sábado, 15 de novembro de 2014

Dois Domingos

Para quem trabalha sábado (tirando os plantonistas, pois para esses não faz muita diferença), um feriado realmente é um feriado; para quem não trabalha, o dia vira um domingo só que um pouco diferente. Sábado é dia de supermercado, de lavar o carro (bom... hoje em dia, dependendo de onde você mora, é socialmente incorreto), fazer tarefas domésticas, cortar o cabelo e uma série de coisas que as pessoas não tem muito tempo para fazer, durante a semana, e que não farão no domingo. 

Proclamação da República é feriado nacional, "caiu", este ano, num sábado e aí tudo que eu falei não aconteceu. Nem o cinema abriu (ele fica num supermercado) e a manhã primaveril, curta como as noites (durante o horário de verão), com alguma nebulosidade, temperatura amena e muito sonolenta, foi o que tivemos para hoje. Por um lado isso foi bom, pois as estações estão enlouquecidas e a primavera já não é mais como antigamente (se bem que hoje lembrou os bons tempos). 

A última vez que eu lembro dessa coincidência foi nos dois primeiros dias do ano de 2011. Naquele dia, Adrielle estava feliz, pois seu amigo (o menino) voltara de uma longa jornada, onde fora curar as feridas da desilusão. Por ele, ela faria qualquer coisa como já contei outro dia; uma paixão infantil – ele era seu ídolo!

- Cuidei da flor pra você. 
- Eu sei. - ele sorriu 
- Você vai ficar aqui? 

Ele não respondeu e Adrielle disfarçara sua frustração. Engasgada, no final da frase, saiu correndo até o jardim, onde encontrou o Mago. Escondeu seu rosto no seu peito, enquanto o abraçava com força, e chorava e chorava e chorava, como se fosse uma grande tempestade. 

- Do que vou cuidar agora? Ele vai embora outra vez. – soluçava. 
- Cuide do presente que ele te deu. 
- Como assim? – ela levantou a cabeça, lentamente, enxugando o rosto. 
- Fez você conhecer o amor, a dedicação, a paciência de esperar e a determinação de conseguir o que deseja. O menino representa tudo isso e precisa que você sempre cuide dele.

Vou te contar uma história - o Mago prosseguiu - era uma vez... a lenda de um lugar perdido no meio de um monte de neve gelada, cujo acesso era por uma caverna que ligava a neve a um mundo tropical. Nesse mundo existiam vales verdes, cachoeiras, serenidade e seus habitantes eram governados por um jovem casal que veio de outros tempos, para ensinar, aprender e amar incondicionalmente. Lá, ainda dizia a lenda, os casais eram predestinados: um encontro casual, somente um olhar, e o brilho do amor, como um halo, juntava o corpo e a alma dos amantes como se fosse uma ilusão de ótica. 

- O que você quer dizer com isso? - ela perguntou.
- Que tenho minhas dúvidas se isso é somente uma lenda... 
- Como assim? 
- Pense, pequenina: será que amar alguém seria, no final das contas, amar a versão de nós mesmos que se mostra no encontro com esse alguém? 

Bom... algum tempo depois, quando tudo se desfez (clique aqui para entender isso), eles foram atrás de sonhos... quem sabe, de repente, aparecem nos nossos também.



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário