"Vocês vieram aqui, hoje, na esperança de entrar no jogo. Há 1 mês estavam na faculdade de medicina tendo aula com médicos. Hoje vocês são os médicos. Os sete anos como residentes de cirurgia serão os melhores e os piores de suas vidas: vão ser testados até o limite. Olhem ao redor... cumprimentem os adversários... oito de vocês vão mudar para uma especialização mais fácil... cinco não vão aguentar a pressão... dois serão convidados a se retirar... como vão jogar é com vocês. Dr. Richard Webber. Grey's Anatomy. T1 E1"
É indiscutível que existe um problema sério na formação médica atual que vai do objetivo de ser médico à qualidade do recém formado. Tive um problema sério com médicos de um renomado hospital do Rio de Janeiro, de rede privada, por conta de um pós operatório desastroso de meu pai e com uma sequencia de erros básicos e inimagináveis num hospital de tal porte. Como que os médicos, que atenderam meu pai, erraram tanto?
Talvez (e provavelmente) o problema venha da formação. No meu tempo, tínhamos muitas oportunidades de treinamento oficial.
A primeira delas era numa maternidade semi pública, onde você poderia fazer um curso (muito bom por sinal) e, se fosse de seu interesse, poderia fazer um concurso (muito concorrido também) para três anos de estágio - não remunerado - em obstetrícia. Começava no quarto ano e ia até a formatura.
No final do quarto ano, você também poderia fazer uma prova para habilitação para fazer um curso de terapia intensiva e, se você quisesse, uma outra prova para estagiário não remunerado no Centro de Terapia Intensiva da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.
No final do quinto ano, havia a "prova da SUSEME" (acho que existe até hoje), onde você poderia ser habilitado para ser acadêmico bolsista dos hospitais municipais e estaduais d o estado.
Fora isso, ainda tinham os plantões extra oficiais que você poderia arrumar com alguns amigos e conhecidos.
Ou seja: dava para aprender um monte de coisa além do que era ensinado na faculdade.
Aí começaram os problemas...
O meu ano, como acadêmico bolsista, foi o último ano onde os bolsistas puderam sair de ambulância para atendimento domiciliar. No geral eram coisas simples como dores de cabeça, dores abdominais simples e nossa orientação era resolver ou levar para o hospital. O diretor do Hospital falou que seria a última chance que teríamos de realizar um atendimento, sozinhos, com todo um hospital de retaguarda para ajudar em caso de necessidade. Eu achava ótimo e aprendi muito com isso. No ano seguinte tudo isso terminou porque algumas entidades estudantis acharam que o acadêmico teria que ter um seguro de vida para sair de ambulância. Como o seguro não rolou, nunca mais eles saíram. Depois surgiram os bombeiros, SAMU e agora a coisa funciona (funciona?) com essas organizações.
Pois é...
Outro dia eu vi um vídeo falando de assédio moral aos médicos residentes, com estatísticas de desastres secundários ao fato que vão da depressão ao suicídio.
O problema é assédio?
Existem regras para tirar dúvidas e encontrei-as no site do CREMESP
Resumidamente ...
" Algumas diferenças entre hierarquia e assédio no trabalho médico
Hierarquia
Exigir que o residente cumpra horário determinado em contrato.
Delegar tarefas e orientar o serviço.
Tratar com respeito todos os profissionais.
Apontar eventuais problemas e sugerir correções.
Reforçar e exigir que se cumpram as resoluções da Comissão de Residência Médica (Coreme) e Código de Ética Médica.
Assédio
Forçar o residente a trabalhar 80h, quando seu contrato prevê 60h.
Não supervisionar as atividades ou não orientar os residentes adequadamente.
Desrespeitar as resoluções do Conselho e solicitar que sejam seguidas condutas não éticas.
Atribuir erros imaginários ou fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto, principalmente em público.
Ignorar as resoluções do Conselho e solicitar que sejam seguidas condutas não éticas."
Bom dia! Eu sou o Narrador!
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