domingo, 9 de fevereiro de 2014

O Circo Está Armado

- Ei pai! Tem alguém batendo na porta da oficina! 

Arioswaldo Astrogildo de Lima Correa da Silva Santos Moreira, mais conhecido por “Zé da Moto”, era um sujeito “boa praça” e um excelente mecânico. Casado, há trinta anos, com Maria do Rosário, com quem teve seis filhos. Para o parágrafo não ficar enorme, cinco casaram e somente o mais novo, de oito anos, é que morava com o casal. 

- Pai! Anda logo! 

Enquanto ele foi abrir a porta, dona Rosa (era assim que a chamavam), levantou e preparou o café, espalhando o aroma por toda a casa até a oficina. 

- Olá! Desculpe incomodar logo cedo, ainda mais no domingo, mas sou do circo e faço parte da equipe do Globo da Morte. Minha moto está engasgando e isso é muito perigoso no meu trabalho. 

A bela moça, de longos cabelos loiros e brilhantes olhos azuis, revelados quando tirou o capacete, parecia muito preocupada só que bem menos que o Zé. Eu explico: dona Rosa era muito atenciosa, logo apareceria com duas xícaras de café, veria a moça e explodiria em ciúmes. Para evitar situações desastrosas, ele emprestou uma moto da oficina e combinou de levar a dela até o circo, pouco antes do inicio do espetáculo. Trato feito, ela foi embora e ele foi para cozinha. 

- O que era, Zé? 
- Um “pessoal” do circo com uma moto com problemas. Vou consertar e levar até lá mais tarde. 

Ele ficou o dia todo no conserto, mas resolveu. Dona Rosa foi para a igreja e ele foi entregar a moto. Chegando no circo, todo o grupo agradeceu e ele foi convidado a assistir. Pensou em recusar, mas eles insistiram tanto que ele não resistiu. Ficou encantado com tudo: equilibristas que tiravam gritinhos da plateia adolescente, malabaristas habilidosos que nunca erravam e os palhaços que divertiam a garotada de olhinhos brilhantes (desde que não chegassem muito perto). O momento final foi a apresentação do grupo de motociclistas que encerrou com muitos aplausos, agradecendo os préstimos do Zé que, convidado ao picadeiro, foi homenageado e ainda levou um beijinho, no rosto, da moça motoqueira. 

Tudo correria bem se o filho menor não tivesse a brilhante ideia de fuçar o Youtube, encontrasse o vídeo da apresentação (digo, os vídeos, postados diretamente dos diversos smartphones dos presentes na plateia) e mostrasse pra dona Rosa. 

- Ei mãe! Olha aqui o pai na Internet! 

Resumo da ópera (Ué? Mas não era circo?): dona Rosa bufou, pegou o rolo de macarrão, armou um barraco (Ué? Mas não era circo?) e ficou esperando o pobre do Zé voltar. Enxotado para a oficina, por lá passou um mês até que ela se acalmasse. 

E foi aí que o "Zé da Moto" descobriu o por quê do nome “Globo da Morte”! 

  
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário