quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dia do Trabalho

- Caralho Porra Nossa, Narrador! Outro feriado? Ninguém trabalha nessa sua terra? 

Revoltado, o Quati, logo cedo, resolveu sacudir a cama porque ele já está de saco cheio dessa história de ficar parado. Ia rolar uma tal de “pedalada”, mas ai choveu, a trilha encheu de barro e o lance “gorou”. Devidamente despachado, na direção do armário, lá se foi o Quati, tentando entender essas coisas dos seres humanos. Enquanto isso, já que é feriado, resolvi algumas coisas domésticas e consegui, finalmente, agendar um atendimento no INSS, coisa que já tento há um tempão e que hoje deu certo. Ah! Uma dica: se você pensa que por telefone é mais fácil, lembre-se que a ligação, ao menos de celular, para o telefone 135, não é gratuita e custou (numa outra tentativa) algo em torno de R$ 0,70 o minuto.

O Dia do Trabalho ou do Trabalhador, comemorado hoje no Brasil e em alguns outros países, marca uma série de conquistas e algumas revoltas que surgiram numa época onde quem trabalhava sofria muitas pressões negativas dos empregadores. Resolvi comentar algumas coisas do passado, sem me ater a muitos fatos históricos, para não entediar o leitor.

Quando eu era criança, eu entendia o trabalho como uma forma de ganhar um dinheiro para poder comprar as coisas e, enquanto meus pais trabalhavam para isso, a minha parte era frequentar a escola e passar de ano (isso dava muito trabalho, porque, claro, eu preferia brincar). Meu primeiro contato com as leis trabalhistas, veio quando surgiu uma coisa que se chamou de “opção pelo fundo de garantia” (o que hoje é conhecido como FGTS). Explico: meu pai trabalhava numa empresa e, caso fosse demitido, receberia uma indenização, pelo tempo trabalhado, e isso era uma garantia trabalhista na época. Com a tal “opção”, ele receberia uma parte dessa grana (uns 30%) e passaria a ser “protegido” pelo tal fundo. Caso não optasse, ele poderia trabalhar a vida toda e nunca ser demitido (seria “encostado” pela empresa, em alguma fase da vida, sem fazer nada, até morrer, o que, sabemos hoje, demoraria muito porque ele já esta perto dos 90 anos de idade – ainda bem). O FGTS também poderia ser sacado na aposentadoria. Legal isso, né? 

Ai aprendi a história da aposentadoria: uma parte do seu salário era descontada e, depois de um determinado tempo, você pararia de trabalhar e receberia um salário que, com o tempo, observou-se que seria muito menos do que você recebia na época que trabalhava e, na evolução, proporcionalmente ficaria cada vez menor (acho que a ideia inicial é que ninguém vivesse muito tempo para notar isso, mas meu pai notou, assim como vários outros pais e mães que estão por ai, lotando as excursões da terceira idade). Havia, porém, uma vantagem: alcançada a tal idade da aposentadoria, você pararia de descontar do seu salário, essa parte seria reincorporada e isso se chamava “pé na cova”. Essa grana foi legal, porque meu pai economizava esse “extra” para viajar, com toda a família, uma vez por ano (lógico que isso já não existe mais, assim como outras coisas relacionadas à previdência e que eram bacanas).

Pelo que fui entendendo, as coisas ficaram interessantes para o trabalhador: muitos direitos e garantias. Foram tantas que, quando minha vez chegou, encontrar um trabalho que “assinasse a carteira” (numa referencia à carteira de trabalho) não era uma coisa muito simples, já que a despesa para o empregador ficou enorme e outras relações de trabalho foram criadas (cooperativas, firmas quase “fantasma”), tudo para resolver esse “pequeno probleminha". Falavam, também, que o ideal era o serviço público, porque, ao aposentar, você receberia integralmente o valor do seu salário. Só que, aí, o empregador público passou a não dar aumento de salário e sim encher seu contracheque de gratificações, que não entravam no cálculo para a aposentadoria (em alguns casos, o salário pode equivaler a 20% do que o servidor público recebe por mês). 

Bom... sem muitas lamúrias, o Dia do Trabalho tem muitas histórias. Algumas tristes, como a morte do Ayrton Senna e a bomba no Rio Centro, mas também é o dia do anúncio do aumento da salário mínimo que, infelizmente, muita gente ainda ganha por ai (quando ganha). Algumas coisas mudaram, desde a época do meu pai: hoje em dia, o trabalho da criança (estudar para passar de ano) foi substituído pela “aprovação automática” e ai ele não existe mais; quando ela cresce, não fica preocupada em encontrar emprego, pois existem programas sociais, umas bolsas por ai que, se nada der certo, ainda recebem uma aumento superior ao dado ao salário mínimo (este ano, o aumento do salário mínimo foi de 6,78%, do salário do aposentado foi de 5,7% e o da bolsa foi de 10%). 

Enfim, é feriado. A história vai modificando e, talvez, em alguns anos, ninguém lembre da luta dos antepassados pelos direitos do trabalhador, mas fica aí o meu abraço para aqueles que lutam, de verdade, por um país mais justo e TRABALHAM para isso. 

 
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.  

N.N: Escolhi essa quadra, de selos comemorativos, para ilustrar o texto de hoje. Por incrível que pareça, foi bem difícil encontrar alguma alusão filatélica brasileira à data. De futebol achei um monte. O selo foi lançado em 1986.

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