outros países, marca uma série de conquistas e algumas revoltas que surgiram numa época onde quem trabalhava sofria muitas pressões negativas dos empregadores. Resolvi comentar algumas coisas do passado, sem me ater a muitos fatos históricos, para não entediar o leitor.

Quando eu era criança, eu entendia o trabalho como uma forma de ganhar um dinheiro para poder comprar as coisas e, enquanto meus pais trabalhavam para isso, a minha parte era frequentar a escola e passar de ano (isso dava muito trabalho, porque, claro, eu preferia brincar). Meu primeiro contato com as leis trabalhistas, veio quando surgiu uma coisa que se chamou de “opção pelo fundo de garantia” (o que hoje é conhecido como FGTS). Explico: meu pai trabalhava numa empresa e, caso fosse demitido, receberia uma indenização, pelo tempo trabalhado, e isso era uma garantia trabalhista na época. Com a tal “opção”, ele receberia uma parte dessa grana (uns 30%) e passaria a ser “protegido” pelo tal fundo. Caso não optasse, ele poderia trabalhar a vida toda e nunca ser demitido (seria “encostado” pela empresa, em alguma fase da vida, sem fazer nada, até morrer, o que, sabemos hoje, demoraria muito porque ele já esta perto dos 90 anos de idade – ainda bem). O FGTS também poderia ser sacado na aposentadoria. Legal isso, né? 

Ai aprendi a história da aposentadoria: uma parte do seu salário era descontada e, depois de um determinado tempo, você pararia de trabalhar e receberia um salário que, com o tempo, observou-se que seria muito menos do que você recebia na época que trabalhava e, na evolução, proporcionalmente ficaria cada vez menor (acho que a ideia inicial é que ninguém vivesse muito tempo para notar isso, mas meu pai notou, assim como vários outros pais e mães que estão por ai, lotando as excursões da terceira idade). Havia, porém, uma vantagem: alcançada a tal idade da aposentadoria, você pararia de descontar do seu salário, essa parte seria reincorporada e isso se chamava “pé na cova”. Essa grana foi legal, porque meu pai economizava esse “extra” para viajar, com toda a família, uma vez por ano (lógico que isso já não existe mais, assim como outras coisas relacionadas à previdência e que eram bacanas).

Pelo que fui entendendo, as coisas ficaram interessantes para o trabalhador: muitos direitos e garantias. Foram tantas que, quando minha vez chegou, encontrar um trabalho que “assinasse a carteira” (numa referencia à carteira de trabalho) não era uma coisa muito simples, já que a despesa para o empregador ficou enorme e outras relações de trabalho foram criadas (cooperativas, firmas quase “fantasma”), tudo para resolver esse “pequeno probleminha". Falavam, também, que o ideal era o serviço público, porque, ao aposentar, você receberia integralmente o valor do seu salário. Só que, aí, o empregador público passou a não dar aumento de salário e sim encher seu contracheque de gratificações, que não entravam no cálculo para a aposentadoria (em alguns casos, o salário pode equivaler a 20% do que o servidor público recebe por mês). 

Bom... sem muitas lamúrias, o Dia do Trabalho tem muitas histórias. Algumas tristes, como a morte do Ayrton Senna e a bomba no Rio Centro, mas também é o dia do anúncio do aumento da salário mínimo que, infelizmente, muita gente ainda ganha por ai (quando ganha). Algumas coisas mudaram, desde a época do meu pai: hoje em dia, o trabalho da criança (estudar para passar de ano) foi substituído pela “aprovação automática” e ai ele não existe mais; quando ela cresce, não fica preocupada em encontrar emprego, pois existem programas sociais, umas bolsas por ai que, se nada der certo, ainda recebem uma aumento superior ao dado ao salário mínimo (este ano, o aumento do salário mínimo foi de 6,78%, do salário do aposentado foi de 5,7% e o da bolsa foi de 10%). 

Enfim, é feriado. A história vai modificando e, talvez, em alguns anos, ninguém lembre da luta dos antepassados pelos direitos do trabalhador, mas fica aí o meu abraço para aqueles que lutam, de verdade, por um país mais justo e TRABALHAM para isso. 

 
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.  

N.N: Escolhi essa quadra, de selos comemorativos, para ilustrar o texto de hoje. Por incrível que pareça, foi bem difícil encontrar alguma alusão filatélica brasileira à data. De futebol achei um monte. O selo foi lançado em 1986.