quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pedra 90

"Significados de Pedra 90: 1) Pessoa de grande valor. Que cumpre com sua palavra. 2) Originária do jogo de TOMBOLA (similar ao bingo), mas com noventa pedras no saco. Pedra 90 é a pedra de maior valor no saco." (fonte: Dicionário inFormal) 

No texto anterior eu falei que gostei de uma frase que ouvi num filme e isso me deu inspiração para escrever, de novo, com um bordão como apelo no título. Na verdade, a coisa completa seria “Pedra Noventa, só enfrenta quem aguenta”, muito falado pelo personagem Pedro Pedreira, interpretado pelo Francisco Milani, na Escolinha do Professor Raimundo. Chico Anísio, diz a lenda, criou a Escolinha para manter viva a chama dos velhos humoristas brasileiros e por lá passaram vários que andavam esquecidos na época. Quem nunca viu pode conferir no canal Viva, ou no Youtube. 

Já aprendemos que ser velho não significa ser obsoleto: como legítimo adolescente da terceira idade (definição dada por uma amiga) e frequentador assíduo de excursões com pessoas bem mais velhas do que eu, posso garantir que essa turma é animada, divertida e gulosa (ninguém é fraco na hora do buffet e do vinho). 

O melhor exemplo disso é o Velho Pai: no auge dos seus noventa anos, completados hoje, guarda a lucidez e a experiência que as décadas o presentearam, compartilhando sua alegria e disposição com todos aqueles que tem o privilégio de estar com ele. Definitivamente, ele é o “Pedra 90” e merece todas as homenagens nesse dia tão festivo. 

E eu só tenho a agradecer a ele por todos esses anos de convívio e amor, ao apoio sempre recebido, à presença nos meus momentos importantes, enfim... a tudo. Se hoje cheguei onde estou certamente devo a ele e também à minha mãe, que comemora lá do céu. Agradeço também aos amigos que estão mandando recados no Facebook, telefonemas diretamente para ele e os SMS. 

E 'bora seguir viagem para completar essa comemoração de perto. Será que vai ter bolo?

Boa Noite! Parabéns, Papai! Eu sou o Narrador.

sábado, 22 de agosto de 2015

Velho, mas não obsoleto!

Alguns dias na nossa vida são bem interessantes e hoje foi um desses dias. Além das tarefas domésticas e um bom passeio de bicicleta à tarde, antes que a “friaca” retorne por essas bandas, terminei de ler o livro que Alice me presenteou no meu aniversário. É uma coletânea da obra de um sujeito que se chama Waly Salomão ("Poesia Total - 1ª edição - São Paulo: Companhia das Letras, 2014") do qual eu nunca tinha ouvido falar. Falei disso no texto “Uma Orelha” e hoje finalmente completei a leitura. Particularmente eu nunca li um livro de poemas/poesias (existe uma diferença entre as palavras), mas o interessante foi voltar à época da Tropicália/Ditadura Militar. Cheguei à conclusão que eu não entendo mesmo do assunto, mas achei uma pérola que vale a pena compartilhar: “Escrever poesia é como surfar! Poesia, como surfar, é inesgotavelmente fresca e cheia de surpresas; suas delícias são sem fim, e cada onda, como cada poema, contribui em sua medida para o que sentimos, sabemos e acreditamos.”(Surfaces - A.R. Ammons; Set in Motion – essays, interviews & dialogues - Edited by Zofia Burr – 1996). 

Além da obra poética, Waly Salomão escreveu letras de músicas que fizeram sucesso lá naquele tempo. Uma delas, musicada pelo Lulu Santos, foi consagrada pelo Paralamas do Sucesso e o vídeo eu deixo mais adiante. Se vale a pena conferir essa coletânea, isso eu já não sei, mas é uma viagem no tempo com um autor sem definição de estilo e de uma complexidade exuberante. Há um apêndice com resenhas de outros autores que é tão ou mais complexo que o livro. Enfim, foi uma experiência interessante. 

À noitinha minha ideia foi outra: ir ao cinema assistir “Teminator Genisys”. O filme é ótimo, principalmente para quem acompanhou a saga desde 1985 ou viu as inúmeras reprises televisivas, já que muitas citações, dos filmes anteriores, rechearam a produção atual. Gostei de um bordão novo: “Velho, mas não obsoleto”. 

