sábado, 16 de junho de 2012

Um fiozinho de sol

O dia amanheceu só porque o relógio assim o quis e porque ficou um pouco mais claro. Uma neblina cobria a cidade, as regiões mais altas quase ficaram encobertas e assim permaneceu durante todo o tempo. Achei que, como ontem, a partir da hora do almoço as nuvens dariam uma trégua e sol e céu azul passariam a fazer parte do outono. Ledo engano.

Sem maiores opções, verificar pendências foi a solução (dias assim são bons pra isso). O sistema operacional do tempo foi ativado e o trabalho começou.

Numa analogia cibernética, parafraseando um pouco, nosso “computador” possui uma série de feitos e efeitos que são registrados todos os dias, armazenando informações de trabalhos, estudos, papéis, faturas de serviços essenciais e de outros nem tanto assim, contas bancárias e cartões que não são mais usados, histórias... Ah! Essas histórias...

De tanta coisa acumulada chega um belo dia (ou um dia de neblina) que nosso "sistema" começa a ficar lento e demora para iniciar e/ou carregar nossos “softwares” prediletos.

Com o passar dos anos, muitos dados desnecessários são guardados em nossa memória ou numa infinidade de caixas que só ocupam lugar. Haveria alguma forma de apagar esses arquivos para que nosso “computador” voltasse a sua forma original? Quem dera, né? Isso só na imaginação e no PC!

Da mesma forma que esta historinha:

Num dia como o de hoje, uma jovem estrela cadente, muito afim de aparecer, encontrou o sol tirando um bom cochilo de fim de tarde, já que as nuvens é que estava de plantão, ele trabalhara bastante no verão e estava mesmo na hora dele dormir até o dia seguinte. Inconformada, já que o tempo da estrela era muito curto, chegou bem perto daquela figura brilhante, barriguda e barbada e, com uma tesourinha, cortou três fios dourados da sua barba brilhante e guardou na bolsinha prateada que acompanha as estrelas cadentes. Ele deu um ronco baixo e virou para o lado e nem notou sua presença.
Bem perto do horizonte, ela escolheu uma nuvem mais simpática para sentar e o primeiro fio ela lançou para o oeste. A neblina ficou achatada, mas plana. A seguir mirou o sul e o norte e conseguiu seu intento: um fiozinho de sol entrou pelas janelas daqueles que já pouco acreditavam nessa possibilidade.

Aproveitou que algumas irmãs estrelas apareceram e cumpriu sua missão: como cadente, riscou o céu, caiu lá em Stormhold e ficou feliz. Isso eu não vi, mas talvez não fizesse tanta diferença.

Ah! Quando for apagar seus arquivos, deixe aqueles que são mágicos e que devem ser eternos, ok? Isso inclui aquelas músicas... pois é!


“Desamarrei o sol lá da linha do horizonte
Pra esquentar e iluminar o meu abraço
Pedi ao vento que me relembrasse aquela música
Que você gostava tanto de cantar
Esfreguei na pele o leite perfumado das plantas
Adocei a boca dos favos e frutas que encontrei
E me vesti na espuma do mar
Mas antes que essa sensação tão linda me largasse
De novo na cadeia deste apartamento
Resolvi fazer esta canção pra te contar
Da magia deste momento”

Boa noite! Eu sou o Narrador.

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