sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Decidir (ou: O medo de amar é o medo de ser livre)

Existe um breve momento do sono, onde a realidade se confunde com o sonho: aquele momento entre o acordado e o dormindo, onde entramos em histórias que criamos, ou que visitamos os mundos de pessoas que amamos. Algumas músicas nos ajudam a caminhar por esses mundos... esta é uma delas.
♪ “O medo de amar é o medo de ser 
Livre para o que der e vier 
 Livre para sempre estar onde o justo estiver”♫

Após dias quentes e muito abafados, uma chuva foi bem vinda. O frescor e o barulho da tempestade acalentaram o final de noite. Só que...

- Oi. Você pediu que eu ficasse – fiquei - e me chamou outro dia (eu ouvi). Hoje vim te ver! Que bom que você gosta de mim (lisonjeada). 
- Oi? Como? Mas e... 
- Alice o protegerá nos próximos dias e creio que ele estará seguro. Quanto a você, pergunte o que quiser: já que vim, fique a vontade.  

"Decidir: verbo transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo (nem ele se decide) - tomar resolução ou resoluções sobre; deliberar; resolver."

Desde pequenos nos cobram decisões difíceis: o que ser quando crescer é perguntado umas três vezes; depois que crescemos, ainda perguntam mais algumas vezes; só que nunca nos disseram que teríamos que errar para aprender com nossos erros.  

♫ “O medo de amar é o medo de ter 
De a todo momento escolher 
Com acerto e precisão a melhor direção”♪

- Sim... foi péssimo. Sem dormir, trabalho duro, focado, forçado, com fé, resolveu. O cristal por sobre o peito agora só sai eventualmente. De qualquer forma, ele gostou da etiqueta no livro (ele tinha certeza que encontraria alguma coisa).  

Dúvidas sempre nos cercam: qual será o melhor caminho, qual a roupa que devemos vestir para trilhá-lo; e quem seguir: o coração ou a razão? Decisões muito difíceis... serão só essas? 
♪ “O sol levantou mais cedo e quis 
Em nossa casa fechada entrar pra ficar”♫

- Ei! Trouxe um “Toddynho” pra você. Chocolate melhora um pouco e sei que você gosta (ele contou). Sem contar que a despensa está cheia de coisas que precisamos dar cabo.

Independente da escolha, a chance de errar é enorme. Apesar do erro mostrar o acerto (ou a outra opção), nem sempre o que parecerá, então, certo, será a melhor solução. Escolhas são confusas, assim como esse parágrafo. Reconhecer o que o destino nos traçou talvez seja a tal da "melhor solução". 
♫ O medo de amar é não arriscar 
Esperando que façam por nós 
O que é nosso dever: recusar o poder♪

- Hora de ir. Voltarei sempre que você quiser (às vezes velarei seu sono sem você saber), basta me chamar. Foi bom estar com você, finalmente.  (um relâmpago e Ana sumiu).

De tudo, o que importa é a certeza da presença eterna do amor, aquele amor que não é uma torta de creme, “leve, limpa, com cheiro de primavera”¹, mas definitivamente não é um bolo mofado, nauseante e doentio: é alguma coisa repleta de metáforas e criptografias (cada dia que passa eu gosto mais dessas palavras) e que já tentaram definir de diversas formas (até a amiga mais antiga já tentou isso); algo que dá um medo absurdo, dá vontade de fugir, nos faz errar diversas vezes, nos deixa putos irritados, tira nosso sono, é sem regras (rebelde), respeita e invade espaços (ou vice e versa), maravilhoso ("só isso ou tudo isso") e é acalentado pelo sol e iluminado pela lua (que cegam o tal do medo). Por último, "se não existe amor sem sofrimento...ah! existe alegria em sofrer por amor"².

♪ O sol levantou mais cedo e cegou 
O medo nos olhos de quem foi ver 
Tanta luz ♫  

E mais uma vez, lá naquele lugar que nunca existiu...

- Onde foste, Beatriz? 
- Como se você não soubesse! 

  

Boa Noite! Eu sou o Narrador.
 ¹ Citando Natália Nodari
 ² Citando Sarah Alcantara

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