terça-feira, 15 de novembro de 2016

Conto da Lua Cheia

Li em algum lugar que os condenados esperarão 74 anos para ver novamente uma lua cheia como a de hoje... que bom que eles estarão lá! 

Preso no desvio temporal, ele seguiu em silêncio no retorno inesperado para casa. No caminho havia muita chuva, mas consertara as luzes do carro e sentia-se seguro. Comprara um lanche e algumas cervejas para mais tarde. A cena ele já desmanchara de véspera, mas ainda havia muita lembrança à sua volta. Tomou banho, descansou, comeu o lanche que comprara e seguiu sem falar mais nada. 

A dor que ele sente é velha conhecida, talvez a única que o leve às lágrimas, e o consome na incerteza da perda tão certamente esperada, mas completamente indesejada. 

Ele permaneceu em silêncio, mas a visão da lua cheia acendeu seus olhos castanhos, refletindo no verde da tristeza as lágrimas escondidas e o desejo de um dia voltar a sorrir.

Finalmente, sob os raios do luar, escreveu um bilhete, daqueles que ninguém manda e que vira mensagem esquecida numa gaveta: 

“O poder que me ensinaste  
Poderá não ser suficiente 
Para o tempo passar depressa 
Preciso de você! Venha logo! 
Irei te buscar se preciso for, 
Mas não me deixe só... 
Can you understand?”

Lá naquele sonho, entre imagens e pensamentos, sombras e sentimentos, em seu coração somente um se faz presente e se chama saudade. 

- Beatriz, hora de dormir! 
- Só você me chama assim!

E um serelepe, após um afago e um sorriso, correu pela noite sob os os fios de prata da lua cheia, levando a mensagem a seu destino... 

  
 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário