sexta-feira, 10 de maio de 2013

Leva casaco!

Com a transformação dos personagens dos contos de fada em pessoas do cotidiano, as antigas histórias infantis ganharam um formato bem interessante em diversas séries televisivas e até nos desenhos animados (“Deu a louca na Chapeuzinho” é o máximo). Na série Grimm, que atualmente passa no Universal Channel, eu não gostei da versão do conto “Os Três Porquinhos”. Os bichos eram muito feios, bem diferentes da versão Disney. De qualquer forma, a ideia do porquinho “Prático” (construiu uma casa de tijolos, ao invés de palha ou madeira, como seus irmãos) sugere uma estratégia de marketing para detonar, de vez, as construções diferentes daquelas de alvenaria. A partir daí, antigas casas, praticamente artesanais, de madeira, foram substituídas pelas de tijolo e cimento, que logo deram espaço aos prédios (prédio de palha ou madeira não daria muito certo). 

Morar numa casa traz uma série de experiências interessantes e quem sempre morou em prédios jamais poderia imaginar que essas coisas existiriam. Se deseja aventura de verdade, tente morar num local frio, numa casa mista, onde parte é madeira (algumas paredes e o forro, logo abaixo das telhas, onde deveria haver uma laje) e parte é alvenaria. O “puxadinho” coberto por telhas de amianto dá o toque final, mas se fosse palha ninguém notaria a diferença. 

Das coisas que aprendi, o primeiro passo foi saber que jardim tem que ter jardineiro ou tempo, para você mesmo cuidar. A grama cresce rápido e o mato vem junto, mas você pode plantar rosas, já sabendo que nem sempre vão “pegar” na sua primeira tentativa; outra coisa é que o vento levanta as telhas, numa tempestade, e acordar de madrugada com os lençóis molhados, nessa situação, não quer dizer que você está incontinente ou que a senilidade chegou de vez. 

Morar numa casa pode trazer “sustos”, como naquele momento que o sujeito da companhia de água informa que o consumo está cem vezes maior do que o habitual e que há um vazamento em algum lugar da casa, invariavelmente embaixo dela (na sua casa o síndico a enlouquecer é você e o prejuízo não é dividido por todos); num prédio os animais de estimação são restringidos, enquanto numa casa você convive com os sapos que comem as aranhas que dão cabo de outros insetos e que se escondem nos sapatos. Se o quintal for grande e próximo a rios, teremos as cobras também que adoram comer os sapos (já fiz um texto sobre isso – clique aqui para ler). A grande pedida é que você pode ter um fogão a lenha ou uma lareira, facilitando a vida do Papai Noel, já que a chaminé é indispensável. Só que aprender a acender e evitar a fumaceira dentro de casa também é uma arte, além de conhecer o mercado da lenha, cujo entregador escolhe justo o dia de chuva para chegar na sua casa com o metro comprado (aprender a secar lenha faz parte da faina). 

Poderia citar outras situações comparáveis, mas a grande aventura é no frio mesmo, onde casas mistas possuem frestas e aí haja lenha para aquecer o ambiente (sai mais barato do que a conta de luz se você usar aquecedor). 

Os amantes da vida aventuresca ou rural, a essa altura do texto, já desistiram da leitura. Morar numa casa é uma coisa bem legal, mas você tem que estar preparado para isso. Andam dizendo que “importarão”, contra todas as leis escritas e do bom senso, vários médicos para nosso país, que provavelmente conhecerão tal situação. Além do absurdo da medida, não vão durar nem uma semana quando em lugares frios ou em locais de muito calor. Pensa que é moleza? 

Independente de todo o relato, foi um momento de aprendizado e isso sempre é muito bom. Estamos começando o período de frio (dura uns nove meses), as geadas já acontecem (falei delas num conto bem legal de 2011 que você pode conferir clicando aqui) e isso lembra o conselho da minha mãe e que deu origem ao título. Nessas ocasiões, o céu não tinha qualquer nuvem, mas ela sempre recomendava e ai de você que não levasse o tal do casaco (eventualmente o tal do guarda-chuva também) porque ficaria com frio e, eventualmente, encharcado, em algum momento do dia. 

Finalizando (ufa!), para quem mora num prédio, uma coisa não acontece: o belo visual da geada, enquanto o seu carro descongela pela manhã (se for movido a etanol, nem tente ligar que não vai pegar). Faz frio, mas a beleza é incrível. Acorde cedo, pegue seu casaco e não perca a oportunidade. 


 

 Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

2 comentários:

  1. Ai, ai... para de me assustar!!! As aranhas e sapos já são nossos hóspedes(junto com alguns escorpiões também), a lareira está aqui: linda e limpa, por enquanto (o aquecedor está aguentando o tranco),a grama (junto com o mato,rs) cresce absurdamente , mas o Luiz quer ser o jardineiro, então deixa por conta dele até quando ele achar divertido, mas o frio ainda não veio!!! Bem, seguindo seu conselho (de sempre), o casaco ( e o guarda-chuva) fica(m) no carro!!

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