sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Coisas do Carnaval

Existe um movimento migratório bem típico nessa época do ano. As pessoas saem de suas cidades em busca de outras, onde exista música e a animação carnavalesca tradicional. Aqueles que as recebem também esperam a data, para rever amigos e relembrar os bons momentos, dos outros carnavais, criando novas situações. Tirando a parte dos intermináveis engarrafamentos nas diversas pontes ou serras, a falta d'água eventual nas praias e a ressaca inevitável, é uma época bem divertida para quem se arrisca na aventura. 

Ela fora do grupo que recebia as pessoas em sua cidade, mas agora também era visitante; aproveitava o Carnaval daquele ano para comemorar seu aniversário de 16 anos, embalada nas marchinhas animadas daquele tempo. 

Ele sempre foi veranista, mesmo que também frequentasse a cidade nas férias de julho e alguns feriados. Aquele Carnaval talvez fosse seu último naquela cidade, ao menos como folião típico, já que a faculdade tomava boa parte do seu tempo. 

Desde muito menina, ela literalmente “babava” por ele. Muito magrela e pirralha, já o conhecia, pois ele teve um namorico com sua irmã e sempre foi muito simpático com a cunhadinha (isso sempre poderia ajudar em algum momento). Decidida a não ser “igual aquele que passou”, nesse ano ela resolveu:”Ele não escapa!” 

Enquanto isso, ainda na ilusão de que “cachaça é água”, o “esquenta” com os amigos foi num churrasco com muita bebida e ele já chegou no baile “animadão”, atravessando o salão, como se fosse o próprio deserto do Saara (que calor!), na direção do banheiro. Lavou o rosto, olhou no espelho e saiu para se juntar aos mais de mil palhaços no salão (ele parecia um deles). 

Lá pelas tantas, cansado de tanto pular e decidido a dar uma descansadinha, um braço rodeou sua cintura e ele nem acreditou no que viu: a pirralha crescera e estava linda, num short branco, camiseta vermelha e um permanente nos cabelos castanho-claros. Nem deu tempo para entender nada direito e já estavam aos beijos no meio do salão: ela conseguira seu intento. 

Mais de trinta anos depois, eles ainda falam sobre isso às vezes. São amigos, mas já foram namorados, amantes e moraram juntos durante um tempo. Casaram com outras pessoas, tiveram filhos, separaram e agora vivem, cada um, em cidades muito distantes. 

Coisas do Carnaval.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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