domingo, 4 de novembro de 2012

"And the world will live as one"

“Este é o samba do crioulo doido. A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento e só fez samba sobre a história do Brasil. E tome de inconfidência, abolição, proclamação, Chica da Silva, e o coitado do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola. Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura. Aí o crioulo endoidou de vez e saiu este samba...” (O Samba do Crioulo Doido - Sérgio Porto – 1968). 

Final de ano entra em cena a turma que faz concursos para colégios e faculdades. Hora de mudança e progressão e isso é bem vindo sempre. Particularmente detesto concursos e provas, mas já passei por isso e, eventualmente, ainda tenho que prestar algum por ai. Fora um pesadelo que me acompanha há tempos, de uma prova de química que, naturalmente, não estudei e me fudi não sabia responder as questões (só pesadelo mesmo). 

Pra quem não estuda muito, um bom momento da prova seria a redação. Basta saber escrever uma ideia baseada num tema proposto lá na hora. Bem legal né? No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é assim e hoje rolou um tema muito interessante, Sérgio Porto usaria na descrição do seu sambinha: “Movimento imigratório para o Brasil no século 21”. Isso dá samba-enredo não é mesmo? 

Para fazer a redação, como diria o Arnaldo, “a regra é clara”: tem que “demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita; compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo; selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação; elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.”(Fonte:Inep/MEC).

Epa! A coisa não é tão simples assim, mas tem a ver com imigração (???). Senão vejamos: Quando você muda de país, tem que conhecer o idioma, os hábitos da população, deve possuir uma meta clara, arrumar um passaporte e um visto, enfim, uma série de coisas, afinal tudo tem regra, até mesmo mudar de estado, considerando o Brasil como um país de dimensões continentais. 

Nisso a redação ficou simples, pois muita gente passa por isso e aí é moleza arrumar a cabeça e escrever direito. Na migração interna, alguns cuidados extras substituem o passaporte e o visto. O dialeto local é importantíssimo, para você não ser surpreendido, ao entrar num supermercado, e ninguém saber o que você quer dizer quando pergunta onde ficam as latas de salsicha e os pacotes de biscoito cream-cracker. Vale lembrar também que seu tão suado registro profissional só é válido no seu estado (da federação) de origem, que o reconhecimento da sua firma (assinatura) também não possui mais valor a menos que você pague mais caro por algo chamado de “sinal público”; e ainda tem o (con)fuso horário que pode ser diferente num mesmo país, e as provas realizadas ao mesmo tempo, não necessariamente te deixarão almoçar. Enfim... transformar tudo isso em samba é muito mais interessante. 

E se doido (vem de louco, maluco) é o jeito de escrever, vou abusar de toda sandice por aqui, já que o blog é meu. Alguns erros de português certamente vão acontecer só que vou evitar algumas coisinhas que leio por ai, como ANCIOSO, não colocar o “H” em “a muito tempo atrás”, trocar “mais” por “mas”, errar a concordância verbal na frase “assinarão o meu baixo assinado” (assassinaram a frase do “abaixo-assinado”); ou então achar “desepicionante certas pesoas”, quando, então, a “conversa se DESENRROLOU” e outras “pesoas ficarão amesando” e, no final, o bandido levou um tiro na “aquicila”. Foda! 

Não! Definitivamente fazer uma redação não é uma tarefa fácil. Tem que haver base, leitura e educação. Educação também falta para que as pessoas se organizem e tenham conhecimento do próprio ser. Dessa forma ninguém pariria, sem saber que estava grávida, na hora da prova; ou chegaria atrasado no concurso mais importante do ano, porque alguém ficou vendo TV. 

Pois é! Pérolas do ENEM. Ainda tem muita coisa nos jornais, é só acompanhar. Para ilustrar, deixo a brilhante e “roubada” tirinha do “Porco Espírito”(clique para ampliar).
 

Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Um comentário:

  1. Vc viu? Teve uma garota que foi fazer ENEM, mas fez foi um NENEM!

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