domingo, 16 de novembro de 2014

O Pedal da Floresta

Quando eu tinha uns dez anos eu ganhei a minha primeira bicicleta. Era uma Caloi dobrável, vermelha e que a propaganda garantia que, uma vez “dobrada”, caberia na mala dianteira do fusca do papai. A primeira parte dessa saga, foi descobrir o que era uma tal de “chave sextavada” que tiraria o pedal, para – aí sim – conseguir colocar na mala. Como não descobrimos, o papai saiu com a bicicleta (empurrando) até uma loja própria onde o pedal foi retirado. Ai vem a pergunta que não quer calar: sem o pedal a bicicleta coube na mala do fusca? Ah! Esqueceram de falar que teria que tirar o estepe! E onde iria o estepe? No espaço atrás do banco traseiro! E as malas? Porra Caralho Que foda isso E quem foi que falou que as malas estavam incluídas no raciocínio? 

Pra simplificar as coisas, aprendi a andar, curti muito na adolescência, usei os ensinamentos em Paquetá e aí a coisa parou durante uns trinta anos até que fui morar em Petrópolis e ganhei uma nova bicicleta da minha mãe. Isso já foi uma manobra do papai. Eu explico: infelizmente mamãe falecera meses antes, mas ela tinha uma grana escondida em algum lugar que eu não lembro mais e isso virou o presente póstumo dela. Essa bicicleta foi dica do meu sobrinho (uma Caloi Aspen 2000), mas eu ainda precisaria treinar muito até conseguir sair do entorno do prédio que eu morava (eu fiquei dando voltas ao redor do prédio por várias semanas). Na primeira tentativa, não rodei nem um quilometro e optei por um transbike e aí poderia ir até o Parque Municipal com a bicicleta no carro (do lado de fora). Até que, um dia, consegui pedalar na rua. Hoje eu sou o tal ciclista urbano e faço meus passeios pela cidade mesmo. 

Só que existem aqueles caras bem legais que gostam de pedalar em trilhas (de preferência com lama) e, por conta disso, hoje rolou um “pedal” de cicloturismo dentro de uma floresta protegida pelo IBAMA. Minha bicicleta não é nem perto uma mountain bike, mas tem várias marchas e a coisa rola. Estudei o que eu achava que seria o percurso: uns 10 km no asfalto, umas duas subidas mais difíceis (que achei que dava para encarar) e depois uns 5 km de estrada de chão. Quando eles falaram que entrariam na floresta antes, aí eu vi que a coisa era séria, mas já era tarde para desistir. No primeiro obstáculo de lama, amarelei e passei a pé carregando a bicicleta; no seguinte já fui mais ousado, aumentei a velocidade e vi que o segredo era encarar sem medo. Até que, em dado momento, vislumbro ao longe um sujeito sentado depois de outro lamaçal: ele é que dava as dicas de como atravessar. Enlameado, consegui fazer o trajeto (tudo na subida) até a sede do IBAMA, onde rolava um evento. Lá a turma ainda fez um trajeto de mais 10 km que eu pulei e fiquei curtindo as atividades. 

Fiquei impressionado com a fome que tudo isso deu. Nem sei quantas bananas comi, além de barrinhas de cereal, muita água, um energético/hidratante com base em erva-mate (muito bom por sinal) e algumas deliciosas amoras, oferecidas por produtores locais. Alguns mosquitos depois, a volta foi iniciada com uma parada para almoço e, finalmente, cheguei em casa. Um bom banho, uma cervejinha para rebater, algumas horas lavando o tênis (que até agora tem lama) e um descanso, tentando entender que músculos são esses que eu não conhecia e que estão doendo. De qualquer forma foi tudo muito bom. Se eu vou fazer outra trilha dessas? Realmente eu não sei, mas isso só o tempo poderá decidir.

Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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