sábado, 28 de julho de 2012

Vitória

"- Vai ver a abertura das Olimpíadas, doutor? Vitória quer ser ginasta"! 

A menina de quatro anos, de nome sugestivo (fora prematura), cabelos vermelhos, olhos verdes e sardinhas no rosto, realmente tinha jeito para a coisa. Subia e descia a escadinha para a maca sem parar, ficava dependurada na maçaneta da porta (depois da terceira que quebrou, a mesma foi trocada por outra mais resistente) e pulava da cadeira para o chão o tempo todo. 

Essa cena foi lá naquele tempo, onde 007 era o Sean Connery e a fila na sala de pediatria, daquele sucateado pronto socorro, nunca terminava. Fazia parte de uma equipe de trinta e cinco médicos, com somente três pediatras, e atendia, com seus colegas de sala, metade do total de pessoas do dia (a coisa era desproporcional porque todos que tinham menos de doze anos, independente do problema, eram atendidos naquela sala). Quando criança, assistia o Dr. Kildare, mas apesar de até possuir uma maletinha médica de brinquedo, seu pai falou que ele decidira ser médico “para não deixar meu pai morrer”. 

Morava agora em outra cidade, muito distante e algo esquecida da tecnologia que só era encontrada em civilizações longínquas (do ponto de vista de seus habitantes); seu equipamento era somente sua experiência e as coisas básicas de consultório (quase igual ao Dr. Kildare). 

Lembrou dessa história quando chegou em casa, acendeu a lareira, ligou a televisão e o desfile olímpico rolava, mas preferiu tomar um banho antes de assistir. 

- Ué? Pensei que não iam transmitir nessa emissora... Como assim? A apresentadora errou? 

Depois de tudo acertado, o desfile, que pareceu interminável, chegou ao fim e o aguardado era o Paul McCartney, claro que depois de alguém acender a pira olímpica. Ao que parece, havia uma bolsa de apostas para saber quem e como isso seria feito. 

Acho que todos perderam! Jovens atletas, esperança de um futuro melhor, foram os responsáveis pelo momento olímpico tão aguardado (antes de “Hey Jude, claro!). 

Parou e pensou:"- Estes foram bem cuidados, por seus médicos, quando eles eram mais crianças."

Eis que, de repente, um close identificou uma das atletas, de inconfundíveis cabelos vermelhos, que olhou firme para ele, através da televisão, e deu um “xauzinho”. 

“Hey, Jude, don't make it bad 
Take a sad song and make it better 
Remember to let her under your skin 
Then you'll begin to make it better (better, better, better,better, better, oh!)"

E não é que Vitória realmente conseguiu seu objetivo?  



Parabéns aos Pediatras, pelo seu dia (27 de julho). 
Bom dia! Eu sou o Narrador.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sobre livros e séries

Uma visita obrigatória, quando vou ao shopping (claro que nos lugares onde isso existe), é a uma livraria. Ando pelos estandes procurando alguma coisa que chame a atenção e espero que o livro “pisque” pra mim. Isso já aconteceu até em livraria de aeroporto (que no final das contas é mais um shopping, só que tem estacionamento de avião também). 

Comprar livros hoje em dia é tarefa bem árdua. Boa parte daqueles que parecem interessantes estão vinculados a anteriores ou próximos, caracterizando livros em série como se fossem longas novelas da televisão; você lê o primeiro, que dá a dica para o segundo, e não para mais. Particularmente acho isso um saco. 

Lógico que existem séries ótimas. Indiscutível o sucesso de Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crônicas de Nárnia. Aí veio Crepúsculo... bom, aí já é outra história. Dizem que os livros são muito bons, mas preferi ficar pelos filmes mesmo. 

Sucesso feito, alguma “forçação” de barra apareceu: Comprometida (Gilbert, Elizabeth / OBJETIVA) não é bem uma continuação de Comer, Rezar, Amar; O Jogo do Anjo (Zafón, Carlos Ruiz / Suma de Letras) não é uma continuação de A Sombra do Vento e não creio que O Prisioneiro do Céu seja qualquer coisa do tipo, mesmo utilizando personagens do primeiro livro. A lista é enorme e temos que ter algum cuidado na hora de escolher. 

Nota: Terminei de ler hoje (31/03/2013) o livro "O Prisioneiro do Céu" que citei acima. Efetivamente ele não é uma continuação e sim uma narrativa de fatos ocorridos com um dos personagens (Fermin), numa tentativa de unir os dois primeiros livros. Fui pela curiosidade mesmo, mas não recomendo porque pareceu uma coisa muito comercial para vender um próximo livro que talvez surja nas prateleiras. Melhor ficar só no primeiro livro mesmo, a menos que a curiosidade o faça perder tempo.

Para encurtar a história, um belo dia encontrei um livro bem legal chamado Imortal – Histórias de Amor Eterno que é uma coletânea de contos fantásticos selecionados por P.C. Cast, autora da série House of Nights. Na evolução, encontrei outro livro que se chama Lua Azul, que piscou pra mim, só que era o segundo livro da série Os Imortais de Alyson Noel que já citei num outro texto aqui do blog. Resumindo: encarei a série composta de seis livros que também serviu de inspiração para outra série (Riley Bloom) da mesma autora. 

Um ano e meio e umas mil e trezentas páginas depois (claro que intercaladas com outras páginas de outros livros), cheguei ao final da saga de Ever e Damen

Valeu a pena? Acho que sim. Apesar de ter muita “encheção” de linguiça nos livros 3, 4 e 5, os dois primeiros e o último valeram muito a pena e alguma coisa sobre os temas de lá ainda aparecerão por aqui, nos meus textos. 

Vou encarar outra série? Acho que não. Ainda tenho que terminar a série Riley Bloom e depois darei um tempo. De novela basta a nossa vida mesmo, cheia de amores, altos e baixos, ciclos do dia a dia no correr dos anos. De qualquer forma, #ficaadica!

  
 Boa noite! Eu sou o Narrador

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sexta-Feira 13 - Dia do Rock, bebê!

Acordou tarde, aborrecida, pois, na noite anterior, uma foto na rede social, daquelas antigas que alguma amiga postara, justo aquela onde ela aparecia com o antigo namorado (a amiga também estava na foto), fora flagrada, pelo atual, numa fuçada que ela deu no smartphone, enquanto ele estava no banheiro da lanchonete fuleira que ele a levara. Boa lembrança de um tempo de maior glamour, que ela desdenhou, tornou-se o final de uma saidinha de quinta-feira. 

O dia estava lindo, o que significava que o frio lá fora era vinte vezes pior do que sentiu quando soltou das cobertas. Ao fundo, um daqueles rocks perfeitos, que ela detestava (preferia o sertanejo “cornual”) e o vizinho adorava, completava a cena grotesca de uma pessoa frustrada pela má sorte que ela mesmo cultivara. 

De pronto pisou numa pecinha de lego, do jogo do seu sobrinho, que alguém esqueceu de catar, soltando, mentalmente, meia dúzia de palavrões, já que isso não era de bom tom; na sequência, o chuveiro elétrico queimou justo na hora que a água acabou e os cabelos estavam cheios de shampoo; ao procurar a toalha, notou que esquecera de levá-la para o banheiro.

Correu para o quarto. A música estava mais alta e as paredes tremiam a cada batida da percussão, o que assustou um de seus gatos fazendo que ele se escondesse por baixo das cobertas e as transformasse em caixa de areia. 

Colocou uma roupa qualquer, fechou a porta do quarto (antes jogou o gato pela janela) e foi para a sala assistir televisão. Quase todas as emissoras transmitiam shows de bandas clássicas de rock, afinal, hoje é o Dia do Rock! 

E num lugar distante, observando uma bola de cristal, dois amigos conversavam:
- Acho que você exagerou, Adrielle! 
- Fica quieto, Menino! Sempre tive vontade de fazer isso! 

   
Boa noite! Eu sou o Narrador. Ah! A foto eu tirei no show da Annie Haslam com o Sagrado Coração da Terra em 2005. Homenagem ao Dia do Rock!

domingo, 1 de julho de 2012

Trocando figurinhas

Outro dia cheguei em casa bem cansado e resolvi dar uma fuçada na rede social, tentando encontrar alguma coisa interessante pra distrair, enquanto a adrenalina do dia de trabalho baixava. Para variar, encontrei muita coisa postada entre “autoajuda”, fotos de animais feridos e outras tragédias, piadas sem a menor graça e de gosto discutível, e quase nada que acrescentasse, de verdade, o final do meu dia. Fiquei puto aborrecido, mandei um desabafo (“Conhece aquela sensação quando você comprava 20 pacotes de figurinha para colar no álbum, cada um com 3 e depois de abrir você descobre que todas são repetidas? Pois é...”) e tive a ideia de estimular os amigos, postando coisas que achei mais interessantes tipo posts de blogs legais, fotos, notícias e etc (“escrever tanto cansa” inclusive o leitor). Apelidei minha ideia de “#trocandofigurinhas” e propus que trocássemos, como se fosse um daqueles álbuns de antigamente. 

- Ué? Hoje em dia não existem mais álbuns? - perguntaria o Guardião da Fronteira Transparente.

Claro que os álbuns ainda existem, mas talvez não possuam a mesma magia de outrora. Naquele tempo, as crianças viam o mundo em “preto-e-branco”. As cores existiam, mas só as básicas. Os uniformes, as bolas de futebol, os calçados, os lápis e todo o equipamento de subsistência infantil eram sem graça, comparados aos atuais. A televisão também não transmitia com cor e, no máximo, você imaginava como eram os personagens que lá apareciam. O que salvava muito aquele universo quase incolor eram os álbuns. 

O “Cirandinha” era o meu favorito. Uma coleção de personagens de filmes, novelas, cantores, jogadores de futebol, também repleta de figurinhas difíceis que você torcia para encontrar em algum pacotinho que o jornaleiro vendia. Colava com cola mesmo, daquelas amareladas que você usava um pincel (quando não fazia a cola em casa mesmo usando maisena que as baratinhas adoravam em alguma fase da vida do álbum). As repetidas você trocava com os colegas ou jogava “bafo”. Hoje em dia, acredito, alguma coisa disso ainda acontece (ao menos é o que observo nos apelos das mães das crianças) só que o mundo já não é mais em “P&B”. 

E essa é minha “figurinha” de hoje. Torcendo para encontrar outras inéditas, vou ficando por aqui mesmo...  

                                 
                                          Boa noite! Eu sou o Narrador.