sábado, 28 de novembro de 2015

Momentos

Depois de duas semanas recheadas de tragédias surgiu, finalmente, a piada do sujeito que ganhou 2,5 milhões copiando textos da Wikipédia e isso deu abertura para que eu voltasse aos escritos aleatórios. 

”Há dez mil anos atrás” (se bem que foram sete) eu começava o movimento para o auto exílio, numa aventura totalmente inacreditável para a época. Os dias foram muito chuvosos, como agora, o sol tentava aparecer sem sucesso e nuvens carregadas escureciam as manhãs e as tardes, fazendo os pensamentos girarem em torno do que iria acontecer. 

O início foi um pouco conturbado porque a casa ainda estava em obras e, no final do ano, quase nada funcionava e não havia possibilidade de instalação de telefone, TV a cabo e internet. O contato com o mundo exterior aconteceu, mesmo, dez dias depois da chegada, por coincidência, no Dia de Reis

Com o passar dos meses, na Primavera seguinte, uma companhia para as noites de quarta-feira surgiu com a série Glee que já foi tema de muitos textos. Ao todo seis temporadas, sendo que as três primeiras foram boas e as sequenciais não seguraram a onda, principalmente depois da morte do Cory (Finn Hudson) Monteith. A ideia era dar continuidade com novos personagens, mas o grupo inicial era insubstituível, mesmo com o surgimento de excelentes atores/cantores no decorrer da série. Piorou mais ainda com a irregularidade de horário e ninguém sabia que horas a série iria passar. A tentativa de ganhar a TV aberta foi horrível, pois as dublagens deixaram muito a desejar e a edição (leia-se censura da própria emissora) acabou totalmente com o conteúdo dos episódios. 

No final das contas eu vi quase tudo, mas a última temporada eu não consegui acompanhar. Eu dou sorte com últimos capítulos e até assisti o último do E.R. e, recentemente, do C.S.I., mas de Glee não rolou. Dessa forma, comprei a caixa de DVDs com os seis discos finais e, com um esforço muito grande do velho DVD player (preciso levar para o conserto, principalmente o controle remoto que não funcionou de jeito nenhum), terminei o último disco hoje. 

”Há dez mil anos atrás” (se bem que foram sete) e nessa época também, houve uma conversa que poderia descrever o que foi Glee para seus fãs. O Mago encontrou o amigo (K)Clown que observava uma imagem digital com o halo do sol e, mesmo entretido, começou a falação que foi, mais ou menos, assim: 

" - Velho Mago: tudo na vida são momentos e todos os momentos são parte da sequência da vida..."

Considerando que o amigo não costumava falar dessa forma, o Mago retrucou: 

" - Você normalmente não filosofa!"

Ambos riram!

" - Veja: de um momento para o outro a esperança pode virar desilusão e desilusão pode virar felicidade; cada momento é eterno quando o relógio está quebrado e o tempo só para quando o cronômetro, em contagem regressiva, chega a zero!"

O Mago preferiu deixá-lo falar... 

" - O momento seria único se a vida não fosse cíclica, pois a Natureza é sábia... Só que os momentos nem sempre são assim! Um feitiço do mal vai passar, assim como o tempo, mas o momento do antídoto é eterno e vai além, pois são dois momentos depois da eternidade..."

Por fim, ele terminou o discurso dizendo:

" - Quando o momento se torna uma forma infindável de frases entorpecidamente ininteligíveis, é hora de parar e voltar a pensar um momento..."

O (K)Clown, então, foi embora. 

E assim foi o final de Glee: um grande momento, repleto de emoções, recordações e com um bônus de quase uma hora com retrospectivas e depoimentos dos seus atores principais. Ficará na saudade.


