sexta-feira, 24 de julho de 2015

Nas Terras Guarani

- Em sonhos, imaginei a igreja com dois campanários e, dentro dela, vários vitrais. 
- Sim, mas e se nada fosse destruído e o projeto seguisse em frente? 
- Tudo tem coisas boas e coisas ruins: o bom é que seria outro tipo de colonização; o ruim é que não estaríamos aqui. 
- Como assim? 
- Os Guarani não permitiam casamentos fora da comunidade. 

Nos mais de dois mil quilômetros percorridos (ida e volta), para mais uma vez entender que o que nos contaram no colégio não chegava nem perto da realidade, fiquei pensando como escrever este texto. Imaginei uma situação extraterrestre, algo com os Borgs assimilando tudo, mas resolvi começar com o diálogo que tive com a guia Romina, no final da visita à terceira Redução Jesuítica do nosso roteiro.

A emoção foi o ponto marcante de tudo que aprendemos, primeiramente com a Vera lá em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul (parada obrigatória para entender as demais), um pouco menos com o Julio em San Ignácio Mini (ele era mais politizado e fazia um show próprio à parte) e terminando com a Romina em La Santísima Trinidad del Paraná, no Paraguai. 

Pulando os interesses político-religiosos da época, a ideia era muito interessante: os jesuítas trouxeram um projeto arquitetônico/cultural, os Guarani (em maiúsculo e sem o “s” - explicação da Vera) aceitaram e houve uma troca de informações, sem maiores interesses na assimilação e/ou destruição das culturas (quase uma simbiose cultural). O que chamava a atenção era o dom da música e das artes que foi encontrado, pelos jesuítas, naquela população, teoricamente, sem qualquer instrução para os padrões da época. 

Como a coisa funcionou, chamou muito a atenção e aí vieram os políticos burocráticos junto com a ganância, tudo foi destruído e muitos foram mortos. Só que a Natureza foi sábia e as florestas cobriram o pouco que restou, para que, um belo dia, nossos contemporâneos descobrissem a história através dos monumentos arqueológicos. 

Eu poderia contar muita coisa, mas aí perderia a graça. Deixo algumas dicas: começar pelo Brasil com um bom guia, pois as explicações são indispensáveis quando você atravessa as fronteiras e o bom português é trocado pelo espanhol; ter muita paciência nas aduanas e não esquecer de levar a carteira de identidade da Secretaria de Segurança Pública do seu estado ou passaporte (carteira de motorista, OAB, CRM e outros não são aceitos); cuidado com o câmbio caso você use real ou dólar, principalmente na moeda paraguaia. 

No mais fica aqui meu agradecimento ao Raul e à Elise, da Race Turismo, e aos demais passageiros que tornaram a viagem muito agradável e divertida.

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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