sábado, 2 de abril de 2016

Cápsula do Tempo

Quando estive em Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, a cidade funcionou como pouso para visitas a outras cidades, mas fizemos um pequeno City Tour e conhecemos um santuário religioso. Estávamos cansados, o dia estava muito quente e a visita foi rápida até porque ameaçava chover. O local era bastante interessante, recomendo, mas foi lá que eu vi uma placa indicando o que seria uma “cápsula do tempo”. O assunto passou “batido” e tentei encontrar alguma coisa na Internet, mas não consegui e a imagem ficou somente na lembrança. 

Cápsulas do tempo são aquelas coisas que contém outras várias coisas de uma determinada época, cujo objetivo é ajudar aos E.T.s que pesquisarão o planeta após a hecatombe nuclear ou a colisão com o cometa ou o governo do... ops... aqui não tem política (ao menos dessa forma). Enfim: depois da destruição do planeta! No geral essas cápsulas não possuem valor tão significativo quanto as pirâmides ou as ruínas de Pompeia, mas existem várias espalhadas pelo mundo. 

Há algum tempo eu recebi um presente da amiga mais antiga que foi o livro que terminei de ler semana passada: “Os quatro amores” de C.S.Lewis. Opa! Reconhece o nome? Sim! Ele mesmo! O criador de Nárnia e suas crônicas; aquele que tomava cerveja com o Tolkien que criou a Terra Média. Que emoção! Esses sujeitos foram o máximo porque seu poder de criação vai muito além da imaginação. O mais interessante é que além do sucesso com a literatura infantojuvenil, Lewis também era filósofo, professor universitário e escreveu outros livros, onde a sua religiosidade era mais evidente e “Os quatro qmores” é um deles. Lançado em 1960, não é um livro para discutir conteúdo, pois é bastante filosófico e um pouco complexo para aqueles que somente “devoram” os livros sem perceber as entrelinhas. 

Minha querida amiga “resenhou” o livro da seguinte maneira: “ Amor necessidade, amor doação, amor afetivo por tudo que é nos é caro e familiar, amor erótico, amor amizade, amor parental, amor a Deus e amor de Deus - o maior de todos, o mais perfeito, o mais confiável, o único infalível. O autor aponta as belezas e as limitações de todos os tipos de amor para demonstrar a superioridade do amor divino. [...] como diz C.S. Lewis ao falar do amor necessidade X amor doação, Lewis se pergunta qual seria o mais elevado e conclui que amar por precisar do outro não é necessariamente um amor menor do que o amor doação, porque implica na humildade de se aceitar incompleto, carente e humildemente necessitado de outros eus, e, completa o autor, não precisar de nada nem de ninguém seria apenas o equivalente do máximo de individualismo e onipotência e não de altruísmo ou de abnegação ou de não "usar" ninguém em benefício próprio só para suprir carências ou por acomodação. Então, todas as formas de amor tem sua razão de ser e sua beleza. Amar a natureza, os animais de estimação - ele fala de tudo isso - é importante, mas não é suficiente. E se a vida só nos frustra e magoa, não desistamos do amor!"

Legal, né? Da mesma forma que uma cápsula do tempo, os livros nos remetem ao momento em que foram escritos. É importante lembrar que “Os quatro amores” foi lançado numa época que as mulheres ainda não tinham queimados os sutiãs e os animais domésticos não frequentavam pet shops; alguns trechos podem causar alguma estranheza sem prejudicar o contexto geral da obra (tem que ler sem ativismo); outra coisa importante é que a tradução deixa um pouco a desejar (lembrar que vem do inglês europeu e não do inglês americano). 

Três irmãs brincavam num jardim da montanha do Mago... 
A mais velha, Deborah (a abelha), cuidava das menores 
Ana (a Bia) e Adrielle (a Dri)... 
Elas faziam formas na areia, cobrindo com pétalas de rosa... 

O Mago aproximou-se... 
As mãozinhas ágeis das menores (Bia devia ter uns 8 anos e Dri uns 4) 
Criavam triângulos entre triângulos e formavam estrelas de um raro brilho 
Que a mais velha elevou-as a flocos de neve (ela tinha um grande e misterioso poder..). 

- Ah! - disse o Mago – Fractais! 
As pequenas riram e explicaram em uníssono: 
- Amor, velho Mago! 
- Incondicional! - retrucou a mais velha. 

Ele sentou e começou a observar. 
Formas semelhantes e de complexidade infinita eram criadas, 
Iluminando os sonhos que não seriam vistos 
Ou as flores, esquecidas, dos caminhos percorridos.

Perguntou quem eram. 
"- Somos o que nunca aconteceu... 
O que foi amado e que nunca pediu o amor... 
O que amou, infinitamente, no universo da imaginação."  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

Um comentário:

  1. AMOR - palavra tão desgastada, sentimento tão banalizado e "atitude" tão rara nos tempos atuais e, possivelmente, rara em quaisquer dos tempos vividos e por viver. Mas os corações humanos que definham carentes de dar e, principalmente, de receber afeto nunca deixaram de ansiar pelo "amor INCONDICIONAL". É este o nosso "segredo" compartilhado e mudo! Mas se queremos mais do que amor humano - arrebatador, pungente, redentor, mas imperfeito e incerto -, há que se buscar também as respostas espirituais e divinas. Porque a vida, por si só, "não é justa e não acontece como a gente merece!" "A vida devora!" "As pessoas também não acontecem na nossa vida como a gente precisa ou merece, mas sim, do jeito que elas podem." Então, qual é o jeito de ser feliz? Quem sou eu pra responder isto??? Muita pretensão, é claro, mas se eu só tivesse direito a um palpite, eu insistiria e diria: AMAR! Se tivesse direito a mais um palpite ainda, eu ousaria dizer (como um certo São Francisco): "é dando, que se recebe" e "é perdoando que se é perdoado." Puxa, como é difícil!!! Que bom que há amigos queridos compartilhando a jornada e, acredite, esta é, com certeza, uma das formas de amor de que nos fala C.S. Lewis!

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