quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Xadrez

" Era uma vez... naquele lugar, tão tão distante... 
Um pastor e suas ovelhas..."

- Você nunca me ensinou a jogar xadrez! - disse Ana, lendo uma dessas histórias antigas do velho livro de lembranças. 
- Eu jogava com o Dragão. Um dia eu ensino pra você. 
- Foi um inverno bem frio, né? 
- Mas ganhamos pão caseiro, bolo e pinhão. A diferença é que não andávamos de bicicleta. 

   Peão branco em e4   
   Peão preto em e5 

" - Sua vez – disse o dragão. 
- Hum... você me deixou sem movimento... empate: Rei coagido! – retrucou o Mago. 
- No empate todos perdem... vou cuidar da Rosa Azul. 
- Obrigado pela companhia."

Ana leu o texto algumas vezes, mas não conseguiu relacionar a nada que ela soubesse. 

- Algumas coisas ficaram mesmo sem explicação. - ele concluiu. 

"A peça movida, não causou reação... 
Pausa no tabuleiro... 
E de quem é o movimento agora? 
Aguarda-se em silêncio...   

   Dama branca em h5   
   Cavalo preto em c6 

Silêncio e calma... 
Paixão e verdade... 
Que as sombras não roubem a batida dos corações, 
Aquelas... que fazem tanto bem...   

    Bispo branco em c4 

O barulho do relógio... 
Ainda somente dez badaladas... 
Será que palavras foram escondidas? 
Ou finalmente serão ditas um dia?   

    Cavalo preto em f6   
    Dama derruba o peão do bispo em f7 

E o rei, definitivamente encurralado, 
Pede clemência e saúda a rainha adversária 
Quando, numa jogada que nunca aconteceu, 
O pássaro de mil anos finalmente aplacou sua dor... 

E talvez a dor que é sentida agora, 
Transforme o sonho e o desejo 
No calor que não se apaga 
Dentro do coração que se partiu..."

- Gostou da história, Beatriz? 
- Só você me chama assim.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N: O texto original foi publicado, com o mesmo nome, em 2009, no “Contos de Fada?”

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