sábado, 8 de fevereiro de 2014

Let it Be

Outro dia apareceu um trecho da crônica “Uma Vida Interessante”, de Martha Medeiros, do livro “Doidas e Santas” (L&PM Editores - 2008) : "Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Sentem-se em casa em qualquer lugar. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor e compram passagens só de ida..." 

Achei o texto a minha cara e comentei isso com quem me mostrou. Deixo a dica, mas vamos ao texto de hoje. Será que vai ser interessante também? 

Quando pequenos e até o final da adolescência, criamos a ilusão que as amizades durarão para sempre, da mesma forma que eram. Algumas realmente duram, mas chega um momento que cada um trilha seu caminho. Com eles não foi diferente: ambos fizeram faculdade (por definição, ao menos que seja a mesma faculdade, já começa a complicação), arrumaram namoros firmes (aí complicou de vez), formaram família, passaram em concursos, tiveram bons empregos e a privacidade adolescente foi trocada por encontros sociais cada vez mais raros. Tinham semelhanças: mesmo signo, ambos sonhadores, mas ele abraçou essa causa muito mais do que ela, que preferiu a segurança, de uma vida feliz, às aventuras do mundo do sonhos. 

O tempo passou, ele separou, mudou de cidade algumas vezes, faliu algumas outras vezes e ela acompanhou todo esse movimento, algo inconformada com o que considerava um desastre, caso acontecesse com ela. Ele, por sua vez, achava que a vida dela é que era um desastre, já que sua opção também era bem esquisita (mas ele respeitava isso). Diversas vezes tentaram manter contato via Internet, mas isso também não deu muito certo, pois o pouco acesso às redes sociais, mensageiros instantâneos e e-mails, também fazia parte do que ela considerava adequado à sua opção.

Com tanta complicação, ele resolveu ficar quieto. Responderia a qualquer forma de mensagem que ela enviasse, mas não esperaria tréplica e nem insistiria em novos contatos. Para não deixar "passar em branco" e algo inconformado também, resolveu escrever uma carta (daquelas que a gente nunca manda) e anexar algo muito legal que ele encontrou num Tumblr: “ Ei você, liberte-se das amarras, livre-se do que te prende, saia da rotina, pule as horas marcadas, revire o guarda-roupa, ame-se diante do espelho, curta-se na cama, ande de pijama pela rua, saía de lenço na cabeça, apenas faça, JUST DO IT! Faça aquilo que você realmente quer, esqueça-se do que os outros irão pensar de você, os outros não importam o que realmente importa é estar realizado, extasiado, relaxado, amado. Faça o que realmente der da telha! Arrependa-se, erre, faça de novo, chore, pule, grite! Viva intensamente, intensamente feliz ou intensamente triste, intensamente chato ou intensamente fraco, intensamente você!”  


 Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N.: O texto do Tumblr é da Ariely (agradeço a permissão do uso). Clique aqui para conhecer.

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