  
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Em busca do arco-íris perfeito

”Naquele tempo, antes dos tempos, Íris insistia em manter o seu caminho aberto, mesmo que Nuwa tentasse fechá-lo com suas sete pedras de diferentes cores. Indra, por sua vez, impedia os raios e os trovões de se transformarem em chuva e formou dois arcos quase gêmeos. Lendas diversas... mas o que significou aquela visão do arco-íris duplo? Que não seja a parte boa de almas boas, enfeitiçadas pela bruxa, abandonando seus corpos, para serem guardadas no lar dos deuses, até que o feitiço do tempo resolva devolvê-las.” (“O Arco-Íris

Ontem foi um daqueles dias onde andar de bicicleta seria muito improvável: primeiro porque eu tive um compromisso e não sabia bem que horas chegaria em casa; segundo porque o tempo estava totalmente instável; terceiro porque, apesar de gostar muito, a preguiça é sempre uma grande inimiga do pedal (e de outras atividades também) e companheira fiel da procrastinação. De qualquer forma eu saí, só que as nuvens negras foram aumentando, eu insistindo, elas também, até que desabou um temporal, a roupa foi encharcando e voltei pra casa. Só que, ao chegar, a chuva estava diminuindo e fiz somente uma pausa, para torcer o casaco e, como já estava molhado mesmo, pensei: “Quer saber? Foda-se Dane-se! Vou sair de novo.” E assim fiz. 

Lá pelas tantas, já e novamente, no caminho de volta, surgiu um arco-íris. Bom... não era bem um arco, mas era muito intenso e muito bonito e resolvi fotografar. O detalhe é que eu não encontrava um bom ângulo, onde ele ficasse perfeitamente emoldurado, e tive medo de perder a oportunidade. Ao todos foram dez tentativas até que consegui uma foto que ilustrasse bem a aventura toda. O resultado é esse aí embaixo. 

 
 Boa Noite! Eu sou o Narrador.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Revirando os Olhos

”Era necessário que a balança entre o bem e o mal estivesse equilibrada. E, para evitar que o nosso mundo fosse destruído pela ganância e sede de poder de Lucian, foi forjada uma arma capaz de decidir o destino da humanidade. Um corredor escuro, uma garota e uma voz misteriosa, sombras avançando em sua direção e, num piscar de olhos, uma multidão de pessoas mortas a observando pacientemente, como se esperassem algo. É assim que vive Samantha Lyterin, uma garota aparentemente normal, mas assombrada por vultos e visões do futuro. Ela se vê de uma hora para outra destinada a manter o equilíbrio em uma guerra onde de um lado estão os anjos, querendo proteger a humanidade, e do outro, sombras que buscam incansavelmente a arma que permitiria a ascensão de Lucian.”  

Em todas as artes existem os prodígios que descobrem seus dons logo cedo. É assim na música e, como exemplo, vou deixar aqui a Eduarda Henklein que é baterista e tem uns seis anos de idade ou quase isso; temos também essa criançada do “Masterchef Júnior” e do “Que Marravilha – Chefinhos”, esse último comandado pelo Claude Troigros e que tem um formato melhor, na minha opinião. Na literatura, falei bastante da Beatriz Peres que vence as dificuldades e segue em frente. 

Recentemente comprei um livro (“Sombra de Um Anjo”; Brandão, Ana Beatriz Azevedo; Novo Século Editora – 2015), já em segunda edição, que prometia 480 páginas de literatura infantojuvenil de qualidade, tamanha a força da propaganda em torno do fato da autora ter, à época do lançamento da primeira edição, 14 anos. As reportagens também diziam que ela, em pouco tempo, escreveu um sem número de livros e que iria lançá-los dentro do possível. A autora participou da Bienal do Livro no Rio de Janeiro, deu entrevistas em vários lugares e ganhou inúmeros fãs. A chamada do livro, que iniciou este texto, prometia algo muito interessante. 

Que legal isso! Acho que devemos estimular muito nossos jovens na sua criatividade dentro de seus interesses. O único detalhe é que devemos ser orientadores e muito realistas. Nesse último quesito, o Claude Troigros é ótimo e ele deixa bem claro o que tem que melhorar, apesar dos elogios que papai e mamãe deixam para os jovens chefs (realmente eu fico muito impressionado com essa garotada na cozinha). 

Só que esse detalhe faltou no primeiro livro da Ana Beatriz Brandão. Ficou claro que a segunda edição foi revisada e, mesmo assim, até a página 76, eu anotei vinte problemas variados entre ortografia/gramática, excesso de descrições de vestimentas, localização da ação, noção de tempo, dentre outros. No curso do livro alguma coisa até melhorou um pouco, já que ainda rolaram mais 400 páginas de leitura, mas não completamente ileso de críticas. Todos esses problemas eu relacionei e enviei à autora, que respondeu de forma simpática, disse que vai aproveitar as considerações nos próximos livros e coisa e tal. 

Em relação ao conteúdo, ela conseguiu uma protagonista mais chata do que a Bella Swan do filme Crepúsculo (a ponto do “senhor das trevas”, Lucian, desejar que “ela fosse um inseto pra poder pisar em cima e calar aquela vozinha irritantemente fina dela”) ; transformou “Céu” e “Inferno” em alegorias; caricaturou os anjos como adolescentes num shopping (isso ela mesma escreveu quase no final do livro) e se perdeu na narrativa inúmeras vezes, isso sem contar no uso de “revirei/revirou/revirando os olhos” à exaustão, quase como a única expressão facial descrita em todo o livro. Apesar de ser obra de ficção, nem assim algumas coisas aconteceriam, mas não vou fazer nenhum spoiler por aqui. 

Mesmo com todos esses “poréns”, o livro fez sucesso e a autora já está no seu segundo lançamento literário, o que me leva a crer que existe um problema também com os leitores que ficam satisfeitos com obras primárias e sem o menor conteúdo, mesmo em literatura fantástica e sobrenatural. 

De qualquer forma, desejo sucesso, bom senso da sua assessoria, uma revisão mais criteriosa do conteúdo e do português nos próximos livros. Quem sabe eu venha a ler um outro lançamento, num futuro incerto, e talvez mude minha opinião, não é mesmo? 

 Boa Noite! Eu sou o Narrador.

domingo, 1 de novembro de 2015

Brumas

Encontraram uma caverna e por lá ficaram. A possibilidade de chuva era real e a neblina não deixara o dia amanhecer completamente. Conversaram um pouco, acenderam uma fogueirinha e comeram algumas maçãs que Adrielle levara. 

Eis que um urso apareceu: olhou para os dois, sorriu e sentou a seu lado, como se também quisesse conversar. Apesar de não parecer assustador, ganhou uma maçã do menino como gesto de amizade. Ele comeu e dirigiu-se à Adrielle. 

“ Pequenina, você ainda tem muito o que aprender e seu amigo também. Lá fora existem muitas coisas esperando por vocês, mas precisam acreditar e não mais se esconder.” 

Pasmos, o menino e Adrielle não sabiam o que pensar. 

“Pode ser que ainda encontrem muita escuridão, mas existe luz que cruzará o seu caminho, desde que vocês acreditem nisso e jamais parem de amar...” 

Uma névoa os encobriu e o urso acrescentou: 

“Olhem através dos meus olhos e vejam um lugar muito melhor. Viajem para ele num mundo de fantasias e seus sonhos se transformarão em realidade!”

Há alguns anos que escrevo alguma coisa no Dia das Bruxas, relacionado ao tema, mas este ano eu pulei essa etapa e fiz uma coisinha meio diferente: num passeio recente, onde o objetivo era ver belas paisagens nos Canyons do Itaimbezinho, fomos surpreendidos por dias chuvosos e neblina por todos os lados. Vi muita gente aborrecida porque “não viu nada”, mas acho que a coisa não foi bem assim. 

Num clima bucólico e meio sobrenatural, nosso passeio foi o “lado B” da coisa: a névoa “mostrou” uma paisagem diferente, onde, ao invés de vermos cachoeiras, ouvimos o som da água corrente das cachoeiras, o barulho do vento sibilando pelos canyons, observamos melhor a vegetação à nossa volta e, ao chegarmos à área de piquenique, ainda fomos recepcionados pela gralha azul. Como são momentos difíceis de descrever, fiz um vídeo com algumas fotos e com uma música do filme “Crepúsculo” (Bella's lullaby de Carter Burwell). O texto inicial conta uma historinha relacionada ao dia que Adrielle foi procurar o menino numa floresta e você pode ler o original clicando aqui.


  
Bom Dia! Eu sou o Narrador.