terça-feira, 19 de março de 2013

A Lenda do Gigante

Durante nossa vida, em diversos momentos, modificamos alguns hábitos ou radicalizamos nossas atitudes. Mudar de cidade, coisa bem comum, é uma decisão radical, pois tudo será muito diferente. É um renascimento e você vira Fênix (ϕοῖνιξ), deixando para trás algumas lembranças. 

O tempo da montanha deixou saudade e “saudade é um elogio ao passado”; uma experiência totalmente diferente, novo trabalho, nova moradia, voltar a andar de bicicleta, novos amigos, o frio típico da serra e a chuva constante (daí o apelido “Chuvópolis). Lá eu tinha a “janela lateral do quarto de dormir”, onde eu apreciava a paisagem e controlava o nível do rio, para saber o que esperar quando saísse de casa. 

Era bem simples: eu sabia onde era o leito do rio e quando suas águas fossem visíveis, era sinal que um barco seria melhor que um automóvel. A coisa era tão violenta que, num dia, somente nublado, onde eu tranquilamente almoçava num shopping, o segurança veio falar comigo para pedir que eu tirasse o carro do estacionamento que, provavelmente, seria inundado em poucos minutos, pois estava chovendo em algum lugar, o rio enchia rapidamente e poderia “botar pra fora” a qualquer momento. Deixei a sobremesa para outro dia e sai correndo pra casa. Noutra ocasião, fiquei “preso” em casa por dois dias, até que a lama fosse retirada da estrada (sorte que era Carnaval e eu tinha feito compras de supermercado antes) 

Bom, para o texto não ficar cansativo, não vou escrever a receita do miojo e sim, em prosa, algo que escrevi sobre a montanha, depois de um passeio que começou em Nova Friburgo, passando por Teresópolis e terminando, em casa, em Petrópolis, alguns dias antes de ficar ilhado. 

Naquele tempo... alguns contos de fada começam assim... 
… os gigantes povoavam a Terra e eram bem diferentes de alguns que vemos por ai. Eram criaturas dóceis e muito habilidosas. Um deles, cujo nome não me lembro, amava Teresa e, para ela, construiu um lindo jardim, moldando terra e pedras como pequenas montanhas (no seu ponto de vista). Colocou pequenas árvores e muitas flores (Teresa gostava de flores). No dia que considerou o trabalho pronto, ele chamou sua pretendida, mas ela desdenhou, foi embora e nunca mais apareceu. O gigante, então, sofrido da solidão que sentia, começou a chorar e suas lágrimas encheram os caminhos entre as montanhas, que viraram rios eternizando a beleza de sua obra. 

Um dia os gigantes se foram e pequeninos seres passaram a habitar o local. Mal sabia ele que tais homenzinhos tirariam as flores e plantariam casas; mal sabiam tais homens que as flores e as árvores deveriam ficar, pois elas segurariam as águas, que hoje buscam de volta a beleza da criação. 

Saudades do tempo que o gigante viraria o sol e, lá da minha janela lateral, como assim foi um dia, o arco-íris surgiria no céu mais uma vez. 

  
Boa Noite! Eu sou o Narrador. 

N.N. Fotos tiradas em 2004 em Itaipava – Petrópolis (lá da janela...).

2 comentários:

  1. Podia colocar uma receita de bolinho de chuva.

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  2. Curti a história e a nostalgia do passado, mas a vida continua e sempre se pode fazer novas escolhas, até escolhas de voltar ao que aconteceu de melhor no passado (serrano?), quem sabe? Tudo é possível...

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