domingo, 13 de março de 2016

O Pedal do Porco

Lá nos “antigamentes”, quando a gente ia na praia da Barra catar conchinha e procurar tatuís, a alimentação ficava por conta do biscoito Globo e do cachorro-quente do Geneal; para beber, o Mate Leão. Tínhamos também a opção de subir até a estrada e fazer o lanche num trailer, desses de acampamento, adaptado para fazer e vender comida. Com o tempo, surgiu a vigilância sanitária, a situação mudou um pouco e os trailers desapareceram, dando lugar a quiosques; as outras comidas e bebidas ainda existem mas são vendidas de forma mais asséptica (o que não garante grandes coisas na praia). 

Eu não sei direito como é que eu entro nessas “roubadas”, mas acabo me divertindo muito, de um jeito ou de outro. A ideia hoje não era seguir nenhuma manifestação contra a corrupção e nem a favor do “impeachment” e sim participar de um cicloturismo a partir da 1ª Fenasui – Festa Nacional do Suíno. O passeio ciclístico fazia parte das atividades da festa, era algo leve, só quarenta quilômetros (acho que viraram cinquenta, mas deixa estar), pessoal muito bacana, outro dia andei vinte e cinco quilômetros com eles, tinha carro de apoio (sem GPS ou mapa) com água, bananas, barrinhas de cereal... enfim... eu fui! Comecei a preparar a situação desde ontem, porque eu tenho um transbike que estava meio encostado e aí tive que fazer uma limpeza e reparos (funcionou bem) e já deixei a bicicleta montada nele para não perder tempo de manhã. Torcendo para não cruzar com a Polícia Rodoviária (transbike atrapalha a visão da placa traseira), fui um dos primeiros a chegar no Parque de Exposições Ouro Verde. Turma reunida, um tempo depois saímos no passeio. 

O grande detalhe é que o naipe da tropa era infinitamente superior ao meu e eu fiquei para trás nos primeiros minutos. Muitas subidas, descidas boas daquelas que o santo ajuda, mas não necessariamente segura na hora de uma queda (a prudência também diminui a velocidade). A coisa começou a ficar divertida quando as encruzilhadas chegaram e, por não saber a direção correta, aguardava o carro de apoio. Como ele não tinha GPS, mapa, cão farejador ou alguma coisa do gênero, por duas vezes entramos na quebrada errada e ganhei alguns quilômetros a mais de passeio. 

Poucos acidentes e sem vítimas: uma corrente quebrada, outra emperrada, um pneu furado e uma transmissão avariada (bike também tem dessas coisas); minha velha Calói “analógica” e de “linha discada” conseguiu comportar-se bem e voltar pra casa ilesa, mas a providência divina fez com que seu dono sofresse uma câimbra leve que foi o suficiente para jogar a toalha aos trinta e quatro quilômetros do pedal. E aí que a diversão aumentou! Explico: o carro de apoio, dirigido pelo casal patrocinador e muito simpático, errou o caminho diversas vezes e aí imaginamos eu, o atrasado, subindo e descendo as trilhas equivocadas... foi ou não foi providência divina a tal da contusão? Claro que isso gerou inúmeras gargalhadas e divertimento certo! 

A cultura dos trailers de praia não morreu: substituídos por quiosques, ressuscitaram, como Fênix, ganharam nova roupagem e agora são chamados de “food trucks”. Na festa do porco, evidentemente, a gastronomia ficou por conta da carne dos suínos, para desespero do Porco Espírito, mas não resisti e encarei um "sanduba gourmet” num desses veículos estilizados para a prática da “gordice” e que tinha a cara da Peppa Pig (era rosa e feio). Uma “marravilha”, como diria o Claude Troigros. 

Fim de festa, vamos pra casa: estou comendo até agora! O desgaste calórico é impressionante, mas foi um dia ótimo, cheio de boas recordações. E você? Foi lá na manifestação?  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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