domingo, 27 de julho de 2014

Se beber, não cruze gatos!

A enteada sabia que ela gostava de gatos e a ideia do cruzamento de sua gata, que estava no cio, com algum, dos diversos de sua da madrasta, era muito boa, mas isso talvez não fora uma boa pedida. 

Deixou o cestinho na sala, agradeceu e foi embora, quando então começou a saga. Inicialmente a felina parecia dócil e um “ninho de amor” foi montado num pequeno banheiro nos fundos da casa, onde foi colocado o casal. Foi o que bastou para começar o tal barulho infernal de miados, gritos e coisas caindo no chão. Ana Paula achou melhor verificar e encontrou o seu gato totalmente acuado num canto e a gata da enteada acomodada na janela do banheiro, que foi devidamente trancada, previamente, com um arame, para que ela não fugisse. Apavorado, o pobre gatinho rejeitado voou pela porta do banheiro e foi se esconder em algum lugar que até agora ninguém descobriu. 

- Puta que o pariu Vixe! Isso não é uma gata! É um monstro! 

Parecendo que entendera o comentário, a gata pulou na direção de Ana Paula, que imediatamente fechou a porta, para não ser atingida pelas garras da felina. Novamente o barulho começou, mas foi acrescido de outro, do lado de fora. Observando da janela, a cantoria de vários gatos, de todos os tipos e até alguns de desenho animado, atraídos pelo barulho inicial, tornou a situação insustentável. 

Resolveu ligar para o veterinário que sugeriu um sedativo, mas, como não tinha receita, isso não rolou. Pensou um pouco e lembrou que ainda tinha um pouco de absinto, o mesmo que tomara uma vez, lá no passado não tão distante assim, e que tinha uns efeitos sedativos. Colocou um pouco numa taça, chegou perto da gata, derramou numa tigela e, para convencê-la, tomou uns golinhos, para mostrar que era bom. 

Isso tudo foi a última coisa que ela lembrou quando acordou na sala, vestindo uma mini saia de borracha, um salto quinze e uma frente única dourada, enquanto a gata dormia desmaiada a seu lado. 

- Meu bem! Tem um rato falante, aqui na porta, dizendo que veio entregar umas fotos. - disse o marido que entrou e foi direto para o banheiro, por onde esteve a gata. 

(Rato? Que porra é isso essa? - ela pensou) 

Foi atender (que jeito).

- Dona Natasha! Tirei umas fotos da nossa festa de ontem! A senhora estava o máximo! 
- Natasha é o caralho Ana Paula, por favor! E ratos não falam! Some daqui antes que eu te transforme em café da manhã para meus gatos. 

Quando viu as fotos, a lembrança veio na hora. Novamente o absinto, como da outra vez, teve um efeito muito doido, tanto nela quanto na gata. 

- Ei amor! O que meu alicate está fazendo aqui perto da janela do banheiro? 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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