Pelo que vocês estão vendo, hoje houve uma volta ao passado. A cereja do bolo ficou para o final. Ao sair do cinema, fui abordado por uma família: há cinco anos, atendi uma menina, na época com uns oito anos de idade, e fiz um diagnóstico preciso de um problema que carecia acompanhamento (claro que não lembrava disso). Vi, agora, uma bela moça ainda em tratamento, a antiga menina e fiquei feliz com a lembrança de sua família. 

Sim, eu estou velho, mas ainda não obsoleto! ( Arnold/Terminator/Schwarzenegger ) 


 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Utopia é um lugar que não existe

Hoje está chovendo por aqui, mas os dias secos e de sol, que perpetuaram um veranico por quase um mês, fizeram que eu retornasse às minhas atividades ciclísticas mais cedo este ano. Como trabalho por escala, tive alguns dias, digamos, de folga, que aproveitei bastante. Domingo foi o último e programei pedaladas pela manhã e à tarde. O que eu não contava é que um “bocó” (definição dada pelo dono do prédio onde moro) tivesse desligado a água, durante um serviço durante a semana, e amanhecemos com a caixa vazia. Acreditando no “plano B”, já que existe também um poço que pode abastecer o prédio, não fosse o fato da pressão ter rompido a tubulação de acesso, saí de bicicleta e só entendi que o banho antes do trabalho seria impossível, quando retornei e conversei novamente com o locador. Sujeira criada (pedalar não é uma coisa isenta de impurezas) comecei a pensar em qual solução daria, já que trabalharia num turno de vinte e quatro horas e a opção eslovaca (entender isso é para os fortes) não daria muito certo. 

No final das contas, já que meu trabalho era em outra cidade, pernoitei num hotel de lá mesmo, o que me deu uma vantagem de não ter que acordar tão cedo no dia seguinte. Foram dois banhos, pois deu muito trabalho retirar os resíduos ciclísticos e conclui que a ideia foi boa. 

Ficar em hotel tem algumas chateações, pois meu programa de domingo era ver (assistir) algumas coisas, que já estou acostumado, na televisão de casa, mas fiquei a mercê do que passava por lá mesmo. Qual não foi minha surpresa quando liguei a TV e passava um documentário sobre os Mamonas Assassinas, grande fenômeno artístico dos anos 1990 e que entrou na lista comparativa sobre sucessos meteóricos, que aparecem e desaparecem de uma hora para outra, que um sujeito publicou numa mídia dessas por aí, quando falou da comoção causada pelo desaparecimento precoce de um cantor. 

Os Mamonas desapareceram precocemente também, vítimas de um acidente aéreo. Nem tínhamos nos recuperado ainda da morte do Ayrton Senna e lá veio outro desastre. Confesso que, talvez, tenha sido a última banda que eu tenha curtido e depois parei no tempo do Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Titãs, dentre outras da época. Os sucessos atuais da garotada eu nem sei quem canta (tem uma ou outra música “chiclete” que é bacaninha, mas depois que criaram a “sofrência” a coisa ficou muito pior do que já estava) da mesma forma que parei na “Era Zico”, no futebol, e que me perdoe o Rubinho, automobilismo nem imagino aonde esteja. 

Eles fizeram sucesso, pois associaram criatividade, humor e boa técnica musical, além de uma vontade enorme de vencer; não era um grupinho com talento restrito, lançado somente para aplacar a necessidade comercial de alguém e ganhar dinheiro: os Mamonas Assassinas surgiram para agradar e assim o fizeram, durante o curto tempo que viveram. 

O documentário é muito bom (tem no Youtube) e vale a pena conferir. Agora, provavelmente, animam o Programa da Hebe (que quase ressuscitou ontem, junto com a Dercy, para ensinar à Xuxa como fazer um programa ao vivo) lá na Utopia... um lugar que só existe na nossa imaginação, mas que podemos alcançar dependendo na nossa própria vontade.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Conto da Estrelinha que caiu

O inverno definitivamente acabou (se é que houve): hoje, andando de bicicleta, vi cerejeiras em flor e quase fotografei, mas vou esperar um pouco, para que fiquem mais floridas. Vai ser muito legal mostrar isso depois. Com o calor e o tempo claro, as noites ficam bonitas e, outro dia, houve uma chuva de estrelas (isso tem nome técnico, mas deixa pra lá) e acredito que alguma tenha caído em algum lugar por ai. Isso também já aconteceu, num outro conto de fadas e eu estava devendo essa história... 

Era uma vez... 

Vagava brilhando por entre as nuvens, aproveitava que a lua era nova e o escuro da noite, para ser a mais bonita, dentre todas aquelas que estavam no céu. De repente, tropeçou e despencou lá de cima... ops... 

Meio assustada, encontrou um baixinho ridículo, de barba verde e cabelo roxo, um desses seres que não tem definição e que estava sentado num banquinho cor de abóbora, para não perder a esdrúxula combinação de cores. A sorte é que ele estava dormindo e ela passou por ele, bem devagar, até encontrar uma montanha, onde morava um Mago. 

Viu uma porta... toc toc... 

- Quem é você? Como caiu aqui? - ele perguntou. 
- Nem sei ao certo, mas não tente me entender... tente ver além do que realmente sou.

Convidou-a para entrar e ofereceu chocolate; então, olhou para ela, viu aquelas coisas que estão realmente além do entendimento e disse: 

"- A quantidade de paixão que existe dentro de você só não é maior que o infinito... Não a guarde porque é energia pura... se não der pra usar como você gostaria, transforme-a em outra coisa boa também."
 
E, dessa forma criou-se outro mistério: caíra a Estrelinha na vida do Mago; desde então, surgiu um feitiço que ela usa até hoje, pois transformou a paixão que existe dentro dela num brilho maior que o infinito. Nos seus olhos existe um irresistível mistério, pois seu destino não é de ninguém; seu sorriso é doce, seu jeito surpreendente e sua paixão, seu maior poder, ensandece aqueles que a admiram... 

Num último momento, na hora da despedida, ele assim desejou: “- Que seu corpo vire o Sol que brilha no horizonte ao amanhecer e que sua mente não deixe a chuva escurecer seus pensamentos!” 

E foi assim que tudo aconteceu!  



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Xadrez

" Era uma vez... naquele lugar, tão tão distante... 
Um pastor e suas ovelhas..."

- Você nunca me ensinou a jogar xadrez! - disse Ana, lendo uma dessas histórias antigas do velho livro de lembranças. 
- Eu jogava com o Dragão. Um dia eu ensino pra você. 
- Foi um inverno bem frio, né? 
- Mas ganhamos pão caseiro, bolo e pinhão. A diferença é que não andávamos de bicicleta. 

   Peão branco em e4   
   Peão preto em e5 

" - Sua vez – disse o dragão. 
- Hum... você me deixou sem movimento... empate: Rei coagido! – retrucou o Mago. 
- No empate todos perdem... vou cuidar da Rosa Azul. 
- Obrigado pela companhia."

Ana leu o texto algumas vezes, mas não conseguiu relacionar a nada que ela soubesse. 

- Algumas coisas ficaram mesmo sem explicação. - ele concluiu. 

"A peça movida, não causou reação... 
Pausa no tabuleiro... 
E de quem é o movimento agora? 
Aguarda-se em silêncio...   

   Dama branca em h5   
   Cavalo preto em c6 

Silêncio e calma... 
Paixão e verdade... 
Que as sombras não roubem a batida dos corações, 
Aquelas... que fazem tanto bem...   

    Bispo branco em c4 

O barulho do relógio... 
Ainda somente dez badaladas... 
Será que palavras foram escondidas? 
Ou finalmente serão ditas um dia?   

    Cavalo preto em f6   
    Dama derruba o peão do bispo em f7 

E o rei, definitivamente encurralado, 
Pede clemência e saúda a rainha adversária 
Quando, numa jogada que nunca aconteceu, 
O pássaro de mil anos finalmente aplacou sua dor... 

E talvez a dor que é sentida agora, 
Transforme o sonho e o desejo 
No calor que não se apaga 
Dentro do coração que se partiu..."

- Gostou da história, Beatriz? 
- Só você me chama assim.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N: O texto original foi publicado, com o mesmo nome, em 2009, no “Contos de Fada?”