domingo, 16 de dezembro de 2012

Conto de Natal

“E não foram o primeiro amor um do outro. Conheceram-se depois de terem amado outras pessoas. E talvez não dessa forma. Talvez seja necessário viajar antes de compreender qual é a meta certa para nós. Talvez a primeira vez seja cada vez que amamos.” Federico Moccia ("Desculpa se te chamo de amor") 

No final dos anos 70, lá do século passado, essa época, entre o final das aulas e as festas de fim de ano, reunia vários grupos de jovens secundaristas, ainda não envolvidos com o vestibular (bom... tinha lá uns caras que já estudavam pra isso desde que aprenderam a falar, mas não é o caso aqui). 

A praia da Barra da Tijuca era o ponto de encontro preferido, por ser mais distante, de acesso mais complicado (quase uma hora no 233), mas sua areia ainda limpa e mar agitado de água cristalina era um grande atrativo. Os condomínios estavam somente começando e o encontro de sempre era lá “nos prédios brancos”. Preocupação com o sol não havia e barracas coloridas eram raridade. 

Os grupos possuíam um “núcleo central”, geralmente de meninas, cercado de amigos e/ou namorados, e aqueles que apareciam de vez em quando. 

Denise fazia parte da turma do “de vez em quando”; de beleza incomum, a bela morena de olhos verdes criava “torcicolos” ao passar na direção da água o que gerava certo incomodo ao “núcleo central”. Morava com uma irmã que enviuvara precocemente e uma sobrinha, já que seus pais eram separados e seguiram rumos diferentes em outras cidades (algo também escandaloso para a época). No final das contas, ela era independente, mas gostava de frequentar essa turma. 

Fábio conheceu Denise quando ela tropeçou e torceu o pé na saída da água, no exato momento que ele chegava com sua prancha de surf. Bem mais velho e muito mais alto que ela, não era surfista de carteirinha, mas gostava do esporte. Pegou-a no colo e assim foram até o grupo, gerando alguns suspiros e olhares de inveja. Ficaram amigos, trocaram telefones (fixos) e, em poucos meses, no inverno seguinte, já dormiam juntos. 

Tirando o fato de que ele era casado, morava em outro estado, vinha ao Rio de tempos em tempos (quando se encontravam – um dos apartamentos dos “prédios brancos” era dele) e ela nem vestibular tinha feito, isso poderia ser uma bela história de amor lá dos tempos da ditadura. Apesar dele ter contado tudo isso antes de começarem, não deu: foi algo além dos limites do bom senso. 

Claro que ela parou de frequentar o grupo (ganhou alguns apelidos invejosos e impublicáveis); a chave do apartamento ficava com ela que transferiu parte de suas coisas para lá, onde aproveitava a tranquilidade e o barulho das ondas para estudar (isso quando ele não estava). Passou mais um verão, um inverno e, na primavera, ele sumiu (ditadura militar era foda coisa complicada). Ela ficou preocupada e depois muito triste. 

Para animar, suas amigas do condomínio fizeram o convite e ela "topou" passar o Natal por lá. Seria uma grande festa com chegada de Papai Noel de helicóptero e tudo o mais. Levou sua irmã e sua sobrinha e quando o bom velhinho saiu da aeronave e a viu, ele riu. Ela não entendeu, as crianças o cercaram, ele novamente olhou pra ela e apontou na direção do piloto. Aí que ela entendeu que seu presente não estava no sacolão vermelho e sim no veículo que o trouxe. Era Fábio, fazendo uma grande surpresa. 
E eles se casaram e foram felizes para sempre.  


Bom Dia! Eu sou o Narrador.
N.N. Isso é um conto de ficção e qualquer semelhança com pessoas presentes ou ausentes é mera coincidência. Se bem que se algum leitor conhecer uma história real parecida eu bem que gostaria de saber!

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